Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto" - Capítulo 5
Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto"
Pgs. 189-224
"CAPÍTULO 5: "A importância da experiência manufatureira"
108 - Amsden enfatiza que quem, do "resto", conseguiu se industrializar rapidamente no pós-Segunda Guerra já tinha alguma experiência manufatureira acumulada do período anterior. O "resquício" nem isso conseguiu.
109 - Testes econométricos. Correlação entre PIB per capita manufatureiro "atual" (1994) e PIB per capita em geral em 1950 dos países que tinham dados nessa série temporal foi de 0,35. Meio fraca. Já a correlação entre produção manufatureira per capita em 1950 e PIB per capita manufatureiro "atual" foi de 0,75. A "experiência prévia" teria um poder especial que a atividade econômica geral não possui. (Não achei muito surpreendente, mas ok).
110 - Os movimentos de guerra do Japão da década de 30 ligou o alerta no Sudeste Asiático para a importância da atividade manufatureira e possível protecionismo. A ideia era deter o crescimento econômico japonês.
111 - Segundo Amsden, em razão do colonialismo japonês, a historiografia coreana desmerece as contribuições de longo prazo da ocupação japonesa para o crescimento industrial coreano. A partir de 1931, o Japão relaxou lei colonial que proibia concorrência com indústrias internas japonesas.
112 - Japão de 1930 tinha 3,5 vezes mais operários que a Coréia. Porém, pouco a pouca crescia a industrialização coreana. Os grandes grupos e etc. O governo coreano tentava intervir para induzir investimentos privados. Subsídios nasciam também. Em 1940, a produção industrial quase igualou a produção agrícola em valor.
113 - A escassez de trabalhadores japoneses durante a guerra gerou oportunidades de promoção para os coreanos nas empresas. O governo colonial começou a investir mais na educação coreana. Os treinamentos das empresas também visavam agora boa parte dos coreanos (conforme declínio do percentual de japoneses).
114 - No ano de 1941, 40% do número de empresas industriais eram dirigidas já por coreanos. Também era comum que se tornassem cotistas de empresas japonesas.
115 - ...Ramo financeiro: No final da guerra, coreanos tinham substituído inteiramente os japoneses em alguns departamentos. Havia coreanos de alto escalão até em outras partes do Império do Japão na época.
116 - Coloca-se que os planos quinquenais de Park na década de 60 talvez não tivessem o mesmo bom resultado sem todo esse processo anterior. Gerou-se: força de trabalho; administração assalariada; know-how; habilidades para execução de projetos nos setores público e privado.
117 - Já em Taiwan, as empresas de pequena escala eram muito mais numerosas que na Coréia. Mesmo em termos absolutos (e a população era 1/3 da coreana). Até os anos 40, havia bem poucas fábricas de grande porte por lá. O processamento de alimentos era o que dominava o setor manufatureiro. Mesmo a indústria têxtil era fraca.
118 - No pós-guerra, o governo da ilha empreendeu um programa pesado de substituição de importações. Oferecia vários tipos de assistência para estimular o investimento por empresários locais; os investidores usufruíam praticamente lucros garantidos.
119 - ...A boa qualidade e a força de trabalho com custo relativamente baixo, combinadas com empresários têxteis experimentados que tinham fugido da China continental em 1949, constituíram uma base muito forte para a indústria taiwanesa. Foi aí que a industrialização começou mesmo a todo vapor.
120 - Indonésia: faltava "poder de mobilizar capital" e "canalizar o ímpeto". Eram "empresários sem empresas". Os príncipes dominavam a agricultura e os mascates dominavam o comércio. Era uma economia agrícola de bazares, com seus milhares de comerciantes.
121 - ...No campo, Amsden, citando Geertz, fala em "latifundiários aristocráticos deslocados e seus lavradores campesinos, unidos por elos tradicionais e obrigações mútuas que inibem a maximização dos lucros." (Não detalha, mas parece um negócio meio feudal).
122- ...De onde viriam. então, os primeiros impulsos para a industrialização do país? Investimentos coloniais (IED) e da atividade manufatureira emigrada da China.
123 - Medidas coloniais protecionistas começam a ganhar força na Indonésia. Cotas de importações estimulando a substituição das mesmas, por exemplo. As casas comerciais começaram a se interessar pela produção de manufaturas. Estima-se que o número de operários dobrou entre 1936 e 1940. Entretanto, o percentual total ainda era baixo (inclusive bem mais baixo que o coreano na Coréia). Ademais, ocupavam cargos de escalão inferior. A habilidade para execução de projetos faltou aqui (ao contrário de Taiwan e Coreia). Nem o governo holandês nem as multinacionais holandesas mobilizaram recursos para a guerra (como fizeram os japoneses).
124 - A independência da Indonésia e nacionalização dos empreendimentos holandeses vieram entre 1957 e 1958.
125 - Achei as histórias de Tailândia (um pouco mais pobre) e Malásia parecidas. Alguma industrialização já antes da Segunda Guerra.
126 - Coloca que, chegando em 1950, a industrialização avançou, no que tange ao "resto", mais nos países de experiência industrial emigrada. Os líderes da América Latina e tal. Tinham cerce de 20 a 30% do PIB já em manufaturas. Na Ásia, a coisa ficava entre 5 e 15%. Em todos faltava, porém, uma indústria moderna. A maioria se baseava em vantagens em produtos primários. Alimentos, têxteis, algum recurso natural abundante...
127 - ...Já nas economias avançadas do Atlântico Norte, havia já grande destaque para a indústria de metais, maquinário e produtos químicos.
128 - Amsden coloca que países avançados usavam "práticas de dumping" em alguns produtos quando países em desenvolvimento queriam entrar no mercado. Cita a queda do preço do metanol visando, segundo ela, prejudicar a Coréia do Sul, por exemplo.
129 - ...Outro problema é que a escala mínima eficiente ia mudando enquanto os países construíam suas fábricas para entrar no mercado. Tão logo ficava pronta, já necessitava de uma ampliação.
130 - Japão vs Taiwan. Os japoneses compensavam o maior custo de sua mão-de-obra com produtividade 3,3x maior. Havia 7x mais máquinas por trabalhador lá que em Taiwan, por exemplo.
131 - Japão vs Hong Kong nos anos 60 (manta de algodão): o segundo tinha vantagens de câmbio e salários mais baixos. Ainda assim, o Japão tinha custos totais por fio quase 30% mais baixos e gastava mais ou menos a mesma proporção em salários. Ou seja, a produtividade do trabalho mais que compensava. Hong Kong sobrevivia, no ramo, graças a algumas manobras protecionistas da época.
132 - Coloca que Taiwan, entre 1955 e 1968, manteve o câmbio desvalorizado (salários reais baixos), aumentou bastante tarifas e usou crédito subsidiado.
133 - Coloca que a nacionalização de propriedades estrangeiras foi mais forte nos países que conquistaram independência após a Segunda Guerra. Coréia e Taiwan, por exemplo, herdaram do Japão terras de cultivo e um "sistema bancário funcional". Propriedades industriais japonesas foram nacionalizadas e depois privatizadas na Coréia. Indonésia fez o mesmo com as holandesas. Tailândia...
134 - Conclui que um grande déficit na experiência manufatureira do pré-guerra foi a ausência de empresas comerciais modernas de propriedade nacional: escala mínima eficientes, capacidades tecnológicas e canais relacionados de distribuição. As mais modernas, que tinham isso, eram estrangeiras.
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