Livro: João Bernardo - Marx Crítico de Marx III - Capítulos 23 e 24

                   

Livro: João Bernardo - Marx Crítico de Marx - Volume Três


Pgs. 93-112:


"CAPÍTULO 23: "A prática como concreto máximo (terceira exposição) e as classes sociais"


30 - Diz que, do capítulo sobre as classes, há no máximo o que não é classe. A interrupção do escrito de Marx não forneceu uma teoria sobre. O próprio Marx fala em alguns momentos que "só há duas classes". Noutros, fala das "três classes", incluindo o proprietário fundiário... E por aí vai. Não há uma teoria acabada das classes sociais. Cita passagens de Marx e de Engels que abonariam a tese incorreta - a seu ver - da determinação da classe pela origem dos rendimentos: lucro, renda e salário. 


31 - Lembra que, ao menos na sua concepção, não existe "prática comum" para que se defina classes a partir dela. De todo campo de práticas participam indivíduos que possuem práticas não exatamente iguais/sobrepostas. A imaginação de uma prática comum, geralmente moral, abre espaço para um Grande Inquisidor de esquerda, digamos. Geralmente o partido. 


32 - Critica que os ortodoxos queiram definir classe também pela produção de determinada consciência individual. 


33 - JB: "se torna dominante a prática que existir como condição do prosseguimento das restantes". Há, assim, uma hierarquia. Nesse sentido é que B parece ver algum tipo de "prática comum".


34 - Primazia da produção material/econômica: "é ela quem assegura a reprodução material da humanidade". É a esfera onde se conjuga necessidade e liberdade. O homem se humaniza. 


35 - A economia determina, mas não domina. Ela condiciona e molda múltiplas formas. 


36 - Esquema conceitual aí que ele monta: Práticas que reforçam a "prática comum": sobre-práticas. A "sobre-prática" pode inclusive inverter papel e dominar a prática comum em algumas situações, para a própria continuidade transmutada dessa última, ao que entendi. (Seria o "novo" que na verdade é velho? Tipo o fascismo, que não entrou em choque com a verdadeira lógica do capital?). (Depois, ele vai continuando a conceitolândia, mas não sei exatamente o que cada um quer dizer na prática.)


37 - Mais à frente, diz que o fascismo é outro tipo de dominação de sobre-prática. Ao que entendi, tem a ver com algo que ele chama de "instituição integradora" - são meio que instituições "culturais" múltiplas -, mas a lógica me parece parecida com a do ponto anterior. (As minúcias das diferenças entre todos esses termos e conceitos não me parece lá muito crucial).


38 - A religião, dominante pós-queda de Roma, seria outro exemplo de prática integradora que toma o controle quando nem as sobre-práticas da época conseguiram manter a prática comum de produção (Antiguidade clássica). 


39 - (Enfim, como não vi muita relevância prática em todos esses novos conceitos, posso estar anotando um monte de coisa sem qualquer maior rigor. Alguns trechos são inclusive bem confusos). 


40 - Práticas comuns (de enfretamento?) do proletariado, por exemplo, que se constituem em instituições concretas. Seria essa a visão de classe de JB? (Ainda acompanhando aqui)



Pgs. 113-143:


"CAPÍTULO 24: "A não-concepção dos gestores em "o Capital". Terceira parte"


41 - Critica que se limite a questão aos proprietários e aos produtores de mais-valia, pois, segundo JB, os gestores nem são proprietários nem produzem mais-valia. Restam "não-pensados".


42 - Unidades diversificadas são integradas sob condições gerais de produção, "morada" dos gestores. Logo, pelo papel fundamental destes na apropriação da mais-valia, não podem passar "em branco".


43 - Essa parte de "propriedade comum dos gestores" ainda não entendi, na prática, o que ele quer dizer.


44 - JB coloca que os marxistas ortodoxos simplesmente ignoram ou criam justificativas nada a ver para a incoerência de Marx ao ora incluir os proprietários fundiários como terceira classe (o que teria de especial, pergunta, o proprietário fundiário em relação aos outros tipos de proprietários, como o banqueiro, por exemplo?), ora falar apenas em duas classes.


45 - JB crê que a distinção de Marx se dá em razão do "monopólio natural" que teriam esses proprietários fundiários. Após, faz uma crítica abstrata a essa concepção (novamente).


46 - Por vários trechos que JB destaca de Marx, dá pra perceber que o tratamento que este último dá ao tema dos gestores é pra lá de oscilante. Ora aparecem confundidos com os capitalistas, ora com os "trabalhadores", e por aí vai...


47 - Quando a criticar que Marx relacione a remuneração do gestor ao tempo de trabalho, também acho que tem pouco a ver. Os rendimentos dos altos gestores de fato têm crescido exponencialmente. Especialmente nas últimas décadas. Tanto ou mais que os dividendos dos capitalistas.


48 - Sobre o gestor não produzir qualquer tipo de mais-valia, ou seja, de não haver qualquer trabalho no "trabalho" dele... Aí já não vejo assim. Discordo de JB e de uma das partes de ambiguidade de Marx.


49 - JB coloca que gestores eram, antes, especialmente pequenos capitalistas arruinados. Mudam de "classe". Porém, o reforço das hierarquias no processo de trabalho também puxa parte do proletariado para a "baixa gestão". Baixo clero da gestão, sem muito poder decisório. Enfim... Pelo menos é assim que ele coloca as coisas.


50 - Coloca que a proletarização da sociedade não se dá nos estritos moldes previstos por Marx justamente porque os gestores absorvem boa parte da burguesia arruinada e mesmo trabalhadores expulsos da produção. (Creio que não é toda a explicação, é bem "parcelar").


51 - Cita que, mesmo na Idade Média, havia recrutamento, pelo clero, dos membros mais destacados das classes dominadas.


52 - Nos tempos de guerra, tende-se a colocar as coisas de modo dual. Lembra-se só de duas partes em conflitos. Porém, nos tempos de "paz", que são os mais longos, as classes podem sim ser múltiplas, enquanto o bicho não pega. É a observação de JB. (E olha que mesmo em guerras, podem haver varios "sub-interesses". Lembro aqui dos stalinistas na Espanha bagunçando).


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