Livro: Acemoglu & Robinson – Por que As Nações Fracassam - Capítulo 3

                            

Livro: Acemoglu & Robinson – Por que As Nações Fracassam



Pgs. 76-100


"CAPÍTULO 3: "A CRIAÇÃO DA PROSPERIDADE E DA POBREZA"


67 - Narra encontro entre irmãos sul e norte-coreanos. Passaram décadas separados. O do sul fica surpreso que o médico norte-coreano parecia bem pior que ele, em bens e saúde. Colocam, inclusive, que, de fato, a expectativa de vida na Coréia do Norte é dez vezes menor. 


68 - Críticas à Coréia do Norte: ...Não obstante, os dados disponíveis confirmam o que sabemos pelas fomes recorrentes: a produção industrial do país não só não conseguiu decolar, como a Coreia do Norte de fato experimentou um colapso na produtividade agrícolaA inexistência de propriedade privada fez com que poucos tivessem incentivos para investir ou exercer qualquer esforço para aumentar ou mesmo manter a produtividade. Coloca que há educação é precária e mal há computadores. Além disso, os jovens têm que passar dez anos no Exército. Essa garotada sabe que não terá direito a propriedade privada, não poderá abrir um negócio nem terá qualquer possibilidade de enriquecer, ainda que muitos, para ganhar a vida, dediquem-se ilegalmente a atividades econômicas privadasEles sabem também que não terão acesso legal a mercados em que possam usar suas competências ou o dinheiro que ganharem na compra dos bens necessários ou desejados.


69 - No sul, pode-se contratar trabalhadores, vender produtos ou serviços e gastar dinheiro no mercado como bem se entender. No norte, o único mercado é o negro.


70 - As instituições... Quem acreditar que corre o risco de ter sua produção roubada, expropriada ou exageradamente tributada terá pouco incentivo para trabalhar, e muito menos para investir e inovar.


71 - Se a propriedade só é garantida para alguns, não consideram as instituições inclusivas. ...Assim, apesar dos contratos e direitos de propriedade bem definidos, seguros e garantidos para a elite da ilha, Barbados não possuía instituições econômicas inclusivas, uma vez que dois terços da população eram compostos por escravos sem acesso à educação ou a oportunidades econômicas, que não dispunham da possibilidade nem de incentivos para fazer uso de seus talentos ou competências. Instituições econômicas inclusivas demandam direitos de propriedade assegurados e oportunidades econômicas não só para a elite, mas para uma ampla parcela da sociedade.


72 - Exemplo de problemas das instituições "extrativistas": Compare-se o modo como a profissão de cada um é escolhida nos mercados inclusivos do Peru e Bolívia dos tempos coloniais, onde, sob a mita, muitos eram forçados a trabalhar nas minas de prata e mercúrio, fossem quais fossem as suas competências ou aspirações.


73 - Colocam que pluralismo político não é tudo. Afinal, veja-se a Somália. Pode levar a caos apenas. 


74 - Max Weber, que já encontramos no capítulo anterior, forneceu a mais célebre e amplamente aceita definição de Estado, identificando-o com o “monopólio da violência legítima” na sociedade. Então, deve ser uma sociedade suficientemente centralizada para ser considerada "de instituições inclusicas". Do contrário, não há qualquer imposição de lei-ordem.


75 - Em Barbados ou na América Latina, por exemplo, os colonos lograram usar seu poder político para impor uma série de instituições econômicas que lhes garantiu fortunas imensas, em detrimento do restante da população.


76 - Algumas partes-conceitos eu realmente não consigo entendeu bem os limites. O que querem dizer certos raciocínios na prática e tal. Analogamente, instituições econômicas inclusivas não têm condições de sustentar nem de ser sustentadas por instituições políticas extrativistas; ou se tornam extrativistas, em favor dos interesses estritos dos detentores do poder, ou a dinâmica econômica por elas gerada acaba desestabilizando as instituições políticas extrativistas, abrindo caminho para a emergência de instituições políticas inclusivas. (A concorrência levaria sempre à democracia, por exemplo?)


77 - Como Estado independente, o Congo experimentou declínio econômico quase ininterrupto e pobreza crescente sob o governo de Joseph Mobutu, entre 1965 e 1997.


78 - Colocam que a oposição ao crescimento costuma ser comum. Afinal, são produzidos vencedores e perdedores no processo de destruição criativa. Até mesmo algumas elites saem perdendo. Dão o exemplo da industrialização nascente. De acordo com a ideia de destruição criativa, a disseminação das indústrias, fábricas e cidades retirou recursos da terra, reduziu o valor dos aluguéis das propriedades e aumentou os salários que os proprietários rurais tinham de pagar aos seus funcionários


79 - ...John Kay, inglês que inventou a “lançadeira voadora” em 1733, uma das primeiras novidades significativas na mecanização da tecelagem, teve a casa incendiada por ludistas em 1753.


80 - ...Na Inglaterra, a industrialização prosseguiu, apesar da oposição do ludismo, porque a oposição da aristocracia, por mais real que fosse, foi amortecida. Nos impérios austro-húngaro e russo, onde os monarcas absolutistas e aristocratas tinham muito mais a perder, a industrialização foi bloqueada.


81 - Os relatos sobre o Congo levam a crer que a pior produtividade possível foi até "planejada". Trechos como: ... Mas não valeria a pena, já que todo e qualquer aumento de produtividade obtido graças a melhor tecnologia estaria sujeito à expropriação por parte do rei e sua elite. Em vez de investir no aumento da produtividade e na venda de seus produtos nos mercados, os congoleses optavam por afastar suas aldeias dos mercados, na tentativa de, mantendo-se o mais longe possível das estradas, reduzir a incidência de saques e fugir do alcance dos traficantes de escravos. E não havia mercado de trabalho livre.


82 - ...As instituições políticas do Congo eram verdadeiramente absolutistas, liberando o rei e a elite de praticamente toda e qualquer restrição e privando os cidadãos de voz com relação à forma de organização de sua sociedade. (...) As instituições absolutistas do Congo eram sustentadas pelas Forças Armadas.


83 - Colocam que o domínio europeu-belga só piorou o que já era ruim. Ao que tudo indica, nunca houve prosperidade relativa relevante. A situação agravou-se porque o colonialismo europeu criou uma entidade política, o Congo, composta de diversos Estados e sociedades pré-coloniais distintos, sobre os quais o Estado nacional, comandado a partir da capital Kinshasa, dispunha de controle reduzido.


84 - ...Tamanha falta de centralização política, quase a ponto do total colapso do Estado, é um traço que o Congo compartilha com boa parte da África subsaariana.


85 - A tese central deste livro é que o crescimento econômico e a prosperidade estão associados a instituições políticas e econômicas inclusivas, (...) o que não implica, porém, que as instituições extrativistas sejam incapazes de fomentar crescimento nem que todas as instituições extrativistas sejam idênticas. Dão como exemplo a URSS de 1928 a 1970 ou algumas economias agrárias da época pré-industrial. ... a União Soviética logrou alcançar acelerado crescimento econômico, graças à sua capacidade de utilizar o poder do Estado para deslocar recursos da agricultura, onde eram empregados com grande ineficiência, para a indústria.


86 - Dão exemplos de quando a coisa é meio que "mista": A rápida industrialização da Coreia do Sul sob o General Park é um bom exemplo. Park chegou ao poder por meio de um golpe militar em 1961, mas isso em uma sociedade que gozava de amplo apoio dos Estados Unidos e cujas instituições econômicas eram essencialmente inclusivas.


87 - Sobre a Coréia do Sul, lembra que, após os anos 70, haveria até mesmo a transição para também instituições políticas inclusivas. A relativa igualdade de renda no país significava também que a elite tinha menos a temer com relação ao pluralismo e à democracia


88 - Sobre a China: ...a China vem crescendo rapidamente, mas tal crescimento se dá ainda sob instituições extrativistas, sob o controle do Estado, com parcos indícios de uma transição para instituições políticas inclusivas. O fato de as instituições econômicas chinesas estarem longe de ser plenamente inclusivas sugere ainda que uma transição ao estilo sul-coreano é improvável – ainda que, evidentemente, não impossível.


89 - Colocam que a centralização política é essencial ao "extrativismo" de sucesso também. Porém, há limites. Muito embora as instituições extrativistas sejam capazes de gerar riqueza, em geral não terão como gerar crescimento econômico sustentado.


90 - Há outro problema: ...como nossa discussão sobre o colapso do Império Romano e das cidades maias vai ilustrar (páginas 131-136 e 113-117), os embates pelo controle do Estado totalitário permanecem sempre latentes; periodicamente intensificam-se e acarretam o esboroamento desses regimes, podendo conduzir à guerra civil e, às vezes, ao total colapso e desmanche do Estado.


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