Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto" - Capítulo 4 (PARTE "B")
Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto"
(...)
Pgs. 170-187
"CAPÍTULO 4: "Investimento em três frentes"
95 - Afirma que as empresas do "resto", ao contrário do exemplo japonês, costumavam operar "subcapitalizadas", subestimando a depreciação. Ademais, sistema bancário que realizasse empréstimos de longo prazo era algo quase inexistente nos países. Não era só uma questão de oferta. Dívidas eram mal vistas. Famílias evitavam se endividar e correr o risco de perder patrimônio. Cita China, Índia e México da época como exemplos disso
96 - Conta que empresas chinesas operavam, pra piorar, com altas taxas de juros em empréstimos de curto prazo e dividendos gordos a fim de atrair capital. (Parece até um negócio meio "ponziado", digamos). Junta isso à subestimação da depreciação (até para divulgar maiores lucros declarados, atraindo atenção) e dos seguros e sabemos mais ou menos o final... Escassez de capital de giro era comum e por vezes fatal. Mesmo monopólios regionais podiam sucumbir a tanta "imprudência".
97 - ...A ideia na China era, então, conseguir a maior fatia do bolo (capital) possível. E não a meta de produzir mais e melhor propriamente dita.
98 - A Índia tinham espécies de "zaibatsus", só que meio capengas. "Não houve separação entre controle administrativo e a propriedade". Contratava-se agência administrativa a preço fixo - uma porcentagem da produção ou venda anual, qualquer que fosse o desempenho da empresa. Enfim, um desincentivo. Os agentes não eram efetivamente controlados e havia abusos. Operavam a todo vapor mesmo quando a demanda por seus bens estava caindo vertiginosamente. Os altos lucros sumiram e apareceram prejuízos. Corrupção era comum. As compras eram feitas sem cuidado (no mínimo). Havia empregados inúteis e até os supervisores eram subornados pelos supervisionados. Foi talvez a pior solução possível para o problema geral de escassez de talento administrativo local.
99 - Índia (os "Tata") e México tiveram sua siderurgia originada de experiência privada de outros ramos. Brasil, Turquia e Japão criaram estatais. China foi de regime misto.
100 - Cita pequenas experiências na fundição de ferro como tendo alguma importância para o acúmulo de habilidade na fase seguinte da indústria pesada (o aço). Siderurgia, porém, envolvia equipamentos e instalações de escala muito maior. E a seleção de melhores matérias-primas exigia muita tentativa e erro. O aprendizado tinha que ser rápido e a escolha da boa localização era um ponto crítico, em razão dos altos custos de transporte. Enfim, um desafio bem maior que o ferro. No Atlântico Norte, os países ainda em meados do Século XIX já haviam passado por isso, tornando-se inclusive inovadores em relação à Inglaterra.
101 - Atribui o fiasco da siderúrgica chinesa a má-administração mesmo, inclusive desconsiderando conselhos de técnicos estrangeiros. Ademais, a escolha da localização foi errada, longe da matéria-prima. Mesmo erro cometido pela Turquia, que teve a infelicidade adicional de contar com má assistência técnica estrangeira. Afirma-se que houve "gigantomania" no projeto turco.
102 - CSN teve bom desempenho, mas com proteção tarifária. A siderúrgica Tata (Tisco) nem disso precisou (Exceto na década de 1920, quando esteve perto da falência e houve pressão por tarifas). A Tisco veio de excedentes da indústria têxtil dos "Tatas". Serviu de "vaca leiteira". Por fim, vale dizer que os países avançados também usaram proteções tarifárias nas suas siderurgias.
103 - Segredo da CSN e Tisco? Ricas reservas de ferro bruto, capitalização adequada e pesados investimentos em habilidades para a execução de projetos. Escolheram o melhor local e fizeram um bom planejamento. Havia administradores e engenheiros brasileiros treinados nos EUA. Na construção, havia 55 peritos norte-americanos. Os trabalhadores eram recrutados nas melhores escolas e treinados dentro e fora do emprego. A Tisco fez a nacionalização da sua gerência e corpo de trabalhadores bem aos poucos. Ao longo de décadas.
104 - Resume que todas as cinco usinas siderúrgicas do "resto" eram grandes. O diferencial foi o investimento em "hierarquias administrativas" e "distribuição".
105 - Coloca que, de toda forma, o governo teve papel bem mais ativo no "resto" que no Atlântico Norte. No mínimo era um "solucionador de problemas", como no caso da Índia. Nos países avançados, limitou-se à proteção tarifária.
106 - ...Os Tatas receberam assistência extensiva e oficial - pesquisas geológicas, custos de transporte reduzido, acesso facilitado aos direitos a terra e água, arranjos de importação simplificado... Compras governamentais vultosas. Em algumas ocasiões, porém, o governo negou apoio (não detalha).
107 - Conclui que foram cem anos (1850-1950) de pouco crescimento industrial. Nesse contexto que o Estado desenvolvimentista nasceria, a fim de vencer esse ciclo vicioso.
.
Comentários
Postar um comentário