Livro: Vilfredo Pareto - Manual de Economia Política - Capítulo 3

    

Livro: Vilfredo Pareto - Manual de Economia Política 



Pgs. 123-198:


"CAPÍTULO 3: "Noção Geral do Equilíbrio Econômico"


51 - Começa com uma montanha de obviedades. 


52 - Pareto coloca que não se percebia o quanto o conceito de "valor-de-uso" era inútil se não estivesse em função da quantidade consumida. É na margem.


53 - ...Foi principalmente pela retificação desse erro da antiga Economia que nasceu a Economia pura. Com Jevons ela apareceu como uma retificação das teorias então em curso sobre o valor, com Walras ela se torna, e isso foi um grande progresso, a teoria de um caso especial de equilíbrio econômico, isto é, o da livre concorrência, enquanto um outro caso, o caso do monopólio, já tinha sido estudado, mas de maneira totalmente diferente, por Cournot.


54 - ...As teorias da antiga Economia eram necessárias para se chegar às teorias novas e estas, sempre muito imperfeitas, servir-nos-ão para chegar a outras que o serão menos, e assim por diante.


55 - Resolveu trocar o termo utilidade por "ofelimidade". 


56 - A impressão que tenho é que ele quer explicar, de forma prolixa, o que aprendi de forma direta em microeconomia. Fala, por exemplo, das curvas de indiferença de Edgeworth. 


57 - Trata dos isolucros também. Enfim, é microeconomia básica explicada de forma bem pior. Na época, deveria ser um avanço, muito possivelmente. Porém, sinto que faço uma leitura meio inútil aqui. 


58 - (Não estou anotando nem tentando entender as dezenas de páginas do capítulo, pois parece, como já disse, o que vi em micro, só que aqui em linguagem/apresentação confusa. Leitura dinâmica só).


59 - Até para algo como a definição de preço, ele consegue usar uma linguagem chata: Denomina-se PREÇO de Y em X a quantidade de X que é preciso dar para se ter uma unidade de Y.


60 - Por que usar "valor de troca" se já há "preço"? Os economistas utilizavam essa noção de valor de troca para estabelecer o teorema de que era impossível um aumento geral dos valores, ao passo que era possível um aumento geral dos preços. O valor-de-troca é a relativo. Relação entre as mercadorias. 


61 - Observem que, mesmo se o Estado socialista suprimisse toda faculdade de troca, impedisse toda compra-venda, os preços não desapareceriam por causa disso; eles permaneceriam ainda que como artifício contábil para a distribuição das mercadorias e suas transformações.


62 - Até definição de receita e despesa ele consegue explicar de forma insuportável. 


63 - Passa parte do tempo chutando cachorro morto, como a galera que diz que quem tem quintal bom pra criar morango não vai comprar morango. Óbvio que depende. Pode comprar sim.


64 - A crítica de Pareto a ideia de custos de produção está resumida aqui: O custo de produção foi concebido pelos economistas literários como um preço normal em torno do qual deviam gravitar os preços determinados pela procura e pela oferta. Assim chegavam a levar em consideração, embora de maneira imperfeita, as três categorias de condições (A), (B), (D). Eles, porém, as consideravam independentemente umas das outras, e parecia que o custo de produção de uma mercadoria era independente dos preços desta mercadoria e das outras. É fácil de ver quão grosseiro era o erro. Por exemplo, o custo de produção do carvão-de-pedra depende do preço das máquinas, e o custo de produção das máquinas depende do preço do carvão. Em consequência, o custo de produção do carvão depende do preço desse mesmo carvão. E essa dependência é ainda mais direta se considerarmos o consumo de carvão das máquinas empregadas na mina. (Ok, mas o fato de haver determinação recíproca significa que o único motor do preço é a utilidade/ofelimidade? Carvão, máquinas... tudo tem um custo de trabalho/sacrifício em tempo. O preço delas dependerá disso. Esse é meu ponto. As coisas não se dão no ar)


65 - Bom, parece que descobri, no parágrafo seguinte, que ele não pensa tão diferente assim de mim: O preço ou o valor de troca é determinado ao mesmo tempo que o equilíbrio econômico, e este nasce da oposição entre os gostos e os obstáculos. Quem olha apenas um lado e considera unicamente os gostos, acredita que estes determinam exclusivamente o preço e encontra a causa do valor na utilidade (ofelimidade). Quem olha do outro lado e só considera os obstáculos crê que são exclusivamente eles que determinam o preço e encontra a causa do valor no custo de produção. ...


66 - ...Discordamos da continuação do parágrafo, porém: "...E, se entre os obstáculos considera apenas o trabalho, encontra a causa do valor exclusivamente no trabalho. Se no sistema das condições (equações) que, como vimos, determinar o equilíbrio supusermos que todas as condições estão por si satisfeitas, com exceção daqueles referentes ao trabalho, poderemos dizer que o valor (preço) depende apenas do trabalho, e essa teoria não será falsa, mas simplesmente incompleta. Ela será verdadeira desde que as hipóteses feitas se realizem." (A depender de como se interprete esse trecho, posso até concordar).


67 - Pareto acha desnecessário que se fale em valor (eu não): Que poderá ser essa misteriosa entidade? Parece que é a “capacidade que possui um bem de ser trocado por outros bens”. É definir uma coisa desconhecida por uma outra coisa menos conhecida, pois, o que poderia ser essa “capacidade”? E o que é ainda mais importante, como medi-la? Dessa “capacidade” ou de seu homônimo “valor” conhecemos apenas a “manifestação concreta”, que é preço; e, francamente, é então inútil nos embaraçarmos com essas entidades metafísicas, e podemos nos ater aos preços.


68 - Critica o "valor de troca", por ser impreciso: Assim, para muitos economistas, o termo valor de troca não significa apenas uma relação, a razão de troca de duas mercadorias, mas acrescenta, de maneira um pouco imprecisa, certas noções de poder de compra, de equivalência de mercadorias, os obstáculos a vencer, resultando daí uma entidade mal definida que, justamente por causa disso, pode compreender certa noção das condições que se desprezaram mas cuja consideração se sente que é preciso levar em conta. Em outro trecho, diz: ...consideração dessa entidade metafísica seria da mais perfeita inutilidade.


69 - Sobrou até pra Jevons e Walras. A crítica a Marx eu até entendi - mesmo discordando parcialmente dela -, mas a estes não. 


70 - Qual é o valor dos diamantes? Vocês não podem resolver essa questão nem considerando os desejos que ele desperta em homens e mulheres, nem considerando os obstáculos que sua produção encontra, nem as avaliações nas quais se traduzem esses desejos e esses obstáculos, nem as “limitações de quantidade”, nem o custo de produção, nem o custo de reprodução etc. Todas essas circunstâncias influem sobre o preço dos diamantes, mas sozinhas, ou em grupo, não são suficientes para determiná-lo. (De fato, ninguém sabe, mas o valor global de uma economia é mais ou menos palpável. E é para isso, dentre algumas outras coisas, que a teoria do valor-trabalho serve. Ao menos na forma que eu entendo "valor'.)


71 - Para Pareto, "...todo economista que procura a causa do valor demonstra que não entendeu nada do fenômeno sintético do equilíbrio econômico."


72 - Mais à frente, faz uma crítica mais direta a Walras: É interessante notar que o poder da opinião segundo a qual deveria haver uma causa do valor tão grande que mesmo Walras não pode se esquivar inteiramente, ele que, dando-nos as condições de equilíbrio em caso determinado, contribuiu para demonstrar o erro dessa opinião. Ele expressa duas noções contraditórias. Por um lado nos diz que “todas as incógnitas do problema econômico dependem de todas as equações do equilíbrio econômico”; e essa é uma boa teoria. Mas, por outro lado, afirma que “é certo que a raridade (ofelimidade) é a causa do valor de troca” e esta é uma reminiscência de teorias ultrapassadas, que não correspondem à realidade.


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