Livro: Krugman et al. - Economia Internacional (2015) - Capítulo 13
Livro: Krugman et al. - Economia Internacional (2015)
Pgs. 266-289
"CAPÍTULO 13: "Contabilidade de renda nacional e a balança de pagamentos"
230 - Faz parte da Parte III do Livro. Taxas de câmbio e macroeconomia da economia aberta. Começa meio que com uma revisão rápida do básico de macro.
231 - O saldo de conta-corrente compõe a última parte do PIB/PNB: a quantia de exportações líquidas de mercadorias e serviços para o exterior. (...) Além das exportações líquidas de mercadorias e serviços, o saldo da conta‑corrente inclui transferências unilaterais líquidas de renda.
232 - Para calcular a renda nacional em um dado período, devemos, portanto, subtrair do PNB a depreciação do capital sobre o período. O PNB menos a depreciação é chamado de produto interno líquido (PIL).
233 - Renda e produto são iguais, "pero no mucho": A renda de um país pode incluir presentes de residentes de países estrangeiros, chamados transferências unilaterais. (...) A renda nacional é igual ao PNB menos a depreciação mais as transferências unilaterais líquidas. (...) para o propósito deste texto, normalmente utilizaremos os termos PNB e renda nacional intercambiavelmente, enfatizando a dis‑ tinção entre os dois somente quando essencial.
234 - PIB x PNB: Presume‑se que o PIB mede o volume da produção dentro da fronteira do país, enquanto o PNB é igual ao PIB mais as receitas líquidas do fator de renda do resto do mundo. (...) os lucros de uma fábrica espanhola com donos britânicos são contados no PIB da Espanha, mas são parte do PNB britânico.
235 - Embora até citem o maior uso do PIB, preferem PNB (acompanharia melhor o bem-estar interno). Para a grande maioria dos países, não é muito diferente.
236 - Veremos que nas economias abertas, poupança e investimento não são necessariamente iguais como são na economia fechada. Isso ocorre porque os países podem poupar na forma de riqueza exterior ao exportar mais do que importam e podem despoupar — isto é, reduzir a riqueza exterior — exportando menos do que importam.
237 - PIB e compras do governo: Os pagamentos de transferência do governo, como o seguro social e os benefícios de desemprego, não requerem que o recebedor dê ao governo nenhuma mercadoria ou ser‑ viço em troca. Portanto, os pagamentos de transferências não estão inclusos nas compras de governo.
238 - Em uma economia fechada, qualquer mercadoria ou serviço final que não é comprado pelas famílias ou pelo governo deve ser utilizado pelas empresas para produzir fábricas novas, equipamentos e estoques. Se as mercadorias de consumo não são vendidas imediatamente para os consumidores ou para o governo, as empresas (talvez de forma relutante) adicionam‑nas ao estoque existente, e dessa forma aumentam seu investimento.
239 - Déficit em conta corrente pode ensejar assunção de empréstimos/endividamento caso o país não tenha riqueza externa líquida previamente acumulada/reservas. Os empréstimos internacionais foram identificados como comércio intertemporal no Capítulo 6.
240 - Como se pode ver, os Estados Unidos acumularam uma riqueza externa substancial no começo da década de 1980, quando um déficit em conta‑corrente contínuo de proporções nunca vistas surgiu no século XX. Em 1987, o país tornou‑se um devedor líquido ao exterior pela primeira vez desde a Primeira Guerra Mundial. Esse débito exterior continuou a crescer e no começo de 2013 estava em torno de 25% do PNB.
241 - S = I? Uma economia aberta pode poupar tanto construindo seu estoque de capital ou adquirindo riqueza externa, mas uma economia fechada pode poupar somente ao aumentar suas ações de capital. Outra consequência: dá pra aumentar o investimento sem poupar mais. Basta consumir poupança externa e construir algo, por exemplo. Depois paga com os rendimentos futuros. Comércio intertemporal.
242 - Poupança privada é a renda menos impostos líquidos que não foi consumida (por decisão dos indivíduos e empresas). Os impostos líquidos são os impostos menos as transferências de pagamentos do governo.
243 - A Equação (13.2) então afirma que a poupança privada de um país pode tomar três formas: investimento em capital nacional (I), compras de riqueza do exterior (CA) e compras do débito recém‑obtido do governo nacional (G − T).
244 - Há um box curioso mostrando que a soma dos saldos correntes de todos os países não dá soma zero. Não se sabe bem a razão do erro, às vezes pra cima, outras pra baixo. Sobre e subestimação ocorrem. O mistério continua sendo mistério. Em 2012, ele valia 336 bilhões de dólares, próximo de 0,5% da produção mundial.
245 - Balanço de pagamentos: a coisa tem que dar zero. Toda transação internacional entra automaticamente no balanço de pagamentos duas vezes, uma vez como crédito e uma vez como débito. Dá vários exemplos lá. ...Quando você paga por sua comida no exterior com seu cartão de crédito, está vendendo um ativo para a França e gerando um crédito de US$ 200 na conta financeira norte‑americana.
246 - Quando banqueiros dos EUA perdoam uma dívida de algum país pobre irrelevante, por exemplo, conta como "aquisição negativa de ativo". Seca o crédito que havia na "conta financeira"...
247 - ...Como qualquer transação internacional origina automaticamente entradas de crédito e débito compensadores no balanço dos pagamentos, a soma do saldo da conta‑corrente e do saldo da conta de capital igualam‑se espontaneamente ao saldo da conta financeira: conta‑corrente + conta de capital = conta financeira.
248 - Na discussão da relação entre PNB e renda nacional, definimos transferências unilaterais entre países como presentes internacionais, isto é, pagamentos que não correspondem à compra de nenhuma mercadoria, serviço ou ativo. As transferências unilaterais líquidas são consideradas parte da conta‑corrente e da renda nacional e a identidade Y = C + I + G + CA mantém‑se exata se Y é interpretado como PNB mais transferências líquidas. Em 2012, o balanço norte‑americano das transferências unilaterais foi −129,7 bilhões de dólares.
249 - Contas externas dos EUA em 2012. As transações que envolvem mercadorias e serviços apare‑ cem na conta‑corrente do balanço de pagamentos, enquanto as vendas e compras internacionais de ativos aparecem na conta financeira:
250 - ...Ou sejam EUA tomaram cerca de 433,4 bilhões de dólares emprestados do exterior. O líquido da conta de capital (o 4 ali em cima) só rendeu 7 bilhões e o déficit era 430,4 bi. A conta de capital registra principalmente transferências de ativos não mercantis e tende a ser pequena para os Estados Unidos.
251 - Explicam os erros e omissões. Coisas técnicas de contabilização mesmo.
252 - Quando um banco central compra ou vende ativos estrangeiros, a transação aparece na conta financeira de seu país como se a mesma transação tivesse sido feita por um cidadão privado.
253 - ...Uma transação na qual o Banco Central do Japão (o Banco do Japão) adquire ativos em dólar pode ocorrer como segue: uma concessionária norte‑americana importa um carro sedan da marca Nissan, do Japão, e paga a empresa de automóveis com um cheque de US$ 20.000. A Nissan não quer investir o dinheiro em ativos de dólar, mas acontece que o Banco do Japão está disposto a dar para a Nissan dinheiro japonês em troca do cheque de US$ 20.000. Como resultado do negócio, as reservas internacionais do Banco do Japão aumentam em US$ 20.000. Como as reservas de dólar do Banco do Japão são parte do total dos ativos japoneses mantidos nos Estados Unidos, este último aumenta em US$ 20.000. Essa transação, portanto, resulta em um crédito de US$ 20.000 na conta financeira norte‑americana, o outro lado do débito de US$ 20.000 na conta‑corrente norte‑americana por causa da importação do carro.
254 - Essas transações envolvendo reservas e dívidas são o item "ativos de reserva oficial" do balanço de pagamentos - mais especificamente, da conta financeira - do ponto mais acima (249)
255 - ...Ao que entendi, alguns chamam de "balanço de pagamentos" só essa parte do saldo líquido entre ativos de reserva oficial. No caso dos EUA 2012, por exemplo, prejuízo de 389 bilhões mais ou menos. Pois bem, é um significado diferente pro termo aqui. Um balanço de pagamentos negativo (um déficit) pode sinalizar uma crise, pois significa que o país está diminuindo seus ativos de reserva internacional ou sujeitando‑se a dívidas com autoridades monetárias estrangeiras.
256 - A valorização ou desvalorização dos ativos e moedas no mercado financeiro também vai mudando bastante a riqueza externa líquida de um país em poder de compra real.
257 - Em box, os autores lembram que os EUA - empresas e tal - possuem uma quantidade gigantesca de ativos no exterior, que, por sinal, podem se valorizar. Assim sendo, o passivo líquido dos EUA costuma crescer, no mínimo, à taxa menor que o bruto. Ao que entendi, representa (2012) apenas 25% do PIB. Enfim, graças aos "ativos exteriores de propriedade dos Estados Unidos", que representaram cerca de 21,6 trilhões de dólares. Como os "ativos de propriedade de estrangeiros nos Estados Unidos" somaram 25,5 trilhões de dólares, permanece o saldo negativo visto na Figura 13.2 do ponto 240 mais acima. Isso tudo aí é um resumo do quadro detalhado, que na verdade é uma complicação:
258 - Apreciações e desvalorizações cambiais vão mexer muito no saldo líquido da riqueza externa. Governo pode até tentar manipulação cambial para melhorar sua situação devedora, depreciando a moeda e tal. Porém, isso acaba influenciando os demais agentes, que podem deduzir a demanda pelo ativo nacionais atuais, fazendo retornar o problema de outra forma.
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