Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto" - Capítulo 6 (PARTE "B")

                                                                                           

Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto"


(...) 


Pgs. 252-285


"CAPÍTULO 6: "Acelerando"


154 - A indústria automobilística coreana não exportou durante aproximadamente vinte anos depois que começou a montar caminhões e carros. Houve toda a criação de um ambiente antes pelo governo.


155 - Coloca que os projetos do BNDES exigiam dívida-capital menor que 60%. Endividamento baixo se comparado aos padrões do Leste Asiático.


156 - ...Engenheiros, maquinários e matéria-prima locais eram incentivados sempre que possível. Cotas de compras locais eram explícitas em alguns contratos. Havia preocupação de reduzir as importações. Também havia exigências quanto à gestão. Empresas familiares deveriam contratar para os altos cargos, por exemplo. A propriedade da empresa não deveria mudar durante o empréstimo. Havia controles até mesmo sobre a escolha de tecnologia. Alguns contratos previam serviços sociais aos trabalhadores e construção de porto em região atrasada. Preocupações/cláusulas ambientais também eram comuns. 


157 - ...Vai citando contratos. Empréstimos a uma fabricante líder de bens de capital em 1983-86 exigiram redução de custos operacionais e relocação de certas capacidades de produção para melhorar produtividade e o financeiro. Exigiu-se, ainda, um sistema de informação moderno.


158 - ...Contratação de consultores para analisar a administração também era exigência em alguns casos. Ele deveria até mesmo moldar planos detalhados de reorganização. Noutro contrato, exigiu-se a contratação de um "diretor financeiro". 


159 - ...Houve caso em que o BNDES aprovaria ou não o nome de perito técnico contratado para cargo da alta administração.


160 - O BDC (BNDES coreano) limitava-se a 65% do custo total de um projeto. Máximo de compartilhamento de custos.


161 - A Índia colocava um diretor no Conselho para ir monitorando e obtendo informações facilmente. 


162 - (Ao que entendi, na Malásia e Tailândia os bancos tiveram mais dificuldades, mas achei a explicação meio confusa ou superficial)


163 - Traz elogios ao BNDES pelo "senso de missão" do seu corpo técnico. Já o banco da Argentina era uma desgraça. Corrupção comia solta. Dá a entender que não houve política desenvolvimentista por lá.


164 - Coloca que as três grandes metas políticas dos bancos de desenvolvimento eram: expansão das exportações; o conteúdo local e a estabilidade de preços. 


165 - A Ásia, em 1996, tinha 225 zonas de processamento de exportações - locais em que não há imposto para adquirir insumo importado desde que toda a produção seja exportada - "contra" apenas 41 zonas da América Latina. (Se a Ásia tinha 5,5x mais gente que a América Latina já não sei e não analisaram).


166 - Ao que parece, a Coréia do Sul foi destaque na ênfase das "metas de exportação". Quanto mais uma empresa exportava, mais provável seria que recebesse empréstimos baratos em longo prazo (bem como proteção tarifária para suas vendas no mercado interno). Se uma empresa tinha mau desempenho, ela deixava de ser subsidiada, o que ocorreu com frequência. Havia concorrência entre os grandes grupos empresariais coreanos. O governo não subsidiava empresa que queria ficar confortável com seus grandes lucros no mercado interno protegido.


167 - Coréia e Taiwan foram os únicos a apresentar crescimento médio das exportações de mais de 20% entre 1950-95 (China 12, México e alguns tigres 13, Brasil 10, Chile 9, Índia 8, Japão 16, Itália 13 e EUA 10%). Taiwan também atrelou subsídios às exportações. Durante 1977 a 1984, os recém-ingressos deveriam exportar ao menos 50% de sua produção.


168 - Coloca que os outros países do resto, em algum grau, também tentaram mecanismos apontando para a estratégia exportadora. A meu ver, Amsden deixa, porém, essa comparação solta, sem mensurações claras. Qual, afinal, o diferencial? Só para alguns países - Índia e Turquia, por exemplo -, ela detalhou problemas de "desenho". 


169 - Quanto a "conteúdo local", a indústria automobilística era a mais controlada. Fornecedores internos seriam beneficiados. Amsden afirma que essas políticas podem ter colaborado no surgimento de empresas de pequeno e médio porte eficiente e tecnologicamente avançadas. Porém, afirma que são necessários mais estudos para confirmar a hipótese. 


170 - Sobre os controles de preço, crê que nada têm a ver com industrialização (mas com estabilidade e paz social), tendo, assim, resultados aleatórios. Congelamentos de preços para conter a inflação do México entre 1957 e 1974 levaram, por exemplo, a "dificuldades financeiras que impediram sua modernização e expansão". Na Índia houve problema semelhante, embora por um mecanismo mais indireto. Brasil também tinha suas formas de controle, mas me pareceram menos rígidas.


171 - Na Coréia, também havia controles, como, por exemplo, para o preço do aço. Até 1987, o governo coreano inspecionava os preços de até 110 mercadorias para coibir a inflação.


172 - Algumas coisas ficam meio mal explicadas, mas, de toda forma, transcrevo: Na Índia, os controles de preço prejudicaram a indústria do aço, mas ajudaram a indústria farmacêutica. Alguns tipos de exportadoras /inovadoras eram autorizadas a "sair do controle de preços", digamos assim, e, com isso, criava-se, meio que sem querer, um incentivo. Por isso é que Amsden julga que "ajudou", ao que entendi. 


173 - Coréia no início das montadoras próprias: compensava os prejuízos das exportações com preços mais altos internamente. A redução de preços viria com o passar do tempo, o que, ao que entendi, induzia a uma corrida pela produtividade. Em Taiwan, a importação de carro era autorizada se o preço interno excedesse 15% o preço do mercado internacional. A ideia era empurrar os produtores internos "rumo à administração e produção eficientes".


174 - A Índia teve segundo pior desempenho manufatureiro entre os países do "resto" analisados. Além do controle de preços, tentou fazer política de industrialização distribucional, desincentivando grandes empresas e priorizando a pequena escala a fim de gerar empregos. Havia até cotas para pequena empresa em alguns ramos. Fábricas e equipamentos obsoletos e indústrias perdendo terreno na competição mundial foram o resultado. Enfim, Amsden coloca que distribuição de renda por meio de política industrial acaba não trazendo qualquer das duas metas.


175 - A estratégia industrial de Taiwan ... predicava-se em empresas estatais "a montante" produzindo insumos intermediários para exportadores privados de pequena escala "a jusante"


176 - Constata bons desempenhos das políticas de industrialização. A estrutura industrial foi ficando cada vez mais parecida com a dos países do Atlântico Norte e as manufaturas passaram a ocupar mais da metade das exportações em boa parte dos países, inclusive no Brasil da época. 


177 - ...Produtos químicos e maquinário passaram a ter porcentagem relevante na estrutura industrial de quase todos os países analisados. Tudo isso após um século sem conseguir se industrializar.


178 - ...Padrões técnicos transformaram a empresa familiar profissionalizando suas principais funções administrativas, como sugerido no caso do Brasil. Amsden elogia, ainda, as políticas de conteúdo local. 


179 - Sobre o fraco desempenho da Argentina e Índia, afirma que a primeira jamais desenvolveu as instituições da industrialização tardia e a segunda "as desenvolveu em excesso". Seria muito intervencionismo, digamos assim.


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