Livro: Fabio Giambiagi... - Desenvolvimento Econômico... (2013) - Capítulo 12
Livro: Fabio Giambiagi, Veloso, Pedro Cavalcanti and Pessoa - Desenvolvimento Econômico, Uma Perspectiva Brasileira (2013)
Pgs. 338-372
"CAPÍTULO 12: "PADRÕES DE CRESCIMENTO INDUSTRIAL NO BRASIL"
326 - Texto de Regis Bonelli, Samuel Pessôa e Silvia Matos.
327 - Colocam que a queda da participação da indústria no PIB dos países tem a ver com a própria produtividade industrial (reduz os preços) e o avanço do setor em alguns países bem relevantes/competitivos (como a China e a Índia).
328 - No interior dos serviços, também se observam mudanças ao longo do processo de desenvolvimento, com a expansão acelerada dos serviços modernos, caracterizados por elevada elasticidade-renda, em contraposição à queda relativa dos serviços tradicionais.
329 - Citam conclusão de estudo que afirmou indústria hipertrofiada no Brasil dos anos oitenta para sua renda per capita, demografia e nível tecnológico.
330 - Produzir tudo? A questão da diversificação industrial: ...as forças da diversificação são mais comumente encontradas nos países em desenvolvimento, ao passo que as forças no sentido de aumento da concentração da produção e emprego são mais frequentes em países desenvolvidos. Os autores mostram empiricamente que esse é exatamente o caso: a diversificação setorial avança em dois estágios, com aumento da diversificação seguido de aumento da concentração segundo uma curva com forma de U para a concentração. Isso vale também para a produção manufatureira. O ponto de mínima concentração ocorre bem tarde no processo de desenvolvimento, quando a renda per capita atinge cerca de US$8-10 mil.
331 - Uma visão de longo prazo da mudança na estrutura setorial do crescimento brasileiro é mostrada no Gráfico 12.1, onde calculamos as participações dos três macrossetores no PIB de 1900 aos dias de hoje em preços constantes ("As porcentagens no gráfico estão baseadas nas participações do valor adicionado vigentes em 1954, aproximadamente no meio do período 1900-2010. Deve ficar claro que, se outro ano tivesse sido escolhido, as participações teriam sido distintas das do gráfico, mas o formato geral seria o mesmo. Note-se que, nesse gráfico, a indústria inclui também as extrativas, de construção e os serviços industriais de utilidade pública, além da produção de manufaturas").
332 - ...Subsetores, agora, por algum motivo, a preços correntes:
333 - ...Mais subsetores:
334 - ...Tradicionais: Esse grupo inclui também as indústrias de madeira, mobiliário, couros e peles, produtos farmacêuticos, de perfumaria e higiene, matérias plásticas, bebidas, fumo, editorial e gráfica, e diversas. ("Embora possa incluir, e inclua, empresas modernas e de tecnologia de ponta. A classificação, simples, distingue principalmente o fato de os produtos finais serem para consumo corrente, com poucas exceções (madeira, mobiliário, couros e peles), e reflete principalmente o grau de antiguidade das atividades incluídas no grupo.")
335 - ...O grupo das indústrias dinâmicas A inclui, essencialmente, os gêneros produtores de bens intermediários. Metalurgia, química, petróleo e derivados, extrativista...
336 - ...O grupo das indústrias dinâmicas B inclui os gêneros produtores de bens de capital – caso típico da indústria mecânica – e de consumo durável (elétrico-eletrônico domésticos, automóveis, informática).
337 - O gráfico de participação da indústria no PIB tem de ser corrigido por erros metodológicos mesmo. Há "quedas falsas" em anos de mudança de metodologia do PIB. ("De fato, é impossível “explicar” uma perda de pouco mais de 8% em um único ano, como 1995, sabendo-se que a indústria de transformação (VA a preços básicos) cresceu aproximadamente o mesmo que o PIB, mas que os preços relativos foram desfavoráveis à indústria.")
338 - ...Gráfico corrigido: De fato, em 1985 chega-se a uma participação de 24%, em vez dos 36% anteriores. É uma redução substancial.
339 - No que diz respeito aos anos 90: Parte da perda de peso da indústria na economia pode ser devida, portanto, aos efeitos das mudanças nos preços relativos. Se os preços da indústria crescem menos do que o nível geral, isso pode resultar em perda de participação, mas implica ganho de competitividade. (Ok, mas há queda aos preços constantes também).
340 - A galera que era da URSS: Em 1970, o grau médio de industrialização da Europa Central era de 27%. Em 2010 chegou a 16%.
341 - ...O uso da base de dados desta seção mostra, a propósito, que a indústria perdeu peso no PIB holandês muito rapidamente entre 1974 (22%) e 1981-1983 (16%), mas, a partir daí, recuperou-se até o fim dos anos 1980 (18%) para novamente perder peso até 2010 (12%), resultado não muito diferente da média da OCDE. Obviamente, como esses dados não incluem a extração de minerais (gás natural), pode-se adiantar que o alcance da doença holandesa na Holanda atualmente é menos grave do que se poderia imaginar.
342 - ...O terceiro grupo em importância relativa da indústria no começo dos anos 1970 é o da América Latina (30 países), onde o grau de industrialização relativamente elevado (22%) incluía os recordes da República Dominicana (36%) e da Argentina (35%). Na média, foi de 22% a 15% em 2010.
343 - ...Industrialização na Ásia. Dados com e sem a China ("Na Ásia, definitivamente, não há desindustrialização, mas o aumento de participação da indústria deve-se, como vimos, ao aumento na China" - isso só de 1988 em diante, eu diria):
344 - ...África: Nele encontramos desde países com grau de industrialização relativamente elevado em 1970 (Moçambique, 22%; África do Sul, 21%; Zimbábue, 20%; Egito, 19%) até países com menos de 2% de grau de industrialização, como a Líbia.
345 - ...Como seria de se esperar, parte da perda de peso da indústria, quando medida a preços correntes, como nesta seção, se deveu às reduções de preços relativos no longo prazo. Essas reduções são atribuídas aos ganhos de produtividade na atividade industrial, superiores aos dos demais setores.
346 - É natural associarmos a indústria a atividades com rendimentos crescentes de escala, e, portanto, economias com populações maiores devem apresentar, tudo o mais constante, maiores valores para a participação da indústria no produto. (Pergunto-me se concentração e especialização não teriam eliminado essa tendência especialmente nos países de alta renda per capita).
347 - O fator "densidade populacional": ...é considerada porque, em geral, países muito ricos em recursos naturais apresentam menos indústrias. Por se especializarem na produção e exportação de bens agrícolas e, portanto, importarem parte dos bens manufaturados consumidos internamente, acabam por apresentar menores valores para a participação da indústria no produto. Assim, espera-se que economias com muita densidade populacional, como é o caso de diversos países asiáticos, apresentem, tudo o mais constante, maiores valores para a participação da indústria no produto. (Meu porém é que podem existir países pouco densos e não tão ricos assim em recursos naturais...)
348 - Renda per capital é outro fator: Quando tiramos uma fotografia de diversas economias em um ponto do tempo, esperamos que, tudo o mais constante, a participação da indústria cresça com o produto per capita e que, a partir de certo nível de renda per capita, a participação se reduza.
349 - Incluíram poupança e câmbio real. Aqui, ao que entendi, "há menos evidência, mas há"?
350 - Período 2001-2007: com exceção da taxa de câmbio real, todas as demais variáveis apresentaram elevados níveis de significância. Inclusive o câmbio valorizado se deu melhor no período. Nos outros, também "não brilha": ...a significância estatística da variável câmbio real é bem menor do que a das demais, sendo que em alguns períodos ela não é significativa para níveis de confiança aceitáveis (1982-1987, 1988-1993 e 1994-2000).
351 - ...Outra conclusão: (...) maiores taxas de poupança aumentam o peso da indústria no PIB – e o exemplo dos países asiáticos vem imediatamente à mente. (...) Cada 10 pontos percentuais (p.p.) do PIB de poupança a mais estão associados a três p.p. adicionais de participação da indústria. Geralmente são economias muito baseadas em exportações para crescer. Como os serviços em geral não são passíveis de ser exportados, o excedente exportável de economias de poupança elevada será na forma de bens industriais. Isto é, economias altamente poupadoras apresentam baixa participação dos serviços no produto e, consequentemente, elevada participação da indústria.
352 - ...Finalmente, dado o componente parabólico, o valor máximo para a participação da indústria no produto ocorre para o PIB per capita de 4.857 dólares a preços correntes. (Nessa época, acho que o PIB per capita do Brasil era uns 7000 ou 8000, no valor do dólar da época). (...) Dois fatos emergem da comparação dos resultados para os períodos mais antigos com os resultados para o período 2001-2007. Primeiro, a taxa de câmbio real, especialmente a taxa de poupança, perde significância à medida que caminhamos na direção do passado. Segundo, há uma tendência para que, com a passagem do tempo, diminua o nível da renda per capita que maximiza a participação da indústria. Isso fornece uma indicação de que a transição para uma economia de serviços tem ocorrido cada vez mais cedo. A redução do produto per capita associado à máxima participação da indústria reflete, provavelmente, progresso técnico mais intenso na indústria do que no setor de serviços, de sorte que, ao longo do tempo, para uma mesma participação da indústria no produto corresponde maior quantidade de bens manufaturados produzidos.
353 - Segundo os estudos econométricos do texto, o Brasil saiu de uma situação de suposto "excesso de indústria" para suas características (chamou-se de "doença soviética" isso e me pergunto o quanto essa conclusão não está errada, já que se usou preços correntes e aparentemente não houve correção metodológica) para uma de déficit de indústria (ainda que supostamente "leve", ao menos em Lula II, já que de lá pra cá até piorou). Enfim, a tabela mostra desindustrialização (a discussão é em que nível):
354 - ...Por fim, observaram, quais países estavam bem acima ou abaixo da industrialização sugerida pelo modelo. Um grupo de "desindustrializados" e outro de "excessiva": O primeiro grupo inclui nove países (...): Barein, Botsuana, Grécia, Índia, Jamaica, Panamá, Papua-Nova Guiné, Sudão e Uganda. O segundo também inclui nove países, mas é bem mais diversificado em termos dos níveis de desenvolvimento dos componentes: Costa Rica, República Dominicana, Finlândia, Indonésia, Irlanda, Malásia, Romênia, Suazilândia e Tailândia.
355 - ...Ainda sobre isso, ao fim do capítulo, há anexo com os dados de cada país. Nível esperado da indústria no PIB pelo modelo econométrico bolado e a participação efetiva.
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