Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto" - Capítulo 7 (PARTE "B")


Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto"



Pgs. ...314-334


"CAPÍTULO 7: "Segregação seletiva"


(...) 


196 - Chile concentrava praticamente tudo - exportações - em quatro setores: silvicultura, mineração, pesca e hortifrutigranjeiros. A propriedade das minas continuava pública, mas concessionárias traziam melhorias tecnológicas. Investimentos de longo prazo foram patrocinados na agroindústria, antes mesmo da ditadura de Pinochet. 


197 - A Indonésia, em duas décadas (anos 80 e 90) tomou conta das exportações de madeira compensada. Padrão de desempenho foi imposto pelo governo indonésio às concessionárias florestais. Ademais, o governo meio que fez as exportadoras se comportarem como cartel, isso a fim de impedir a concorrência interna no que tange à exportação, o que derrubaria o preço do produto no mercado externo.


198 - Receita japonesa também foi seguida pela China: proteção à indústria infante com tarifas altas visando a substituição de importações; incentivos fiscais na promoção das exportações; metas; crédito barato e acesso prioritário a matéria-prima e energia de baixo custo para exportadoras. O acesso à terra se dava a preços desprezíveis, por exemplo. Empresas estatais lideraram o crescimento das exportações provinciais (83% delas). Também havia a seleção de indústrias específicas para a exportação, com a consequente diminuição de todo tipo de barreira - crédito etc. Por fim, cita as zonas de processamento de exportações com infraestrutura subsidiada. Importações livres de impostos em troca do compromisso de exportarem 100% da produção ou algo do tipo. Eram 124 zonas em 1996.


199 - Os EUA do Século XIX eram ainda mais subexportadores. Em 1883, respondiam por apenas 3,4% do comércio mundial total. O setor agrícola predominava nas exportações. Mesmo com uma inovadora indústria têxtil, produziam mais para o mercado interno.


200 - Sobre os grandes países latinos, Amsden assevera que os EUA não eram um modelo perfeitamente copiável - como o Japão era para a Ásia. Longe disso. Eram muitas as dificuldades do contexto. A proteção do mercado nacional tinha que ser feita sem a maestria tecnológica americana (e seu forte capital humano); sem um setor de ponta que gerasse empregos; sem um número reduzido de produtos manufaturados para exportação a ser escolhido; sem a vantagem do "primeiro lance" na exploração de matéria-prima não reprodutível e sem um efeito demonstrativo de como promover as exportações (pois os EUA não precisaram fazer muito isso, salvo os ganhos da diplomacia no setor militar, que implicar exportação de aeronaves e coisas do tipo).


201 - Brasil imitou o protecionismo das altas tarifas dos EUA (maiores que as europeias até o fim da II Guerra), digamos assim. E continuou aumentando quando eles baixaram a guarda (pós-guerra). O Brasil optava ainda por desvalorizações do cruzeiro quando necessário. Amsden avalia que o "Befiex" teve efeitos positivos a partir do momento que os exportadores brasileiros iam sentindo que o apoio do governo não cessaria de uma hora pra outra. As exportações, nos anos oitenta, serviam, então, diz, como um respiro para a estagnação do mercado interno na época.


202 - ...A Argentina era quem mais chegava perto das altas tarifas dos EUA no início do Século XX ao que entendi. 


203 - A promoção dos EUA às exportações meio que eram assistência técnica e gastos militares. Teve, desde início, uma pauta meio heterogênea, difícil de copiar (o caminho da industrialização vencedora e tal...). 


204 - Quanto à Europa, coloca que tinha muito comércio interno. Do Século XIX ao XX. Os outros continentes seguiram a tendência deles. América Latina ainda bem longe dos 67 a 80% da Europa. Cerca de 25%. Exceção é o México, voltado para os EUA. Já a Ásia conseguiu aumentar o comércio interno pra uns 40%.


205 - Livre comércio? Diz que apenas Suíça e Hong Kong usaram tal estratégia. Sem tarifas ou promoção de exportações. Coloca que ambos tinham mercado interno muito pequeno, logo, abraçar o livre-comércio parecia mais atraente. 


206 - ...Suíça possuiu, desde "sempre", notável capital humano, tendo a mais grau de alfabetização notavelmente alto mesmo em relação ao resto da Europa. Cita Bodmer, gênio mecânico suíço que dava livre acesso aos compatriotas às suas invenções.


207 - ...Apesar de ser atrelada ao livre-comércio, Amsden ressalta que a Suíça tinha cerca de 500 cartéis operando em 1939. 


208 - Coloca que Hong Kong tinha basicamente a mesma estratégia e especialidades suíças. Mas os ativos baseados no conhecimento de Hong Kong não eram nem de longe tão ricos como os da Suíça, particularmente em suas capacidades de engenharia. No final do Século XX, quando os fabricantes de Hong Kong já não podiam concorrer com base nos salários baixos, Hong Kong quase se desindustrializou. Passou a prosperar como uma economia de serviços - finanças, turismo, comércio... - graças à sua experiência em tal e excelente localização.


209 - Em Hong Kong, a terra era escassa e estatal. O Estado arrendava e auferia receita pública para construir infraestrutura competitiva. Não tinha déficits orçamentários reais. Moradias dos trabalhadores eram subsidiadas 50% pelo Estado.


210 - ...Em 1975, mais da metade das exportações de HK ainda eram produtos têxteis. A ilha teve a "vantagem do primeiro lance" em indumentária e preferência da Commonwealth. Isso entre os países em desenvolvimento.


211 - Na conclusão do capítulo, constata essa regra/tática geral: os superlucros do mercado interno protegido ajudavam a financiar o aprendizado e ganhos de escala necessários para exportar.


212 - O modelo europeu, de especializações sofisticadas altamente especializadas, era possivelmente o mais difícil de reproduzir.

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