Livro: Karl Marx - O Capital, Livro III - Capítulos 1 e 2

                                              

Livro: Karl Marx - O Capital, Livro III - Capítulos 1 e 2



Pgs. 64-78:



Seção I


A TRANSFORMAÇÃO DO MAIS­-VALOR EM LUCRO E DA TAXA DE MAIS­-VALOR EM TAXA DE LUCRO



CAPÍTULO 1: "Preço de custo e lucro"


22 - O valor de cada mercadoria M – capitalisticamente [kapitalistisch] produzida – apresenta­-se na seguinte fórmula: M = c + v + m.


23 - Para o trabalhador, aparece como o seguinte: M = p + m, ou valor­-mercadoria = preço de custo + mais­-valor.


24 - O preço de custo capitalista da mercadoria é, desse modo, quantitativamente distinto de seu valor ou de seu preço de custo real; ele é menor que o valor­-mercadoria, pois, como M = p + m, então p = M − m. Enfim, deduzo que p = c + v. O "valor" sem o mais-valor.


25 - Marx observa que, se o preço do capital constante se altera, o valor da mercadoria se modifica e o mais-valor continua igual. Já se o preço da força de trabalho - da mesma massa de trabalhadores - se altera, o valor da mercadoria é que continuará igual, havendo, porém, diminuição ou aumento do mais-valor. É a força viva da produção: Suponhamos, inversamente, que, mantendo­-se invariáveis as demais circunstâncias, o preço da mesma massa de força de trabalho aumente de £100 para £150 ou, ao contrário, diminua para £50. No primeiro caso, o preço de custo certamente aumenta de £500 para 400c + 150v = £550; no segundo caso, diminui de £500 para 400c + 50v = £450. Em ambos os casos, porém, o valor­-mercadoria permanece inalterado = £600, sendo uma vez = 400c + 150v + 50m e a outra vez = 400c + 50v + 150m.


26 - Preço de custo na prática num exemplo: O adiantamento de capital é, portanto = £1.680: capital fixo = £1.200 + capital circulante = £480 (= £380 em materiais de produção + £100 em salário). (...) Em contrapartida, o preço de custo da mercadoria é apenas = £500 (£20 para o desgaste do capital fixo, £480 para o capital circulante). (...) Assim, o capital fixo aplicado entra apenas parcialmente no preço de custo da mercadoria, porque é apenas parcialmente gasto em sua produção


27 - O "capital global": só contribui de maneira parcial para a formação do preço de custo, mas de maneira total para a formação do mais valor.


28 - "Uma soma de valor é capital, portanto, porque é desembolsada para gerar um lucro, ou o lucro é engendrado porque uma soma de valor é empregada como capital".


29 - O "valor-mercadoria" é preço de custo mais lucro.


30 - Entre o valor da mercadoria e seu preço de custo, é claramente possível uma série indeterminada de preços de venda. Quanto maior o elemento do valor­-mercadoria constituído de mais­-valor, maior o campo de ação para a prática desses preços intermediários. Enfim, dá pra ter lucro vendendo mercadoria "abaixo do valor". 



Pgs. 79-88:


CAPÍTULO 2: "Preço de custo e lucro"


31 - Como o capitalista só pode explorar o trabalho mediante o adiantamento do capital constante e só pode valorizar o capital constante por meio do adiantamento do capital variável, essas duas partes do capital equivalem­-se para ele na representação, e isso tanto mais quanto mais o grau efetivo de seu ganho for determinado não com relação ao capital variável, mas ao capital total, não pela taxa de mais­-valor, mas pela taxa do lucro, que, como veremos, pode permanecer a mesma e, não obstante, expressar diferentes taxas de mais­-valor.


32 - Lucro é excedente sobre o capital: Esse excedente encontra­-se numa proporção para com o capital total que se expressa na fração m/C, onde C significa o capital totalAssim, obtemos a taxa de lucro m/C = m/C + v em contraste com a taxa de mais­-valor m/v.


33 - Marx sendo sucinto, aproveitem: A taxa de mais­-valor medida sobre o capital variável chama­-se taxa de mais­-valor; a taxa de mais­-valor medida sobre o capital total chama­-se taxa de lucro. Trata­-se de duas medições distintas da mesma grandeza, as quais, em decorrência da diversidade dos padrões de medida, expressam simultaneamente proporções ou relações distintas da mesma grandeza.


34 - A taxa de lucro é a superfície a de "mais-valor" a "essencial/invisível".


35 - Assim, embora a taxa de lucro seja numericamente distinta da taxa de mais­-valor, ao mesmo tempo que o mais­-valor e o lucro são, na verdade, a mesma coisa, e também numericamente iguais, o lucro é uma forma transformada do mais­-valor, uma forma em que sua origem e o segredo de sua existência são encobertos e apagados.


36 - Especulação financeira que o diga: À medida que prosseguimos no acompanhamento do processo de valorização do capital, cada vez mais a relação do capital se mistifica e cada vez menos se revela o segredo de seu organismo interno.


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