Livro: Alfred Marshall - Princípios de Economia Vol. II - Capítulos 14, 15 e "16"

                                                 

Livro: Alfred Marshall - Princípios de Economia Vol. II (Os Economistas) (1890)



Pgs. 134-147


"CAPÍTULO 14: "Teoria dos Monopólios"


63 - (Exemplos e exposições chatos ao extremo. Praticamente só passei o olho, pois nem sei se tem algo a me acrescentar na confusão de diagramas e medidas a que não estou habituado. Enfim, saudade dos livros de introdução)


64 - O essencial mesmo: O monopolista perderia toda a sua receita de monopólio se produzisse para a venda uma quantidade tão grande que o seu preço de oferta, como aqui definimos, fosse igual ao preço de procura.


65 - Monopólio, porém, pode até resultar em preços mais baixos que o "não-monopólio" em algum setor, caso a lei dos rendimentos crescentes tenha enorme força e a gestão seja competente. 


66 - Incentivos para não vender tão caro quanto possível? Podem existir. De fato, porém, mesmo que não se preocupe com os interesses dos consumidores, ele é capaz de refletir que a procura de uma coisa em grande parte depende da familiaridade do público com ela, e que, se pode aumentar as vendas com um preço um pouco inferior ao que daria a receita líquida máxima, o maior uso da mercadoria em breve o compensará das perdas atuais. Quanto menor o preço do gás, mais gente é levada a utilizá-lo em suas casas e, uma vez aconteça, o hábito é capaz de manter-se, mesmo que um competidor, como a eletricidade ou o petróleo, possa vir disputar de perto com ele. Um caso mais notável é o de uma companhia ferroviária que praticamente tem um monopólio do transporte de pessoas e bens para um porto ou um subúrbio apenas em parte edificado. A empresa ferroviária pode então achar negócio cobrar tarifas muito abaixo das que lhe dariam o máximo de receita líquida, a fim de habituar os negociantes ao uso do porto, encorajar os moradores do porto a desenvolverem as docas e armazéns, ou ajudar os construtores especulativos do novo subúrbio a levantarem casas a baixo custo e as povoarem de locatários, dando assim ao subúrbio um ar de rápida prosperidade que continuará assegurando-lhe um permanente sucesso.


67 - Ressalta a possibilidade de monopólios estatais que dão prejuízo, caso se faça a contabilidade exata. Trata-se de alguma empresa que não existiria em sistema privado.


68 - Se dois monopólios absolutos são complementares, de sorte que nenhum possa tirar os seus produtos em boa conta sem a ajuda do outro, não há meios de determinar onde o preço do produto último será fixado. Assim, se supomos, seguindo Cournot, que o cobre e o zinco seriam inúteis, salvo quando ligados para fazer o latão, e que um homem, A, possuía todas as fontes disponíveis de fornecimento de cobre, enquanto outro, B, todas as de zinco, não haveria então meios de determinar de antemão que quantidade de latão seria produzida, nem portanto a que preço seria vendida. Cada qual procuraria tirar a maior vantagem do outro na transação, e embora o aspecto da disputa afetasse muito os compradores, estes não estariam aptos a influir. (...) nem A nem B podiam contar com os efeitos de sua própria ação, a menos que os dois seguissem juntos e de acordo com uma orientação comum, isto é, a não ser que eles fizessem uma fusão parcial e quiçá temporária de seus monopólios.



Pgs. 148-155


"CAPÍTULO 15: "Resumo da Teoria Geral do Equilíbrio da Procura e da Oferta"


69 - O presente capítulo não contém matéria nova. É um mero sumário das conclusões do Livro Quinto.


70 - Mundo do mercado - circulação:  ...a ação dos negociantes, oferecendo um preço e recusando outro, dependerá muito pouco, se é que depende, dos cálculos de custo de produção. Eles encaram principalmente a procura atual, de um lado, e, de outro, o estoque já disponível da mercadoria.


71 - A renda: Quando o mercado está em equilíbrio, e a coisa é vendida a um preço que cobre as despesas, resta ainda um saldo ou excedente, fora as despesas, para os que gozam de quaisquer vantagens excepcionais. Se .essas vantagens decorrem da faculdade de dispor dos dons livres da Natureza, o saldo é denominado saldo do produtor, ou renda do produtor. Em qualquer hipótese existe um saldo, e se o possuidor de um bern natural livre o empresta a outrem, pode geralmente obter do seu uso um rendimento em dinheiro equivalente a esse saldo.


72 - O Marshall "coletivista/intervencionista" (baseado naquele outro capítulo do meu fichamento anterior): ...Nesta altura dos nossos estudos, limitados às análises de caráter mais geral, não podemos tratar da importante questão de saber, tomando a natureza humana como hoje se nos apresenta, até que ponto a ação coletiva será inferior à ação individual em energia e elasticidade, em espírito inventivo e em retitude de propósitos; e se a ação coletiva não está sujeita a causar prejuízos, por conseqüência da ineficiência prática, mais do que a dar vantagens por levar em conta todos os interesses relacionados com certa linha de ação. Mesmo não levando em conta os males resultantes da distribuição desigual da riqueza, há, todavia, à primeira vista, motivo para acreditar que a satisfação total, longe de ser já uma satisfação máxima, seria muito acrescida pela ação coletiva na produção de coisas sobre as quais a lei do rendimento crescente atua com uma força especial.


73 - ...Intervir num monopólio, por exemplo, é muitas vezes de interesse da coletividade, coloca. Aumentando a produção. 


74 - Marshall e a teoria do valor de Ricardo:  ...sustentarmos que permanecem intactos os fundamentos da teoria tal como Ricardo nos legou.




LIVRO SEXTO - Distribuição da Renda Nacional




Pgs. 156-169


"CAPÍTULO "16": "Exame Preliminar da Distribuição"


Obs.: ele nomeia como capítulo 1 de um novo livro, mas seguirei na minha própria classificação.


75 - Fisiocratas e juros durante os séculos: ...Sabiam também que a taxa de juros da Europa havia caído no decorrer dos cinco séculos precedentes, em consequência de "a economia haver em geral prevalecido sobre o luxo".


76 - Fisiocratas e a taxa natural de lucro regulando o capital: ...Por conseguinte, presumiam, ainda para simplificar, que existisse uma espécie de taxa natural ou necessária de lucro, correspondendo de certo modo à taxa natural de salários; que se a taxa corrente excedesse esse nível necessário, o capital cresceria rapidamente, até forçar a descida da taxa de lucros àquele nível; e que, se a taxa corrente estivesse abaixo daquele nível, o capital se reduziria depressa, e a taxa seria forçada a subir de novo. Eles pensavam que, fixados assim os salários e os lucros por leis naturais, o valor natural de tudo fosse regido simplesmente como a soma dos salários e lucros necessários para remunerar os produtores. (...) Esses rígidos pressupostos foram parcialmente suavizados por Adam Smith. Ainda eram taxas "naturais", pero no mucho.


77 - Adam Smith chega a falar de "salário de eficiência", digamos assim, e importância da alimentação para o vigor. A classe trabalhadora na Inglaterra, a seu tempo, não era tão miserável quanto na França. Apesar de reconhecer tudo isso, Marshall coloca que Smith ainda usava a linguagem da "lei de ferro" dos salários.


78 - Malthus, outrossim, no seu admirável estudo sobre o curso dos salários na Inglaterra, do século XIII ao XVIII, demonstra como o nível médio dos mesmos oscilou de século a século, caindo às vezes a cerca de 1/2 celamim (1/2 peck) de trigo por dia, subindo algumas vezes a 1 l/2 celamim ou mesmo, no século XV, a cerca de 2 celamins. Mas, embora observe que "um modo de vida inferior pode ser tanto a causa como a conseqüência da pobreza", atribui esse efeito quase exclusivamente ao constante aumento da população. Marshall, porém, coloca que há alguma dúvida quanto à extensão do aumenlo dos salários reais no século XV. Somente nas duas últimas gerações os salários reais do lavrador comum na Inglaterra têm excedido de 4 galões.


79 - ...Ricardo também é adepto da mesma concepção, tendo só um trecho destacado que não se deve entender que o preço natural da mão-de-obra, avaliado em mantimentos e primeiras necessidades, seja absolutamente fixo e constante ... Depende essencialmente dos hábitos e costumes do povo. Repetia a lei de ferro constantemente porém. Essa lei tem sido chamada, especialmente na Alemanha, a lei "de ferro" ou "de bronze" de Ricardo. ...Alguns economistas alemães, não socialistas, e que creem não existir tal lei, ainda sustentam que as doutrinas de Ricardo e seus discípulos se mantêm ou caem com a veracidade dessa lei; enquanto outros (por exemplo ROSCHER. Gesch. der Nat. Oek. in Deutschland. p. 1 022) protestam contra a confusão socialista a respeito de Ricardo.


80 - Coloca que Ricardo sabia sim que era possível aumentar o padrão de vida. Cita algumas palavras do próprio (um pouco vagas) como exemplo: "Os amigos da Humanidade não podem senão desejar que em todos os países as classes trabalhadoras tenham gosto pelos confortos e satisfações, e que sejam estimuladas por lodos os meios legais, nos seus esforços para obtê-los".


81 - Dá o "atual" estado da arte: Segundo Marshall, nessa matéria a liderança foi assumida por Walker e por outros economistas americanos; e a aplicação do método comparativo ao estudo dos problemas industriais de diversos países do Velho e do Novo Mundo está chamando a atenção cada vez mais para o fato de que o trabalho bem pago é em geral eficiente, não sendo portanto trabalho caro.


82 - Afirma que o crescimento populacional leva ao rendimento decrescente na terra e consequente aumento da renda. (Ficaria chocado com a dita Revolução verde então?) Fez essa especulação furada: ...Serão necessários mais trabalho e mais capital que antes para cultivar um alqueire de trigo etc., na margem, e portanto o trigo etc., devolvido pela Natureza ao trabalho aplicado sob circunstâncias mais vantajosas, terá um valor maior do que antes, relativamente a esse trabalho e a esse capital.


83 - Vincula os salários à possibilidade de produto líquido gerado ao empregador: Para simplificar, podemos supor que um homem a mais não exija ulteriores gastos em instalações ou em animais, que pouparia ao próprio fazendeiro tanta canseira em alguns sentidos quanta lhe traria noutros, de sorte que nada seria acrescentado por conta de ganhos de gerência (mesmo quando interpretados amplamente a fim de incluir seguro contra risco etc.); finalmente, o fazendeiro reconhece que o novo homem faria tanto, impedindo a perda de carneiros, e de outras formas, que viria aumentar de vinte a produção anual de carneiros, em boas condições. Isso quer dizer, o fazendeiro verifica que o produto líquido de um homem a mais será igual a vinte carneiros. Se for possível obtê-lo por um preço menor que o valor dos animais, o fazendeiro precavido há de tomar-lhe os serviços, mas se o preço do salário e dos animais se equivalerem, o fazendeiro ficará na margem de dúvida. Nesse caso o homem pode ser denominado um pastor marginal, porque o seu emprego está na margem de conveniência.


84 - ...O produto adicional a ser obtido pelo trabalho desse pastor é largamente influenciado pelo número de pastores que o fazendeiro já emprega. E isso é por sua vez regulado pelas condições gerais da oferta e da procura, especialmente pelo número daqueles dentre os quais os pastores poderiam ser recrutados durante a atual geração, pela procura de carne de carneiro e de 1ã, pela eficiência dos pastores em todas as outras fazendas, e assim por diante. E a quantidade de produto marginal é ainda largamente influenciada pela concorrência de outros usos para a terra: o espaço disponível para a criação de carneiros é diminuído pela procura de terra para extração de madeira ou para plantação de aveia, para preservação de caça etc


85 - ...Ou seja, o próprio Marshall coloca que não temos aqui exatamente uma teoria dos salários, afinal, para avaliar o produto líquido temos que tomar como fixas todas as despesas de produção da mercadoria em que o homem trabalha, fora o próprio salário.


86 - Coloca que o investimento em maquinário depende da taxa de juros líquida livre de risco em uma economia. A "máquina", capital fixo imobilizado, deve render mais que a taxa de juro médio do seu período de total depreciação para ser um bom investimento, acrescento.


87 - Von Thunen: "a taxa de juros é o elemento pelo qual a relação da eficiência do capital para a do trabalho humano se exprime". (...) "a eficiência do capital deve ser a medida dos seus ganhos, pois se o trabalho do capital fosse mais barato que o dos homens o empresário despediria alguns dos seus trabalhadores, e em caso contrário aumentaria o seu número"


88 - Maior "aplicação em capital" (ao menos o "produtivo") gera outro tipo de trabalho: Com efeito, substituir trabalho por capital é realmente colocar trabalho, combinado com muita espera, em lugar de outras formas de trabalho, combinadas com pouca espera.


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