Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto" - Capítulo 7 (PARTE "A")

                                                                                            

Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto"



Pgs. 286-313...


"CAPÍTULO 7: "Segregação seletiva"


180 - Meio que todos começaram pela substituição de importações. O que diferia entre os países era quão vigorosa e rapidamente os artigos exportáveis eram extraídos de um número sequencialmente crescente de setores de substituição de importações.


181 - Mesmo na Argentina - pior desempenho - houve crescimento - de 7,5% - das exportações entre 1950 e 1995. Grande parte do "resto" cresceu na casa dos dois dígitos. Só Coréia e Taiwan acima de 20%.


182 - Exportações no PIB. Em países como Brasil e Índia meio que nunca passaram de um dígito. Já em Taiwan, alcançaram 50% e na Malásia 80%! Coloca que além de significar abertura à concorrência internacional, também ajuda a gerar empregos e superar recessões no mercado interno. (Por sinal, pesquisei aqui que o Brasil e a Malásia estavam praticamente empatados, em 10k dólares, por PPP no PIB per capita em 1990, mas, desde então, a Malásia foi para 26k e o Brasil para 14k. Óbvio que não quero dizer que seja a abertura, mas vale a pesquisa)


183 - ...Interessante que Argentina e Brasil tinham índice de "exportações no PIB" entre duas (Brasil) a quatro (Argentina) vezes maior em 1910 que nos períodos do desenvolvimentismo. Países grandes, em geral (tipo os EUA), dificilmente passaram de uns 15% em qualquer período. Mesmo o Japão fica por aí. Exceção é a China dos anos noventa em diante.


184 - Outra relação é que, quanto maior a densidade populacional (o que pressionaria os salários para baixo em razão de "pouco recurso"), maior a parcela das exportações. Testes estatísticos concluem que quase 60% da variabilidade nas parcelas da exportação entre economias ... pode ser atribuída a características estruturais involuntárias. Explicam bem mais até do que taxa de investimento e taxa de câmbio.


185 - ...Considerando o valor esperado pelas regressões, os subexportadores foram Brasil, Índia e, especialmente, Argentina e Turquia. Os super? Chile, Indonésia, Taiwan e Tailândia.


186 - Sobre a Argentina, coloca que, a partir de 1956, começou a tentar mecanismos de promoção das exportações, seguindo conselho de Raul Prebisch. E os incentivos até resultaram em crescimento das exportações não-tradicionais, impulsionado pela recém-formada aliança pelo livre comércio na América Latina (Alalc).


187 - ...O porquê do mau desempenho argentino então? Credita a falta de esforços do governo para criar indústrias dinâmicas condizentes com os altos salários - para época - argentinos. Indústrias intensivas em capital e geração de habilidades necessárias para conduzi-las.


188 - Coloca que o comércio "intra-asiático" sempre foi forte. Cresceu mais rápido que o comércio da Ásia com o resto do mundo. Antes mesmo da II Guerra, Coréia e Taiwan já eram grandes exportadores. Amsden afirma que todo o Leste Asiático já indicava no sentido da exportação de manufaturas antes mesmo da guerra. Já os países latinos tinham pouca experiência em exportar manufaturas. Em 1937, eram menos que 2% das exportações deles (na Ásia já era 27% do total exportado, por mais que boa parte fosse de alimentos processados).


189 - Amsden coloca que, primeiramente no Japão e depois no Brasil dos anos sessenta em diante, a fase de substituição das importações acabava por dar o aprendizado necessário à "missão exportadora", digamos assim. Geralmente eram os mesmo setores que passavam pelas duas coisas. México, Chile e Coréia foram outros exemplos disso aí. Vai trazendo inúmeras evidências disso em vários países durante as próximas páginas. Estatísticas, o grupo Acer no Japão...


190 - Em 1984, a indústria pesada coreana voltou a ser o setor líder. "...não há distinção clara entre a fase de substituição de importações e a fase de promoção de exportações". Mesmo nos anos 70 o protecionismo, necessário ou não, ainda era intenso.


191 - Japão pós-Meiji: entrava-se nos mercados de exportação já no inicio da evolução de uma indústria; usavam um setor líder em massa-volume... e cultivavam indústrias de substituição de importações com altas relações produção-exportação. Enfim, havia concentração em poucos produtos "ponta de lança", digamos assim.


192 - ...Coloca que o Japão (pré-II Guerra) mantinha taxas de câmbio subvalorizadas e tarifas moderadas para a época. China e Tailândia eram "mães" em termos de tarifas. Bem baixas.


193 - ..Não detalha muito, mas o governo japonês da época teria, especialmente nos anos 1920 e 1930, atuado na promoção de exportações, inclusive com controle de qualidade, fábricas "modelo" e garantias governamentais para penetração em novos mercados (inclusive a infame "Esfera da Co-Prosperidade..." do pré-guerra). Após a II Guerra, exportar se tornou um compromisso ainda mais sério para o Japão, promoção, porém, sempre vinculada à ideia de substituição de importações. Benefícios fiscais generosos e metas de exportação foram adotadas. Mais tarde, Coréia e China (anos 80) criariam instituições do mesmo tipo.


194 - ...O Japão exportava significativamente mais para o Sul e países em desenvolvimento, proporcionalmente falando, que os EUA.


195 - Os "superexportadores" - imagino que esteja falando de Taiwan e Coréia... Malásia também? - foram mais longe que o Japão em associar o direito de importar ou vender internamente à obrigação de exportar. No resto, meio que emularam a receita japonesa.


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