Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto" - Capítulo 6 (PARTE "A")

                                                                                           

Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto"



II - Avançando furtivamente, a partir de aproximadamente 1950


Pgs. 225-251...


"CAPÍTULO 6: "Acelerando"


135 - Bancos de desenvolvimento: Amsden coloca que o Atlântico Norte teve fontes de financiamento no pós-guerra (Plano Marshall como exemplo), mas que o "Resto" não teve a mesma sorte. Os lucros dos tempos de guerra geraram divisas, mas uma vez que estas foram consumidas com importações nos anos seguintes, só restou a saída de criar bancos de desenvolvimento. Surgiam, por exemplo, projetos de infraestrutura pública. Como resultado disso, dessa demanda por insumos, indústrias locais se desenvolviam.


136 - Coloca que, no "resto", o investimento estrangeiro nunca foi vultoso, exceto em alguns períodos no Brasil e Malásia (em razão de matérias-primas raras por lá). Quem impulsionou mesmo as taxas de investimento foram os estados desenvolvimentistas. Investimento público na formação de capital, afirma. Nos países avançados, só a Alemanha teve alguns períodos semelhantes (por volta de 30% do investimento em alguns momentos do Século XIX). EUA tinha parcela estatal média de 16% ao que entendi. Reino Unido chegou a 28% no "topo". 


137 - ...Países do "resto" chegavam a ter metade ou mais de crédito público como parcela. Cita exemplos de Chile e Coréia nos anos sessenta. Percentuais elevados até mesmo na Coréia dos anos oitenta.


138 - No Brasil, o BNDE(S) deu algum apoio a praticamente todas as iniciativas. O crédito de longo prazo vinha todo daí praticamente. Coloca que a Indonésia passou por contexto parecido.


139 - Em outros países do "resto" sem banco de desenvolvimento de destaque, havia mobilização de crédito privado para indústrias escolhidas (pelo governo ao que entendi). Amsden chamou de "banco de desenvolvimento sub-rogado". Empréstimos gordos a empresas públicas eram regra em Taiwan, por exemplo.


140 - Malásia e Tailândia preferiam incentivos do tipo "deduções de impostos" (creio que a Suécia fazia isso também?) em vez de crédito público. Ainda assim, havia alguns grandes bancos de desenvolvimento. Boa parte do sistema financeiro era estatal.


141 - Também na Turquia o sistema financeiro era guiado pelos créditos especiais do planejamento estatal. Tributação favorável e crédito subsdiado.


142 - Ao que entendi, a Argentina ficou de fora da tendência geral, pois o banco de desenvolvimento da Argentina implodiu já na década de 1940, em razão de corrupção e desgoverno (Lewis, 1990).


143 - De Taiwan a Tailândia, todos esses bancos usavam crédito com juros especiais, ao que entendi. Por vezes, reais negativos.


144 - Coloca que o México tinha zero de empréstimo estrangeiro em 1941, no que tange a bancos de desenvolvimento. Porém, em 1961, o capital externo levantado já era 57,7% dos recursos totais. 


145 - Investimentos se concentravam nas empresas estatais, o que retirava parte do poder do legislativo nesse controle para as mãos dos burocratas profissionais dos ministérios. Os déficits eram difíceis de controlar segundo os critérios do FMI. Ora estava no governo central, ora nos orçamentos das estatais, ora no próprio banco central, por meio de créditos subsidiados. 


146 - Empréstimos e investimentos fiscais "por fora do orçamento" na Coréia e no Japão nas décadas desenvolvimentistas: os gastos totais do governo, por esse critério, podiam subir de 15 a 20% para cerca de 35 a 45% ou mais do PIB. O déficit/PIB da Coréia saia de 1% para mais de 11%.


147 - Afirma, meio vagamente, que empréstimos no exterior eram fonte usual de financiamento, já que os bancos de desenvolvimento ofereciam garantias para que as empresas pudessem tomá-los, ao que entendi. Era financiamento indireto. 


148 - Critérios de investimento: eram variados, mas tendiam a se guiar pela substituição de importações. A seletividade não era lá muito precisa. Uma vasta gama de indústrias era abarcada. Ao que entendi, vantagem comparativa não era bem um critério. Ao menos explicitamente. Costumavam visar, também, a promoção das exportações. O aço brasileiro foi um "case de sucesso" nos anos sessenta. BNDE(S) chegou junto. Na década de 70, após os choques, o banco estaria mais preocupado com a substituição de importações.


149 - Taiwan já visava ter sua própria indústria pesada no Plano de 1961-64. Era a "chave para a industrialização" segundo documento oficial. A promoção de bens exportáveis, por lá, só foi prioridade depois. Nos anos oitenta, a promoção de "indústrias estratégicas" visava seis critérios: grandes efeitos de vinculação; alto potencial de mercado; alta intensidade tecnológica; alto valor agregado; baixa intensidade energética; e baixa poluição.


150 - Cita prioridades de Índia, Tailândia, México e Turquia também. Diferentes e amplas, parecendo visar mais a política macro (gerar divisas cambiais... gerar empregos...) que a micro. Taiwan foi a que me pareceu mais cirúrgica.


151 - Na Coréia (Relatório Anual de 1969), visava-se substituição de importações e promoção das exportações ao mesmo tempo. Grandes investimentos de capital a longo prazo para tanto. 


152 - Apesar da grande variedade de critérios no "resto", os setores prioritários acabaram sendo basicamente parecidos: metais básicos (em especial o ferro/aço); produtos químicos (especialmente petroquímicos); maquinário; equipamentos de transporte; e produtos têxteis. Este último ramo é meio que uma exceção à regra, por ser uma indústria leve. Parece que era, porém, boa para gerar divisas cambiais. A importância da têxtil em cada país variou.


153 - Amsden coloca que as escolhas, em geral, foram bem-sucedidas. Traz uma tabela do que cada país "apostou" em cada década, o que meio que confirma as anotações do ponto acima.


(...)


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