Livro: João Bernardo - Marx Crítico de Marx I - Capítulos 3, 4, 5 e 6
Livro: João Bernardo - Marx Crítico de Marx - Livro Primeiro
Pgs. 115-169:
"CAPÍTULO 3: "A 'prática' como concreto máximo (primeira exposição). Crítica marxista da ideologia burguesa: campo lógico, sub-campos lógicos e elementos ideológicos"
42 - (Que o capítulo não seja tão chato quanto o título!)
a) O campo lógico básico que exprime a prática geral dos capitalistas
43 - JB critica, num rodapé, que um autor marxista como Rowthorn, em seu livro sobre neoclassicismo, tenha que recorrer ao argumento do "fez sucesso porque é simples, o modelo de equilíbrio geral" para explicar a predominância de tal teoria nas academias. Esquece-se da explicação marxista mais óbvia para isso. Era, afinal, a expressão da prática de um grupo social. Não é simplesmente porque o ser humano é "preguiçoso". Diz que Rowthorn flertou pesado com o elitismo aí.
44 - Coloca que Lange e outros, preocupados com a gestão nos países ditos socialistas, fundiam o marxismo com o marginalismo.
45 - Os capitalistas definiram a esfera da circulação como seu campo básico da prática geral. Pareto chega a fugir da questão do valor. (A verdade é que "valor" nem aparece direito hoje em dia nos manuais de economia).
b) A prática e o concreto
46 - Pessoas não são espelhos das outras. Nem o capitalismo anulou a individualidade ao ponto de se falar em prática capitalista como se fosse algo uniforme. O que há são práticas, tendências. Prática como concreto máximo. Porém, essas práticas individuais apresentam "caracteres comuns". Processam-se em "instituições comuns".
47 - Se a sociedade já estivesse cindida, não haveria nem razão de ser no trabalho de um revolucionário. Instituições repressivas são um mal menor frente a guerra que se dá após uma real cisão. Elas mantém a coesão social. Já práticas tidas como "apolíticas" vêm de aspectos comuns de práticas antagônicas. Ao que entendi, também ajudam no processo de coesão.
c) Primeiro sub-campo lógico: o que exprime a prática dos capitalistas banqueiros
48 - O campo lógico geral seria a circulação como fonte do lucro. Esse subcampo inseriria o juro como uma dessas formas de fonte do lucro.
49 - Sobre a crítica que ele fez a Marx nesse ponto, não captei importância prática alguma.
d) Segundo sub-campo lógico: o que exprime a prática dos capitalistas industriais
50 - Capitalista ativo vê o lucro como remuneração pelo seu esforço de direção e vigilância. Não se vê, como o banqueiro, como recebendo remuneração pela mera pose/propriedade do capital.
e) Terceiro sub-campo lógico: o que exprime a prática dos capitalistas comerciais
51 - Não me disse nada, digamos assim
f) Quarto sub-campo lógico: o que exprime a prática dos proprietários fundiários
52 - Também nada.
g) Primeiro elemento... de produção; h) Corolário... capital; i) Sub-corolário... salário; j) Segundo... moeda; k) Corolário... circulação; l) Terceiro... mais-valia;
53 - Idem anterior. A impressão que eu tenho é que ele está pegando as coisas que Marx explicou de forma simples (e olhe lá! Ou seja, nas partes em que este foi simples) e transformando em outra linguagem desnecessariamente complicada, não sei com qual intenção.
54 -Se entendi bem, meio que defende que a luta de Marx contra os conceitos que surgem da prática da burguesia é meio inglória. As ideologias não se comunicam. Não há como existir confronto ideológico.
55 - Até entendo um pouco o ponto de vista de JB ao fim do capítulo, mas creio que o que Marx queria alertar é que o "modo de ver" da burguesia escamoteia processos reais acontecendo na questão da mais-valia. De fato, a mais-valia não precisa importar diretamente no cálculo do capitalista individual.
m) Corolário... produzida. e n) Outros... salário.
56 - Entendi nada.
ANEXO AO CAPÍTULO III - Uma aplicação por Bukharin do modelo epistemológico de Marx
57 - Psicologia social em Bukharin: espécie de inconsciente das ações concretas em comum.
58 - Os rentistas, cada vez mais predominantes, apareciam como um novo subcampo lógico. Trata-se da fruição passiva da mais-valia. Limitam-se a contemplar o mundo da economia. Não se participa mais do processo de produção.
59 - Uma nota de rodapé comenta a enorme confusão terminológica quando se fala em economistas "clássicos" ou "neoclássicos". Cada grupo com sua definição de quem é o quê.
60 - JB fez algumas críticas a Bukharin aqui, mas, como não desenvolveu, ficaram meio no ar.
Pgs. 170-181
"CAPÍTULO 4: "Crítica da ideologia burguesa (continuação): a 'naturalização' da ideologia"
61 - Naturalização = confundir o "conhecimento da prática" com o "conhecimento da natureza".
62 - Identifica a crítica de Marx à naturalização que a burguesia faz a respeito da suposta natureza dos meios de produção. É como se a apropriação privada dos mesmos não tivesse sequer caráter histórico, fosse algo dado. E o trabalho torna-se, "naturalmente", o trabalho assalariado. Da mesma forma, o salário também vira, "naturalmente", o produto do trabalho na cabeça do capitalista.
63 - Vai dando exemplos de naturalização percebidos por Marx. Terra e Capital como senhores da própria existência, tal como o direito do senhor de escravo era considerado "dado". Caído do céu, talvez. As relações de produção são naturalizadas.
64 - Elogia o livro de Rubin sobre teoria do valor.
65 - JB critica que Marx use o binômio "essência/aparência" ao mesmo tempo em que se propõe a superá-lo. Seria uma contradição. JB desenvolveu mais essa crítica aí, mas ficou totalmente abstrata, a meu ver.
Pgs. 182-187
"CAPÍTULO 5: "A naturalização por Marx da sua ideologia. Reformulação da crítica marxista da ideologia burguesa"
66 - Achei o início bem repetitivo e pode ser resumido em uma frase, que já não é novidade no livro (como ele mesmo disse): Marx não vê sua teoria como ideologia.
67 - A "marxista" seria a "ideologia" que conhece a realidade natural/material, a verdade. É a teoria. A ciência. "A ideologia de Marx não se pretende expressão de uma prática".
Pgs. 188-204
"CAPÍTULO 6: "O modelo explícito da prática do proletariado e das suas formações ideológicas"
68 - Coloca que um modelo tenta interpretar a questão colocando a "prática proletária" como aquele que coincide com a "prática natural", sendo esta a não fundada na exploração, a qual - exploração - criaria a necessidade de escamotear as coisas. Coloca que Lukács foi o mais genial defensor desse modelo. Antes mesmo de Lênin, ao que entendi. Práxis (proletária) aparece, neste, como a prática verdadeira. Alcança o conhecimento da natureza. A consciência proletária seria a única consciência parcelar totalizante, pois o conhecimento total da sociedade era essencial para a sua libertação, dizia Lukács.
69 - Kosic criticava que a prática de seu tempo (e possivelmente do nosso) não fosse pensada sob a forma das relações sociais. A concepção individualizada e utilitarista que vigia gerava um "pseudo-concreto". Só a "prática revolucionária" levaria ao concreto verdadeiro. Atinge-se "o fundo oculto das coisas". (De certa forma, é quase nada diferente de Lukács. Ou nada).
70 - JB critica que Kosic não entenda a prática social como articulação de práticas concretas individuais. Individualização e socialização não podem ser antagônicos, coloca JB. Torna-se ironicamente uma prática "abstrata", ao contrário do que o próprio autor defende, diz. O partido entraria como fonte do saber e definição da prática abstrata verdadeira. Kosic não vai tão nessa conclusão, mas JB coloca que ela é possível pelo que ele disse.
71 - JB crê que a problemática da verdade, erro, acerto ou falsidade carece de sentido. Ideologias são expressões de práticas diferentes.
72 - Para JB, essa interpretação que Kosic e demais fazem de Marx nem é o que Marx pretendeu. Não queria o "mestre" confundir a prática proletária com o efetivo conhecimento da realidade natural. Mesmo a ideologia proletária estaria sujeita às ilusões. Cita trechos do O Capital, livro III. "A ideologia de Marx apresenta-se, repito, como expressão direta da realidade e não de uma prática em especial". Exemplo: mesmo na cabeça do trabalhador, ele está vendendo o "trabalho", não a força de trabalho. Distinção entre preço do trabalho e valor do trabalho não aparece muito. Ou não aparece.
73 - Critica que Marx não veja, no proletariado, uma prática que desvanece as ilusões quanto ao trabalho assalariado. Só a teoria/ciência é que faria isso. Ao que entendi, critica que Marx não fale das práticas anticapitalistas e suas possíveis instituições. Diz que "O Capital" em vez de ser a crítica da economia política pode ser considerado, no máximo, uma economia política crítica.
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