Livro: Isaak Ilich Rubin - Teoria marxista do valor - Capítulos 15, 16, e 17
Livro: Isaak Ilich Rubin - Teoria marxista do valor
Pgs. 173-186:
"CAPÍTULO 15: "Trabalho qualificado"
59 - No mercado, produtos produzidos com diferentes quantidades de tempo são igualados como valores.
60 - Coloca que a ideia de "trabalho simples" muda no espaço-tempo. Depende de cada região e/ou época. O qualificado exige uma educação especial, acima da média.
61 - Qualificado: o valor de cada produto é maior e o valor da força de trabalho que os produz também é.
62 - Coloca que habilidade ou destreza nem é exatamente qualificação. Qualificado diz respeito à qualificação média, não a algum talento especial para a coisa. É a galera "além do qualificado", que desvia do TSN, ou seja, o puxa bem pra cima.
63 - A diferenciação entre simples e qualificado diz respeito, portanto, a comparação do mesmo tempo de trabalho em atividades produtivas diferentes. Profissões/produtos diferentes.
64 - Começa a perguntar os porquês de uma hora de trabalho qualificado produzir mais valor que hora de trabalho simples. (Em tempo: não sei sequer se essa premissa é 100% correta). Coloca que o maior valor vem do tempo de trabalho necessário ao aprendizado. TSN educação, digamos. (Ok, pode até ser, mas se isso é tempo de trabalho, então, na prática, não se está comparando "uma hora de trabalho" com "uma hora de trabalho")
65 - Observação importante: Marx é expresso ao dizer que produtos não-reproduzíveis através do trabalho, como obras de arte, não se sujeitam a lei do valor, de certa forma. (Eu concordo, mas discordo).
66 - Resumindo o capítulo: mais de sessenta minutos de trabalhos simples valerão o mesmo que sessenta minutos de trabalho complexo. (Enfim, como eu disse, nem sei se concordo).
67 - Se os custos/tempo de treinamento geral para uma tarefa caem, cai também o valor do produto que será trocado. Cai o salário, etc.
68 - Coloca que a mobilidade entre profissões de alta qualificação é mais débil. Por vezes, há todo um custo na requalificação, por exemplo. Logo, há "certo poder de monopólio". Mudanças nesse equilíbrio são mais lentas. (A oferta de trabalho qualificado específico é meio que inelástica, digamos)
Pgs. 187-199:
"CAPÍTULO 16: "Trabalho socialmente necessário"
69 - Pinça aqueles trechos do "O Capital" em que o "valor médio" não é o "valor total do ramo dividido pelo total de mercadorias individuais do ramo somadas". (Vai saber o que Marx quis dizer exatamente ali. Nunca fez sentido pra mim e continua não fazendo na explicação de Rubin. Ou é média ou é mediana. Marx usa fala em média e usa um raciocínio de mediana nesses trechos, só que mediana certamente tornaria a teoria do valor uma "matemática" sem sentido). As explicações que Rubin tenta dar à coisa são mais sem sentido ainda.
70 - Essas considerações para fora da "média", aparecem, a meu ver, como algo inevitavelmente arbitrário. Quem quiser que veja sentido.
71 - Se alguém não me der uma razão/pesquisa empírica, não vejo o porquê abandonar o "modelo das médias".
Pgs. 200-237:
"CAPÍTULO 17: "Valor e necessidade social"
72 - "O estado da tecnologia determina o valor do produto, e o valor, por sua vez, determina o volume normal de demanda e a correspondente quantidade normal de oferta". Suposto um dado nível de renda e necessidades. Claro que isso também pode variar em outro cenário.
73 - Coloca que, no equilíbrio, as mercadorias são vendidas conforme seus valores (não vejo assim, a não ser que esteja falando em valor de todas as mercadorias que existem somadas divididas pelo número total de mercadorias. Valor médio global. Para cada mercadoria particular, vejo imensas possibilidades de todo tipo de desvio entre preço e valor).
74 - Coloca que obviamente a demanda possui alguma relativa autonomia sobre o valor e sobre a oferta. Porém, no geral o valor é que será o "driver". (Estou resumindo em linguagem mais simples)
75 - Apresenta e critica o que chama de "interpretação econômica" do TSN. Nem anotei, pois concordo parcialmente com as críticas dele. Não se pode partir do valor total demandado/ofertado pra deduzir o resto (valor, preço e quantidade). Afinal, não se sabe este, de antemão, no capitalismo.
76 - Acho que o centro do embate entre as duas interpretações está na seguinte pergunta: pode a demanda gerar alterações no valor? Na técnica de produção? No TSN? Creio que quanto mais a oferta for inelástica, aí sim a "interpretação econômica" fará algum sentido. O preço/valor vai aumentar, pois ofertantes em piores condições técnicas entrarão para suprir a incapacidade, ao menos provisória, dos ofertantes de melhores condições técnicas de aumentarem a produção no nível exigido pela nova demanda. Como eu vejo o TSN como médio, ele acaba sendo alterado, em um novo nível de equilíbrio. A quantidade de trabalho envolvido aumentaria, já que entraram esses ofertantes de tendencialmente menor composição orgânica.
77 - Diz que fatos empíricos estão desfavoráveis à interpretação econômica. Coloca que o próprio Marx os cita em algumas passagens. Explicando: o valor total demandado não é fixo, dado de antemão. Varia. Se você duplicar a quantidade total de pão numa economia, o preço pode cair até quatro ou cinco vezes. Não volta necessariamente à metade, como foi talvez um dia, numa época de menor produção. Ademais, alocação de trabalho, julgada ideal, em um setor e demanda real/concreta da sociedade por esse setor é algo que muitas vezes vai divergir.
78 - (...A meu ver, esse último fator e a elasticidade tornam a "interpretação econômica" certa e errada ao mesmo tempo, digamos assim).
79 - Resumindo o que ele defende: é o valor quem determina, em primeira mão, o valor total de cada setor, dada uma curva de preferências/demanda específica.
80 - Resumindo o que eu defendo: concordo e discordo. Isso para ambas as teorias. O correto é uma mescla.
81 - Por sinal, vejo agora que o próprio Rubin está trazendo meu raciocínio no tópico seguinte "valor e volume da produção". Talvez concordemos, mas em termos diferentes.
82 - ...E vai até dizer: "de certa maneira, a demanda determina o valor!". Pois é. Chegamos ao meu ponto. O resto, pra mim, é jogo de palavra. De fato, a demanda muda o valor quando muda a técnica média, digamos assim. Assim como qualquer outro fator - como uma catástrofe nuclear - também poderia mudar.
83 - Sobre o equilíbrio nas tradicionais curvas de demanda e oferta, observa que há determinados preços que gerariam a completa inviabilidade de qualquer oferta (e a consequente destruição do ramo), o que denota, obviamente, um limite mínimo colocado pelo valor. Preços muito altos, por sua vez, implicariam transferência de capital de outros ramos, em razão da tendência à equalização via lucro médio. Não são meras curvas arbitrárias.
84 - O valor, coloca Rubin, é uma espécie de centro de gravidade da curva de oferta. Não tem como se distanciar muito dele por muito tempo. Do contrário, a transferência de capitais de outros setores empurrará a coisa de volta para esse centro. É a busca pelo lucro média no livre mercado. (Pra mim isso só é 100% verdade nas situações em que a oferta tem uma boa elasticidade, o que nem sempre ocorre).
85 - ...Quanto ao limite (de preço) mínimo da curva de oferta, creio que é a curva do ofertante de maior produtividade. Realmente não sai de zero. Porém, pode ser sim bem abaixo do valor, a depender da diversidade de composição orgânica do setor, por exemplo.
86 - Outra coisa que Rubin parece ignorar: o preço e o valor podem sim subir bastante. Até duplicar. Se a demanda sobe loucamente e a oferta é pouco elástica, o setor pode atrair uma enxurrada de novos ofertantes de baixíssima produtividade. Em tal caso, a curva de oferta pode sim ir muito longe do antigo "centro". A demanda tem mais poder indireto do que ele parece enxergar. Tudo depende da situação. A questão, para mim, é que o poder da demanda não flutua no nada. Está ligada à restrição orçamentária das pessoas e suas curvas de preferências. E aí sim voltamos para o valor (objetivo), que está ligado a essa restrição orçamentária.
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