Livro: Isaak Ilich Rubin - Teoria marxista do valor - Capítulos 18 e 19

   

Livro: Isaak Ilich Rubin - Teoria marxista do valor



Pgs. 238-287:


"CAPÍTULO 18: "Valor e preço de produção" (e 19?)


87 - As diferentes composições orgânicas e rotações da parte variável do capital acaba fazendo com que capitais iguais, até com a mesma taxa de lucro, movimentem quantidades de trabalho bem diferentes. 


88 - A mais-valia é ""criada" pelo sobretrabalho". Diz que melhor é dizer: "está representado nela". O lucro é que só depende indiretamente do sobretrabalho.


89 - O lucro médio só coincide com a mais-valia num capital com composição orgânica média.


90 - Taxa média de lucro tem a ver com a massa de mais-valia total comparada ao capital social total. Afirma depois de longas explicações que creio que já conheço. 


91 - (Interessante que pela definição de mais-valia como algo relacionado ao valor dos meios de subsistência, teria como diminuir a massa e taxa total de lucro a zero sem qualquer modificação, talvez, na magnitude da mais-valia. Bastaria continuar trabalhando muito além do valor desses meio de subsistência. Se enxergarmos conquistas "intracapitalistas" como modificações no valor mínimo dos meios de subsistência, aí sim temos as duas coisas andando juntas: massa de lucro e massa de mais-valia. Assim vejo).


92 - Cita indícios de que Marx já tinha a teoria dos preços de produção em mente quando fez o livro I. Não há contradição aqui, coloca.


93 - É especialmente o valor-trabalho quem leva a modificações nos preços de produção. Tudo começa com o crescimento da produtividade afetando o trabalho abstrato, que afeta o valor, coloca Rubin. E esses preços de produção determinarão a distribuição do trabalho social (passando pela distribuição de capitais, que é o esquema capitalista).


94 - Ao que entendi, não se posiciona acerca da questão de se a lei do valor vigia ou não antes do capitalismo. Era possível, por exemplo, falar em TSN lá? A troca nem era generalizada para toda a economia social, por exemplo. Nem todo produto do trabalho era igualado no mercado...


95 - "O valor-trabalho em sua forma desenvolvida existe apenas no capitalismo". 


96 - Rubin coloca que, para Marx, toda ordem econômica tem seu conceito próprio de trabalho produtivo. Não adianta pensar isso "fora da história", como algo universal.


97 - Dá a seguinte definição, citando Marx, de trabalho improdutivo: é o trabalho que não se troca com capital, mas sim com salário, juro ou renda. Creio que é tipo um juiz contratar o serviço de um pedreiro. Pode até produzir valor-de-uso, mas não existiria mais-valia na história. A intenção não é contratar mão-de-obra para valorizar o capital. Extrair mais-valia não é o objetivo aqui.


98 - Para Rubin, pra ser produtivo, o trabalho nem precisa objetivar produzir "coisas materiais". Muito menos ser útil (acho que ele está querendo dizer tipo material bélico para alguma guerra idiota). Coloca que o próprio Marx diz que um empregado de circo, como um palhaço, pode ser trabalhador produtivo e um alfaiate em domicílio um trabalhador improdutivo. Um cozinheiro pode ser produtivo sob comando capitalista num hotel ou improdutivo servindo a uma família (ainda que de capitalistas, segundo entendi).


99 - (infelizmente perdi três páginas do livro sobre esse assunto, mas suspeito de que o essencial já tenha sido posto acima. Inclusive acho que perdi a primeira página do Capítulo 19). "Só se torna produtivo quando se incorpora à economia de um empresário capitalista". 


100 - Marx colocava que artesões e camponeses nem se podiam chamar de improdutivos, eis que sequer integravam o modo de produção capitalista. Apenas vendem suas mercadorias. Por que não chamar de improdutivo? Não faço ideia. Se um alfaiate é o exemplo de improdutivo dele...


101 - Servidor público, polícia, sacerdote... Tudo improdutivo. 


102 - E uma sociedade de economia mista? Sei lá o que Marx pensaria. "meio-produtivo...". Certo é que a taxa geral de lucro não é o impulsionador da empresa pública, por exemplo. E sim a prestação do serviço público. Daí Rubin chamar de trabalho improdutivo. O que importa é a "forma social".


103 - Sobre engenheiros e intelectuais etc.: criam um novo valor. Geram mais-valia com seu trabalho não-pago.


104 - Trabalho intelectual "é produtivo se estiver organizado sob princípios capitalistas". 


105 - Coloca que há crítica marxista a Marx por este não ter considerado o "trabalho comercial" como produtivo. Seria resquício das antigas teorias da economia clássica burguesa. Bogdanov... Bazarov...


106 - ...Afinal, ...trata-se de um trabalho dirigido por um capitalista e que tem base na extração de mais-valia. Fica até meio incoerente. Rubim, porém, coloca que o capital em questão tem que ser o capital produtivo (então porque Marx dá exemplo de palhaço de circo? qual a diferença dele pra o serviço de um trabalhador comercial?)


107 - Rubin coloca que seria improdutivo por estar na "fase de circulação", que é mero atrito. E não na produção. (Não vejo como mero "atrito", discordo deles). Coloca que o "bilheteiro do circo", por exemplo, presta trabalho improdutivo. 


108 - Trabalhos de transporte, empacotamento, conservação e afins são "processos de produção que persistem na circulação". Por isso seriam produtivos.


109 - Afirma que a questão da "contabilidade" em Marx é obscura e não uma negação categórica a respeito de ser ou não um trabalho produtivo. Um contador de fábrica, relacionado ao processo produtivo, seria produtivo, crê. Ocorre, afirma, que há os (talvez até maioria) que trabalham com a contabilidade de meras transferências de propriedades entre as pessoas, o estrito ramo da circulação. 


110 - Admite que há certas divergências, obscuridades e contradições nas passagens de Marx em "O Capital" sobre todas essas questões. Porém, crê que a galera exagera. 


111 - Bogdanov contesta a divisão de Marx. Funções "formais" do capitalismo são tão necessárias quanto as reais. Logo, o trabalho na circulação seria produtivo. Já, para Marx, não agregam valor e, assim, não são. (Como eu já disse, concordo com esse tal de Bogdanov).


112 - Rubin coloca que o que está sob batuta do direito público, que visa fins diversos, não pode ser considerado trabalho produtivo. Inclusive o trabalho "militar", seja qual for. 


113 - ...Enfim... A segunda metade do livro é bem mais interessante que a primeira.



FIM



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