Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto" - Capítulo 4 (PARTE "A")
Livro: Alice H. Amsden - A Ascenção do "Resto"
Pgs. 137-170
"CAPÍTULO 4: "Investimento em três frentes"
70 - Volta a mencionar que nem todos países do resto possuíam efetiva proteção tarifária (entre 1850 e 1950, digamos).
71 - Habilidades manufatureiras pouco desenvolvidas em termos de administração e tecnologia significavam que os investimentos em manufaturas eram vistos como arriscados e não lucrativos (ou lucrativos somente se monopólios fossem formados) em comparação com o empréstimo de dinheiro ou com investimento fora da esfera manufatureira.
72 - Nessa época, o "resto" tinha pequenas fábricas em geral. Não eram lá muito inovadoras também. Além de mal equipadas, usavam métodos obsoletos. Não eram capazes de exportar significativamente e o mercado interno era inundado por importações.
73 - Sem exportações para gerar a escala de produção apropriada, essas pequenas empresas do resto não foram capazes de repetir o sucesso dos pequenas empresas do Atlântico Norte. Especialmente para países pequenos (população), atingir a escala mínima eficiente é importantíssimo.
74 - ...A alta concentração no mercado interno - que realmente existia em alguns ramos do "resto" - não bastava, porém, para assegurar bom desempenho. Este só era verificado na presença de habilidades/processos "de ponta".
75 - Argentina e II Guerra: A Segunda Guerra Mundial "estimulou sobretudo a proliferação de muitas empresas de pequena escala, mal capitalizadas e tecnologicamente atrasadas".
76 - Tabelas comparativas mostram que quando o porte médio das empresas dos países do "resto" de um setor aumentava - o que nem sempre acontecia - com o passar das décadas, não havia crescimento proporcional ao aumento do porte médio das empresas do Atlântico Norte. Ou seja, mesmo com progresso, a distância só aumentava.
77 - Menciona casos de sucesso em empresas antigos do "resto" que geralmente vinham da incorporação de métodos e práticas modernas "de fora", como a fábrica de cigarros chinesa que, após rixa familiar, consentiu em contratar gerentes técnicos assalariados e lhes dar cargos da mais alta importância, quebrando uma tradição.
78 - Critica que a FBCF do "Resto" era metade ou até 1/4 da verificada no Japão ou em países do Atlântico Norte. Não havia como ganhar escala assim. A Índia tinha taxa de investimento de 5%, por exemplo, e a França 13%. Não mudaria muito pelo menos até dados de 1938. Curiosamente, o Reino Unido era o país avançado que menos investia. Taxa sempre em torno de 8%. No ano de 1938 a Índia já investia 7%. Coréia também. Taiwan já investia 15%.
79 - A introdução dos maquinários avançados, por várias razões, foi mais lenta no "Resto".
80 - Sobre o "resto" e seus sistemas de gerenciamento de mão-de-obra e relações trabalhistas do início do Século XX, afirma: salários estagnados ou em declínio levavam a inquietações, greves e baixa produtividade. Ao mesmo tempo, eles constituem um desestímulo para que as empresas investissem em maquinário.
81 - Por volta de 1913, Japão, Brasil e Índia possuíam número parecido de fusos por operários na manufatura de algodão. Porém, o investimento japonês em maquinário foi tão mais alto que, em 1938, vinte e cinco anos depois, o país tinha quase quatro vezes mais fusos por operários que o Brasil ou Índia, que ficaram praticamente estagnados nesse quesito.
82 - Coloca que a Grande Depressão de 29 e duas guerras mundiais dificultaram a atualização dos bens de capital no "resto". Muita "velharia", digamos assim.
83 - Chandler sobre as ferrovias e modernização das empresas: ...o capital necessário para construir uma ferrovia estava muito acima do necessário para comprar uma plantação, uma usina têxtil ou mesmo uma frota de navios. Portanto, um empresário, uma família ou um pequeno grupo de associados raramente conseguia possuir sozinho uma ferrovia. (...) As tarefas administrativas eram por demais numerosas, variadas e complexas. Elas requeriam habilidades e treinamento especiais, que só podiam ser possuídos por um gerente assalariado em tempo integral.
84 - ...Os EUA trataram de replicar tais inovações administrativas.
85 - Em 1870, os EUA já tinham 85.200km de trilhos ferroviários. Reino Unido: 21.500. Alemanha e França um pouco menos. Já a Argentina, Brasil e Chile tinham entre 750 e 700 apenas... Já em 1950, EUA continuavam a ter quase dez vezes mais trilhos que todo mundo. 360.150km. Índia vinha em segundo com 54.800km. Depois vinham, Argentina, França, Alemanha e Brasil, com 36.700Km a 42.900km (Argentina).
86 - Tirando aquela citada fábrica de cigarros na China e um exemplo ou outro, as inovações administrativas só chegariam bem mais tarde no "resto". EUA primeiro, Europa em segundo, Japão em terceiro e "resto" em "último".
87 - A Alemanha, por meio de tarifas, fez em dez ou quinze anos sua substituição de importações, criando sua própria indústria ferroviária. China, Brasil e outros permaneceram longas décadas em atraso no setor. Houve certa transferência de tecnologia e habilidades, especialmente na virada do século, mas tudo ocorrendo de forma bem lenta ao que entendi. Na Índia, havia sempre um representante do governo no Conselho de Diretores das empresas, com acesso, portanto, a toda a documentação e direito de veto. Porém, sobre todo o "resto" (ao que entendi), Amsden afirma que, no geral, a regulação central era fraca.
88 - Japão mais uma vez como vanguarda dos "atrasados": zaibatsus conciliaram propriedade familiar com controle profissional.
89 - A parte sobre distribuição é curta e novamente coloca que o Japão foi quem deu mais atenção à necessidade de se economizar ao máximo com isso. (Não fica muito explicado, porém, o que faltou aos outros).
90 - Ao que entendi, sugere fortemente que a Índia sofria de "timidez de capital", que seria pouca disposição dos poupadores a emprestar. Acumulava-se mais capital do que se investia.
91 - Sobre a China do século XIX, discute-se que não haveria escassez de capital e a renda per capita, produtividade e mesmo padrão de vida não eram dos piores. (Estranho... Devem estar falando do começo do século XIX, mas não fica claro, eis que comparam até ao "Japão Meiji").
92 - ...as ferrovias não teriam se desenvolvido por lá em razão de "outras prioridades". Não teria sido apenas culpa do imperialismo estrangeiro.
93 - Coloca que a taxa de lucro decolou em alguns países nos períodos de guerra mundial. Dois dígitos bem gordos em vários locais. 75,6% em Bombaim, por exemplo.
94 - Coloca que falências, instabilidades e vendas das empresas eram bem comuns nas fábricas do "resto". A indústria japonesa também tinha alta rotatividade. Porém, os japoneses não eram capitalistas "tímidos". Alocavam muito mais. Em boa parte, incentivados pela alta produtividade que seus empreendimentos conseguiam. Ademais, as fábricas de grande escala conseguiram sobreviver.
(...)
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