Livro: Vilfredo Pareto - Manual de Economia Política - Apresentação e Capítulo 1
Livro: Vilfredo Pareto - Manual de Economia Política
Pgs. 1-30:
"Apresentação (e afins)"
1 - Tradução de João Guilherme Vargas Netto. Editora Abril. Edição de 1996. É da coleção "Os Economistas". Parece que o livro original é de 1906.
2 - Apresentação de Fernando Garcia da FEA/USP. Principais ideias e uma breve biografia e bibliografia. Pareto transitou também pela Sociologia e Matemática.
3 - Engenheiro civil e chegou a ser ativista político, ao que entendi. Descendente de uma família nobre italiana. Sua vida profissional foi entre 1870 e 1892. Foi diretor-geral de empresa até. Não obteve sucesso eleitoral em suas candidaturas a deputado. Era um liberal democrático, defensor do sufrágio universal, educação primária gratuita e liberdade de imprensa. Livre-cambista e contra o armamentismo.
4 - Apenas em 1893, aos 45 anos, assumiu a cadeira de Economia Política da Universidade de Lausanne, até então ocupada por León Walras. Ao final, seu interesse ia migrando da Economia à Sociologia.
5 - As suas três grandes contribuições: a gestação de uma teoria ordinal de bem-estar, que foi provavelmente a que se enraizou de forma mais ampla e profunda; o desenvolvimento da Teoria do Equilíbrio Geral de Walras, a qual desencadeou importante mudança de método na Economia Neoclássica; e a criação de um critério de avaliação do bem-estar social (Ótimo de Pareto).
6 - Menciona que a ideia de utilidade marginal, advinda da "revolução marginalista", foi a primeira a fundir utilidade com quantidade consumida do bem. Valor-de-uso sempre existiu, mas não assim, vista "na margem".
7 - Conforme atesta Viner (1925), os periódicos de Economia da época traziam, em oposição aos principais tratados de Economia, severas críticas à Teoria da Utilidade, a maioria delas relativas aos pontos assinalados acima. (...quais sejam: "(i) a própria existência de uma medida de bem-estar e (ii) a possibilidade de comparações interpessoais de bem-estar.").
8 - Pareto não gostava sequer do termo "utilidade". Preferiu outro artifício: O conjunto das curvas de indiferença do consumidor, chamado de mapa de indiferença, era informação suficiente para estabelecer sua escolha; não se fazia necessário o conhecimento de sua função utilidade. Era uma questão de "preferências". Acho que toda história que aprendi em "Micro" (preferências reveladas e etc) meio que veio daí. A Teoria da Decisão, o núcleo da Microeconomia contemporânea, desenvolveu-se a partir dos fundamentos ordinais construídos por Pareto. (...) A função utilidade é, nessa abordagem, uma conseqüência dos pressupostos da teoria ordinal e não uma hipótese primária de trabalho.
9 - Sustentou que o "aumento do bem-estar coletivo", buscado por alguns utilitaristas e afins, pode levar a contradições (quando a grande felicidade de um é a ruína menor do outro) ou absurdos morais, como 80% da população "escravizando" 20%, por exemplo, e tirando grande felicidade disso, digamos assim. Daí que veio seu "ótimo": Segundo a nova abordagem, apenas seriam possíveis as comparações de bem-estar entre situações cuja mudança de uma para outra não envolvesse transferências de utilidade entre os indivíduos. O resto não dá pra quantificar muito bem, é muito relativo.
10 - "Em última instância, o critério proposto por Pareto revelou os limites entre os quais é possível estabelecer comparações de bem-estar social, sem o recurso a valores morais". O equilíbrio em uma economia com concorrência perfeita levaria à maximização do bem-estar nesse sentido, por exemplo. ...Hoje, a "Economia do Bem-Estar" dá respaldo a vários campos de pesquisa pura e aplicada, como a Escolha Pública, a Teoria Econômica do Direito e a Economia do Meio Ambiente.
Pgs. 31-54:
"CAPÍTULO 1: "Princípios gerais"
11 - Pareto coloca como tarefa da Economia Política a de descobrir leis (uniformidades!). Não se trata de buscar fins valorativos. Parece almejar ser eticamente neutro... A moral só entraria no debate de medidas práticas, não nos desvendamentos teóricos.
12 - Outra coisa que coloca é que não quer discutir metafísica. Se algo existe antes de existir o conceito desse algo... Ou coisas do tipo. Cita a descoberta do argônio na composição do ar atmosférico, por exemplo.
13 - Ele falando de ciência lembra Popper (que viria depois): É preciso substituir o estudo qualitativo pelo estudo quantitativo e pesquisar em que medida a teoria afasta-se da realidade. Entre duas teorias escolheremos a que menos se afaste dela. Não devemos jamais esquecer que uma teoria somente deve ser aceita temporariamente; a que consideramos verdadeira hoje, deverá ser abandonada amanhã, desde que se descubra uma outra que mais se aproxime da realidade. A ciência está em um perpétuo vir a ser. A Terra não é exatamente esférica (também nem é exatamente um elipsoide), mas é melhor que dizer que ela é plana. Coloca. Anaxímenes acreditava que fosse plana; Anaximandro acreditava que fosse cilíndrica.
14 - Afirma que o método científico é de aproximações sucessivas. Também afirma que o método experimental, quando não pode passar por experimentos controlados, deve se utilizar da observação de fenômenos concretos em sua abstração, por mais arbitrária que essa última sempre seja.
15 - As discussões sobre o “método” da Economia Política não têm nenhuma utilidade. A meta da ciência é conhecer as uniformidades dos fenômenos; portanto, é preciso empregar todos os procedimentos, utilizar todos os métodos que nos conduzem a essa meta.
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