Livro: João Bernardo - Marx Crítico de Marx III - Capítulo 22

                  

Livro: João Bernardo - Marx Crítico de Marx - Volume Três


Pgs. 53-91:


"CAPÍTULO 22: "A não-concepção dos gestores em "O Capital". Segunda parte: trabalho produtivo/trabalho improdutivo"


15 - Coloca que tal debate não nasceu com Marx e que não se trata de metafísica. Os economistas burgueses pré-Marx centravam a análise do que é produtivo ou não na utilidade do produto final - valor de uso. Se era útil ou supérfluo. Marx centra no processo de produção.


16 - "Só é considerado produtivo o trabalhador que fornece uma mais-valia ao capitalista", diz Marx. Que "fecunda o capital". O produto material não importa. Trabalhador do setor de transportes é produtivo para Marx, mas não "cria" nenhum material em si. 


17 - Por que os demais custos de circulação não geram valor em Marx? Algo que nunca me fez sentido. O capital mercantil. no dizer de Marx, por exemplo, só pode mesmo "indiretamente ajudar a aumentar a mais-valia produzida pelo capitalista industrial". (Ou seja, gera valor? Não importa, a meu ver, se é diretamente ou indiretamente, até porque isso é um tanto arbitrário. A parte da fábrica que empacota também não gera valor? O produto já está "produzido"...). Marx mesmo diz que, na prática, este capital mercantil pode levar a um aumento de produtividade geral, no mesmo trecho destacado.


18 - Cita um trecho de Marx sobre trabalho improdutivo que tanto eu quanto JB não vimos sentido. O agente não é produtivo e pode ser medido em "tempo de trabalho necessário" ao mesmo tempo? (Não faz sentido, Marx!) (Enfim, eu e JB só discordamos da solução para a incoerência colocada. Para mim, nem todo trabalho gestor é "improdutivo", já que alguns geral, ainda que indiretamente, valor globalmente considerado).


19 - JB parece confundir trabalho improdutivo com gestão. Essa não teria nenhum aspecto realmente produtivo e os demais "trabalhos improdutivos" - se é que existem para ele - não são mencionados.


20 - Coloca que os gestores das empresas S.A. da vida decidem, cada vez mais, qual parte da mais-valia lhes cabe. Por vezes diminuindo até os dividendos. Mesmo se pudermos falar em exploração do detentor sobre o gestor, não é exatamente a mesma - que é realmente exploração - que acontece entre essas classes e o proletariado. 


21 - O capital variável na circulação é mero curso de produção, em Marx. Não produz mais-valia. Salários como custos. O trabalho improdutivo está expressamente incluído na noção marxista de capital variável (cita trecho).  Porém, JB pergunta se a definição de Marx de capital variável não pressupõe que o gasto no mesmo seja responsável sempre pela produção de mais-valia. (Até porque a lei tendencial da queda da taxa parece tratar a coisa assim. Aumento percentual de "c" gerará um aumento percentual dos gestores em relação aos trabalhadores produtivos, que tendem a diminuir. Só que se Marx inclui o trabalho improdutivo dos gestores em v...). Teríamos uma incoerência. "Não é o capital variável que define precisamente a taxa de mais-valia, pela qual Marx quer pensar o grau de exploração?"


22 - Cita autor que reelaborou, portanto, a lei da queda da taxa de Marx. Tirou as despesas com gestores e demais "despesas improdutivas" do "v" e criou um "I". Assim sendo, a "mais-valia" não incluiria mais esses "valores". A lei tendencial marxista pode continuar nesse esquema


23 - Cita mais autor que coloca a mais-valia como lucro total apenas do setor produtivo. (Eu sou o único que tenho uma ideia/conceito totalmente diferente de trabalho produtivo e improdutivo).


24 - JB finalmente se refere aos demais trabalhos improdutivos, colocando que realmente nada tem a ver o da costureira em domicílio - que está inserido numa lógica artesã pré-capitalista e não-produtora de mais-valia - com o do gestor - totalmente inserido na lógica capitalista. Para marxistas "desatentos", pode ser tudo "pequeno burguês".


25 - Marx coloca que, como o comerciante não produz valor nem mais-valia, o trabalhador comercial tampouco pode ser considerado "produtivo". Produzem lucro, mas não mais-valia, explica Marx. O trabalho "comercial" não cria mais-valia mas faz com que o capital comercial se aproprie da mais-valia produzida pelo industrial. Trabalho "comercial" só gera "participação na mais-valia". Nas palavras de Marx, é isso. Essa abstração.


26 - JB ainda critica que Marx fale em "produção de lucro" na esfera comercial. O lucro não deveria vir apenas da esfera produtiva? Por que não entender que o lucro comercial seja apenas uma apropriação/participação do lucro industrial/produtivo, por exemplo? Coloca que o próprio Marx é ambíguo nesse sentido. 


27 - "Capital variável especial que não se reproduz em mais-valia" é o conceito que Marx arranja para falar no trabalho "comercial". JB chama de subterfúgio já que contradiz o conceito fundamental de capital variável. 


28 - Marx afirma que, para o capital comercial, e só para ele, o trabalho comercial é produtivo. (Pra mim isso tudo é uma grande confusão sem maior sentido prático).


29 - Uma nota de rodapé observa que os discípulos dão as interpretações mais díspares sobre Marx "no tocante a essa questão". Sweezy, Rubin, Poulantzas... Cada um vai numa linha.


.

Comentários