Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto" - Capítulo 10

                                                                                              

Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto"



Pgs. 487-502


"CAPÍTULO 10: "O "resto" ascenderá mais uma vez"


293 - A industrialização envolve passar de um conjunto de distorções relacionado às rigidezes do subdesenvolvimento e da produção de artigos primários a um outro conjunto de distorções baseado no conhecimento. Empresas com conhecimento exclusivo, custos de produção mínimos, ganhando poder de mercado. Assim, o desenvolvimento não se trata apenas de custos de transação mínimos gerado por uma muito segura garantia aos direitos de propriedade, como quer North.


294 - Coloca que, no "resto", as empresas de grande porte foram necessárias. Não havia as pequenas inovadoras. Em geral, eram ineficientes. Cita exceções, especialmente na indústria de Taiwan, país, porém, que não dispensou toda uma intervenção do Estado nesse processo, chegando a notáveis 50% de toda a formação bruta de capital fixo. Parques científicos estatais e inúmeras empresas desse tipo. 


295 - Especula um importante papel para a poupança no que diz respeito à efetividade das políticas de industrialização. O crescimento mais lento da Índia em comparação com a China, entre 1980 e 1990, pode decorrer do fato de que o índice de poupança indiano era de apenas quase metade do chinês. Já as conclusões de Amsden sobre câmbio eu achei mal explicadas. 


296 - Um concorrente externo com "ativos exclusivos baseados no conhecimento" podem ter custos unitários menores mesmo utilizado salários maiores! Logo, a concorrência é "desigual", digamos. Baixar salários pode nem ser suficiente (ou sequer o melhor caminho, por tirar o foco da necessidade de elevação da produtividade por algum meio). Em outras palavras, o conhecimento não é perfeito.


297 - Afirma que a Argentina não acertou nem errou os mecanismos para evitar falhas de governo em suas políticas. Pior que isso, não teria sequer desenvolvido qualquer mecanismo de controle que pudesse ser realmente avaliado. Não teve, por exemplo, algo do porte de um BNDES ou Nafinsa. Apenas um banco peronista corrupto nos anos quarenta, coloca Amsden. Não havia uma burocracia responsável pela promoção industrial como em outros países. Até a Tailândia tinha conseguido fazer isso. P&D argentino era ridículo (desperdiçando a boa escolaridade da população) e muitas empresas não haviam, em pleno 1990, profissionalizado suas administrações. Fábricas com uma escala mínima eficiente eram poucas e difusas. Desigualdade alta, especialmente no campo, e suas "quase-rendas" tornavam alto o custo-oportunidade das manufaturas.


298 - Faz uma comparação entre Estratégias de Chile e Taiwan. Na partida, em 1973, eram dois países pequenos com agricultura próspera. O Chile com renda per capita até uns 33% maior. Pareceu fazer sentido, ao Chile, a estratégia de reprimarização (chama de incentivar a "agricultura gourmet", agroindústria, e a mineração), já que esses produtos foram um sucesso no passado. Coloca, entretanto, que Taiwan foi no caminho inverso. Chegou a 1995 tendo as manufaturas como 93% de suas exportações (14% nas do Chile). E a renda per capita? A do Chile já era apenas dois terços da de Taiwan. O jogo virou completamente. No Século XIX, alto desempenho em produtos primários garantia crescimento a par com o das economias baseadas em manufaturas. Já no Século XX...


299 - Exportações, P&D e ativos baseados em conhecimento parecem ser uma espécie de trinca do Século XXI. Há de se aproveitar inclusive certa flexibilidade que a OMC permite (ou permitia, se o livro estiver desatualizado... Não sei)


300 - Ao fim do livro, cita dez países do "resquício" (nível abaixo do "resto") com muito bom crescimento do PIB manufatureiro entre 1950-1995 (médias entre 4,9 e 7,9, caso, esse último, do Egito): Egito, Tunísia, Paquistão, Filipinas, Nigéria, Venezuela, Colômbia, Equador, Quênia e Honduras.


301 - Por fim, Amsden coloca que apesar de chamar a estratégia "asiática" de "independente", deve-se reconhecer que todos os países do "resto" ficaram mais globais, como sugerido pela crescente participação das joint ventures no investimento estrangeiro.


302 - ...Quanto aos integracionistas, coloca que o sucesso da estratégia acaba dependendo do nível das capacidades locais. Se o desnível é muito alto, não tem como haver o transbordamento tecnológico esperado com o investimento estrangeiro. Independentes apostariam em "acertar" as instituições e desenvolver habilidades, enquanto que os integracionistas (América Latina) teriam preferido "acertar" os preços e comprar habilidades. 



FIM


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