Livro: Karl Marx - O Capital, Livro III - Capítulo 33
Livro: Karl Marx - O Capital, Livro III - Capítulo 33
Pgs. 633-662:
CAPÍTULO 33: "O meio de circulação no sistema de crédito"
403 - Mostra que o mesmo número de cédulas - ou até menor - pode representar uma quantidade crescente de circulação e negócios. Não sei bem a atualidade do "e daí" disso, mas ok.
404 - “Em 18 de setembro de 1846, a circulação de cédulas do Banco da Inglaterra era de £20.900.000, e sua reserva metálica era de £16.273.000; em 5 de abril de 1847, a circulação era de £20.815.000, e a reserva metálica, de £10.246.000. Isso significa que, apesar da exportação de £6 milhões de ouro e prata, a circulação de cédulas bancárias não foi reduzida.” (J.[ohn] G.[ardner] Kinnear, The Crisis and the Currency, Londres, [J. Murray,] 1847, p. 5)
405 - Marx coloca que as leis podem alterar essa situação aí.
406 - Nos períodos de calmaria que sucedem às crises, a circulação se reduz ao mínimo e, ao reanimar-se a demanda, surge uma necessidade maior de meios de circulação, que se acentua à medida que aumenta a prosperidade; a massa dos meios de circulação chega a seu apogeu nos períodos de excesso de tensão e de superespeculação – então volta a estourar a crise e, da noite para o dia, desaparecem do mercado as cédulas bancárias que na véspera circulavam com tamanha abundância e, com elas, os descontadores de letras, os que concedem adiantamentos sobre papéis de crédito, os compradores de mercadorias. O Banco da Inglaterra deve agir para remediar a situação, mas suas forças logo se esgotam, pois a lei bancária de 1844 o obriga a restringir sua circulação de cédulas justamente no momento em que todo mundo clama por elas, em que os possuidores de mercadorias não podem vender e, no entanto, têm de efetuar pagamentos, o que faz com que estejam dispostos a qualquer sacrifício para obter papel-moeda. “Durante o alarme”, diz o supracitado banqueiro Wright (ibidem, n. 2.930), “o país precisa do dobro de meios de circulação que em épocas normais, pois o meio de circulação é entesourado por banqueiros e outros”.
407 - Mais uma da série "não era muuuito diferente": Não se deve esquecer que, embora nas mãos do público se encontrem, com certa constância, de 19 milhões a 20 milhões de cédulas, por um lado, a parte dessas cédulas que efetivamente circula e, por outro, a parte que fica ociosa como reserva em poder dos bancos variam constantemente uma em relação à outra, em proporções consideráveis.
408 - (Nâo entendi se a inflação nessa época era irrelevante, pois Marx nunca diferencia juros nominais de juros reais. Estou entendendo que se refere sempre aos nominais. De toda forma, é bem estranho e difícil de interpretar frases desse tipo: "não existe conexão entre preço de mercadorias e juros".)
409 - Circulação e taxa de juros muitas vezes divergem totalmente (o que torna esse capítulo bem repetitivo, por sinal. Sem contar o quanto está datado)
410 - Chapman: 5.062. “Pode haver épocas em que as cédulas bancárias que se encontram nas mãos do público representam uma soma muito grande e, apesar disso, seja impossível obtê-las.” O dinheiro também existe durante o período de pânico, mas todos evitam convertê-lo em capital emprestável, em dinheiro emprestável; cada um procura reservá-lo para as necessidades reais de pagamento.
411 - Hoje, as "too big to fail" já não mais "querem", mas praticamente "impõem": A ingenuidade das perguntas e das respostas é grande. Torna-se dever do legislador fazer com que sejam sempre conversíveis as letras aceitas pelas grandes firmas e providenciar que o Banco da Inglaterra, sob quaisquer circunstâncias, volte a descontá-las para os bill-brokers. Mesmo assim, em 1857, três desses bill-brokers ainda foram à falência, com dívidas de cerca de [£]8 milhões e um capital próprio insignificante em comparação com essas dívidas.
412 - Liquidez em tempos de crise e pânico: Por outro lado, os capitalistas privados etc., que têm dinheiro, não o cedem a juros nenhum, pois dizem, de acordo com Chapman, 5.194: “Preferimos não cobrar juros a ficar em dúvida se poderemos recuperar o dinheiro caso dele necessitemos”.
413 - "...O dinheiro real é sempre dinheiro do mercado mundial, e o dinheiro creditício tem sempre como base o dinheiro do mercado mundial".
414 - Ainda o depoimento do banqueiro lá: "5.307. “Então, se o governo deixasse de vos prover com meios de circulação, os senhores criariam um para si mesmos? – Que poderíamos fazer? O público chega e nos toma das mãos o meio de circulação; este não existe.” – 5.308. “Portanto, os senhores se limitariam a fazer em Londres o que diariamente se faz em Manchester? – Sim.”"
415 - Interessante que o programa dos tais "homens do xelim pequeno" é bem o que os BC's passaram a fazer, na prática, durante o keynesianismo: ...Eles defendiam que a aplicação de sua teoria contribuiria, por meio de um aumento artificial dos preços, para reanimar a indústria e assegurar a prosperidade geral do país. No entanto, a proposta desvalorização do dinheiro podia servir simplesmente para amortizar as dívidas do Estado e dos grandes empresários, que eram os principais tomadores dos mais diferentes créditos. Sobre os “homens do xelim pequeno”, Marx fala também em seu trabalho Zur Kritik der politischen Ökonomie (Berlim, [F. Duncker,] 1859) [ed. bras.: Contribuição à crítica da economia política, cit.]. (N. E. A)
416 - Por fim, em momentos de crise, falha completamente a circulação de letras; as pessoas só aceitam pagamentos à vista, e as promessas de pagamento não servem para nada; apenas a cédula bancária conserva sua capacidade de circulação, pelo menos até agora na Inglaterra, pois a nação, com toda a sua riqueza, dá cobertura ao Banco da Inglaterra.
417 - Marx realmente não gostava de banqueiro...: O sistema de crédito, cujo núcleo são os supostos bancos nacionais e grandes prestamistas e usurários de dinheiro a seu redor, constitui uma enorme centralização e confere a essa classe parasitária um poder fabuloso – não só de dizimar periodicamente os capitalistas industriais, mas de intervir da maneira mais perigosa na produção real, da qual esse bando não sabe absolutamente nada e com a qual não tem nenhuma relação. As leis de 1844 e 1845 provam o poder crescente desses bandidos, com os quais se aliam financistas e stock-jobbers.
418 - (Enfim, capítulo bem chato. Devia ficar como anexo separada, sei lá: "como funcionava o sistema de crédito inglês do Século XIX: uma breve história chata")
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