Livro: Varian, Hal - Microeconomia (2015) - Parte XIX
Livro: Varian, Hal - Microeconomia (2015) - Parte XIX
Pgs. 678-706:
CAPÍTULO 25: "Monopólio"
581 - Um monte de álgebra só para ilustrar que o monopolista opera sempre onde a elasticidade é maior que um. Do contrário, poderia maximizar os lucros simplesmente reduzindo a produção. Enfim, a monopolista toma o cuidado de não entupir o mercado com seu produto. Não vai com força total. Maximizar o lucro continua sendo a mesma coisa aqui: igualar receita marginal e custo marginal:
582 - ...Como ele bota o preço artificialmente "pra cima", por não estar em um mercado competitivo, fica uma boa "área de lucro". O acréscimo é o mark-up.
583 - ...O preço de mercado é um markup sobre o custo marginal, no qual a quantidade de markup depende da elasticidade da demanda. O markup é dado por
584 - Ninguém é besta:...Como o monopolista sempre opera onde a curva de demanda é elástica, temos a garantia de que |є|>1, e, assim, o markup é maior que 1.
585 - Se a elasticidade for constante: O monopolista que se defronta com uma curva de demanda com elasticidade constante cobrará um preço que é um markup constante do custo marginal.
586 - Impostos e monopólio: preço pode aumentar, proporcionalmente, mais ou menos que o imposto (ou o aumento dele). Depende da curva de demanda e sua elasticidade:
587 - ...O exemplo é de imposto sobre quantidade. "Um imposto apenas sobre os lucros não terá efeito sobre a escolha de produção do monopolista".
588 - Lembra que monopólio não tem eficiência de Pareto. O preço é permanentemente maior que o custo marginal.
589 - Ônus na figura abaixo: A área B + C é conhecida como ônus graças ao monopólio. Ela fornece uma medida de quão pior está a situação das pessoas que pagam o preço de monopólio em vez de pagar o preço competitivo.
590 - Patentes funcionam como espécie de monopólio. Quanto maior a duração da patente, maior o ganho dos inventores e, portanto, mais incentivos terão para gastar em pesquisa e desenvolvimento. Entretanto, quanto maior a duração do monopólio, maior será a geração de ônus. (...) A vida “ótima” de uma patente é o período que equilibra esses dois efeitos conflitantes. (...) Nordhaus descobriu que, para a maioria das invenções, uma duração de patente de 17 anos era, em termos brutos, 90% eficiente – significando que alcançava 90% do excedente do consumidor máximo possível. (Não explica as contas).
591 - Alguns estudiosos argumentaram que a extensão dos direitos de propriedade intelectual a processos corporativos, software e outros domínios resultou em uma baixa qualidade das patentes. Problema é que patentes possuem alguns aspectos muito subjetivos: a) maior ou menor abrangência com que se interpretam as pretensões dos proprietários da patente. b) o padrão de novidade aplicado para determinar se a patente realmente representa uma nova ideia.
592 - ...Qualquer companhia que queira ingressar em um setor do mercado e competir com outra empresa já estabelecida (incumbent), que já se beneficie da propriedade de um amplo espectro de patentes, pode se ver prejudicada por um "emaranhado de patentes". (...) Entre 2003 e 2004, foram concedidas mais de mil patentes à Microsoft. Coloca que as patentes nesse setor são como armas nucleares que visam intimidar a potência/empresa rival. No fim, a ideia é que ninguém as use.
593 - Normalmente, é ilegal nos Estados Unidos coordenar a produção para fazer os preços subirem, mas existem algumas indústrias isentas das regras antitruste. (...) Um exemplo notável é o dos produtores agrícolas. A lei Capper Volstead, de 1922, isenta os agricultores, especialmente, das regras federais antitruste. O resultado foi a criação de uma série de “juntas de comercialização agrícola”, na tentativa de regular voluntariamente a oferta de produtos agrícolas. Por fim, deu o exemplo da redução combinada da produção de batata em 2005.
594 - Coloca que regular o monopólio pode gerar grandes problemas. Determinar que o preço se iguale ao custo marginal pode fazer com que a produção diminua de modo ao custo médio se tornar superior à receita média, ao que entendi, já que Varian fala em "lucro negativo". A curva de demanda não favorece essa "regulação". Enfim, corrige uma ineficiência gerando outra até pior.
595 - ...Esse tipo de situação costuma ocorrer com os serviços de utilidade pública. Custo fixo é muito alto e o marginal é muito baixo. Tal situação é conhecida como monopólio natural.
596 - Os problemas da regulação de monopólios naturais explorados por agentes privados: Normalmente, há uma comissão de utilidade pública que investiga os custos do monopólio numa tentativa de descobrir os custos-médios verdadeiros e estabelecer um preço capaz de cobrir esses custos. (É claro, um desses custos é o pagamento que as empresas têm de fazer a seus acionistas e a outros credores em troca do dinheiro que eles emprestaram à empresa.).
597 - A outra solução para o problema do monopólio natural é deixar o governo operá-lo. A solução ideal nesse caso é operar o serviço com preço igual ao do custo marginal e fornecer um subsídio de montante fixo para manter a empresa em operação. Isso é praticado com frequência nos sistemas de transportes públicos locais, como os de ônibus e metrô. Os subsídios de montante fixo podem não refletir operação ineficiente por si, mas apenas refletir os grandes custos fixos associados a esses serviços de utilidade pública. (...) Assim, mais uma vez, os subsídios podem representar apenas ineficiência! O problema dos monopólios governamentais é que neles é quase tão difícil medir os custos quanto nos serviços de utilidade pública regulamentados.
598 - O que causa os monopólios: O fator crucial é o tamanho da escala mínima de eficiência (EME), que aponta o nível de produção capaz de minimizar o custo médio, com respeito ao tamanho da demanda.
599 - Não podemos fazer muito no que tange à escala mínima de eficiência – que é determinada pela tecnologia.
600 - Os conselhos reguladores custam dinheiro e os esforços da empresa para satisfazê-los podem custar bastante caro. Do ponto de vista da sociedade, a questão deveria ser: o ônus do monopólio excede os custos de regulamentação? (Entendo e aqui realmente seria legal uma matemática com caso concreto)
601 - Como a De Beers faz a festa: Primeiro, ela mantém estoques consideráveis de diamantes de todos os tipos. Se algum produtor tentar vender fora do âmbito do cartel, a De Beers tem condições de rapidamente inundar o mercado com o mesmo tipo de diamante, como forma de punir o desertor do cartel. Em segundo lugar, as cotas dos grandes produtores baseiam-se na proporção das vendas totais. Quando o mercado está fraco, a cota de produção de todos é reduzida de maneira proporcional, o que automaticamente aumenta a escassez e eleva os preços. (...) Em terceiro lugar, a De Beers está envolvida tanto na mineração como na venda no atacado. (...). Se o mercado estiver fraco no tocante a determinado tamanho de diamante, a De Beers pode reduzir o número dessas pedras ofertadas nas caixas, o que as torna mais escassas. (...) Por fim, a De Beers pode influenciar a direção da demanda final de diamantes por meio dos US$110 milhões que gasta anualmente em propaganda. Mais uma vez, essa propaganda pode ser ajustada para os tipos de diamante cuja oferta encontra-se mais escassa.
602 - Varian traz interessante exemplo de cartel para fraudar leilões de antiquários em prejuízo ao interesse público. Outro exemplo foi um truste de fixação de preços no mercado de memória para computador (chip DRAM) pelo início dos anos dois mil.
EXERCÍCIOS E APÊNDICE
603 - A primeira questão é facil, mas importante. Não tem como uma suposta máfia monopolista produzir heroína num ponto em que a demanda é "altamente inelástica". Para maximizar os lucros, produziriam sempre em algum ponto em que a demanda é elástica. Enfim, ou a demanda não é realmente inelástica como se diz ou não há monopólio algum. Ou então o monopólio não é lá muito racional, o que seria bem estranho, creio. Um monopolista que maximiza lucros nunca produziria onde a demanda pelo seu produto fosse inelástica.
604 - P = O monopolista defronta-se com uma curva de demanda dada por D(p) = 100 – 2p. Sua função custo é c(y) = 2y. Qual seu nível ótimo de produção e preço?; Calculei, não com as fórmulas que anoto, mas nem gravo, mas com mero testes, que o melhor mix preço/quantidade dado pela função/curva de demanda eram 50 "unidades" a 25 "reais". É a receita máxima do negócio. Daria 1250. Como o custo disso seria 2 x 50 = 100, poderíamos dizer que é um bom lucro e parar aí, mas cabe ver o que acontece perto disso. Se ele coloca o preço 26 "reais", vai vender 48 unidades. Receita total de 1248, só que com custo de 96. Lucro até aumentou. Se coloca "27" reais, vai vender 46 unidades. . Receita total de 1242, mas a custo de 92. Volta a ser o mesmo lucro do "50 coisas a 25 reais". Enfim, o melhor mesmo, para maximizar o lucro, é vender 48 unidades a 26 reais, por mais que, para a sociedade, fosse melhor aumentar essa produção, a qual ainda seria lucrativa por várias unidades a mais, tendo em vista o baixo custo marginal. Se o preço fosse dois reais ainda haveria lucro zero! 96 unidades produzidas. (Claro que tudo isso seria melhor respondido com as fórmulas e/ou gráficos. Talvez até de forma mais rápida. Só quis mostrar que em casos simples, nem precisa. Como não estou interessado nessas minúcias e exatidões...)
605 - ...Depois vi o gabarito dessa mesma questão. A forma mais "matemática" e rápida é assim: Primeiro, resolva para a curva de demanda inversa para obter p(y) = 50 – y/2. A receita marginal será dada, pois, por RM(y) = 50 – y. Iguale isso ao custo marginal de 2 e resolva para obter y = 48. Para determinar o preço, substitua na função demanda inversa, p(48) = 50 – 48/2 = 26.
606 - Algumas outras questões eu não entendi. Como sempre, não sei de quem foi a culpa entre as cinco ou seis opções possíveis e não exclusivas, por sinal.
607 - P = Se a curva de demanda com a qual o monopolista se defronta tiver uma elasticidade constante de 2, qual será o markup no custo marginal?; R = O preço será o dobro do custo marginal.
608 - O apêndice eu nem entendi o que pretendeu, na prática.
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