Livro: Varian, Hal - Microeconomia (2015) - Parte XXIV
Livro: Varian, Hal - Microeconomia (2015) - Parte XXIV
Pgs. 850-871:
CAPÍTULO 31: "Economia comportamental"
747 - Este capítulo vai se basear na psicologia e nos "exemplos de efeitos de contexto", dos quais os marqueteiros tiram proveito. Preços com noventa e nove no final e lojas "chiques" vendendo produtos bem mais caros que outros idênticos em lojas "baratas".
748 - Efeito ancoragem: um exemplo é interessante. Você pagaria por essa garrafa de vinha os últimos dois dígitos de seu "CPF"? Pessoas respondiam. Depois era feita a pergunta: qual o valor máximo que você pagaria por essa garrafa de vinho? Resultados: aqueles cujos dígitos do número de inscrição eram menores ou iguais a 50 dispunham-se a pagar, em média, US$11,62; aqueles cujos dígitos eram superiores a 50 dispunham-se a pagar, em média, US$19,95. Ou seja, as pessoas se prenderam ao único sinal concreto que viram de referência, mesmo não fazendo sentido algum. Coloca que, no mercado de ações, esse "efeito ancoragem" rola solto.
749 - Efeito balizamento: É comum as pessoas terem dificuldade para compreender o seu próprio comportamento e acharem bastante difícil prever o que realmente escolheriam em diferentes circunstâncias. (...) Por exemplo, um professor de marketing pediu a seus alunos que escolhessem entre seis tipos diferentes de lanches para consumir em cada uma das três semanas sucessivas de aulas. (...) Em um dos tratos, teriam de escolher todos os lanches com antecedência; no outro, escolheriam diariamente, pouco antes de consumi-los. (...) Quando tiveram de escolher antecipadamente, escolheram um conjunto bem mais diversificado de lanches. De fato, 64% escolheram um lanche diferente para cada uma das semanas; no outro grupo, tais escolhas corresponderam a apenas 9%. Ao enfrentarem escolhas feitas em conjunto, as pessoas parecem preferir a variedade à exclusividade. Mas quando se trata de escolher concretamente, decidem pelo que as deixa mais à vontade. Todos somos filhos do hábito, até em nossas escolhas de lanches.
750 - Excesso de opções: Em um experimento feito em um supermercado, dois pesquisadores em marketing montaram expositores com amostras de geleias de frutas. Um dos expositores oferecia 24 sabores; o outro, apenas 6. Mais pessoas se detiveram no expositor maior, mas um número substantivamente maior na verdade comprou geleia no expositor menor. Ter mais opções pareceu ser mais atrativo aos consumidores, mas a profusão de opções no expositor maior aparentemente dificultou-lhes a decisão. Adiciona que, de certa forma, essa sensação foi percebida até quando o experimento era com portfólios de investimentos.
751 - (Varian tem colocado, no livro, as referências de cada estudo desses. Tirou de diversas publicações diferentes).
752 - Revisitando a questão das "preferências": Psicólogos e economistas comportamentais sustentam que as preferências não são um guia para a escolha. Ao contrário, elas são “descobertas”, em parte, por meio das experiências de escolha. (...) Imagine-se observando alguém pegar um tomate em um supermercado, devolvê-lo à prateleira e depois pegá-lo outra vez. Essa pessoa quer ou não quer o tomate? A relação preço-qualidade para o produto oferecido é aceitável? Ao presenciar esse tipo de comportamento, você vê alguém que está “na margem” em termos de tomada de decisão. Ela está, na interpretação dos psicólogos, descobrindo as suas preferências.
753 - ...Sobre isso, Varian faz essa reflexão bem válida: Parece provável que o modelo psicológico ofereça a melhor descrição do que realmente acontece. Todavia, os dois pontos de vista não são inteiramente incompatíveis. Como vimos, uma vez descobertas, ainda que por algum misterioso processo, as preferências tendem a se tornar embutidas nas escolhas. Escolhas, uma vez consolidadas, tendem a ancorar decisões. Se você tentar comprar aquele tomate daquele consumidor após ele ter finalmente decidido ficar com o produto, é provável que tenha de pagar um preço maior do que custou para ele.
754 - Próximo tópico é "incerteza". A "lei dos pequenos números" é basicamente saber a resposta ao seguinte problema: "Uma cidade tem dois hospitais. No maior deles, nascem em torno de 45 bebês por dia; no menor, 15 bebês. Como sabemos, aproximadamente 50% dos bebês são meninos. Contudo, essa porcentagem exata varia de dia para dia. Algumas vezes, pode ser superior a 50%; outras, pode ser inferior. Em cada hospital, durante um ano, foram registrados os dias em que mais de 60% dos bebês nascidos eram meninos. Qual dos hospitais, em sua opinião, registrou um maior número desses dias?”. A resposta correta é "obviamente no menor deles". Pelo contrário da "Lei dos Grandes Números" (LGN) - "o valor médio de uma amostra grande de uma população tende a se aproximar da média da população". Basta saber esta. Pois bem, "os universitários" erraram.
755 - Um estudo assistiu às finais de Wimbledon e concluiu que os tenistas falham muito em quererem parecer randômicos. "É um resultado compatível com uma extensa pesquisa experimental, em psicologia e economia, que indica que as pessoas que tentam se comportar de forma realmente aleatória tendem a ‘mudar com excessiva frequência’." Disso eu nunca pude ser acusado em um jogo.
756 - Fala também de estudos que identificam excessiva aversão ao risco, levando pessoas a recusarem apostas em boas condições.
757 - Experimentos mostraram mais forte ainda "aversão à perda". Basta ver este: Em uma experiência reproduzida muitas vezes, dois pesquisadores deram canecas de café à metade de um grupo de participantes. Pediram aos participantes que receberam canecas que dissessem qual era o preço mínimo pelo qual as venderiam. Depois, pediram aos participantes que não as receberam que dissessem o preço máximo que pagariam por elas. Uma vez que as canecas foram distribuídas de forma aleatória, os preços médios dec ompra e venda deveriam ser aproximadamente iguais. Todavia, na experiência, o preço médio de venda foi US$5,79 e o de compra, US$2,25. Preços bastante diferentes. Aparentemente, os participantes que ganharam canecas eram mais avessos a desfazerem-se das canecas do que os que não as ganharam. Suas preferências pareceram influenciadas por suas dotações, contrariando o que é sustentado pela teoria padrão do consumidor.
758 - O início da parte sobre "tempo" praticamente nada me disse de interessante/novo ao fim. Não entendi pra que - o objetivo de - toda aquela abstração chata.
759 - Uma variação interessante do autocontrole é o fenômeno do excesso de confiança. Dois especialistas em economia financeira, Brad Barber e Terrance Odean, estudaram o desempenho de 66.465 famílias que negociavam com corretoras de valores mobiliários. Durante o período estudado, as famílias que negociaram raras vezes obtiveram retornos de 18% sobre os investimentos, enquanto o retorno obtido pelas famílias que negociaram mais ativamente foi de 11,3%.
760 - ...Um dos fatores mais importantes que pareceu influenciar essa excessiva negociação é o gênero: os homens negociaram muito mais que as mulheres. Os psicólogos com frequência constatam que os homens tendem a confiar excessivamente em suas próprias capacidades, enquanto a maioria das mulheres tende a ser mais realista. Os psicólogos referem-se a esse aspecto do comportamento masculino como uma manifestação da “tendência autosservidora”. 102 Basicamente, os homens (pelo menos, alguns) tendem a achar que seu sucesso sempre resulta de suas próprias habilidades, sem interferência alguma da sorte fortuita, e isso os torna excessivamente confiantes.
761 - Jogo do ultimato com divisão de dez dólares. Pegar ou largar. De fato, os respondentes tendem a rejeitar ofertas que sejam percebidas como injustas. Ofertas que dão ao respondente menos de 30% do total a ser dividido são rejeitadas em mais de 50% das vezes. (...) A divisão média tende a ser de 45% para o respondente e 55% para o proponente, e aproximadamente 16% das ofertas são rejeitadas.
762 - ...Há diversos livros que examinam como as características dos jogadores afetam o resultado do jogo. Uma parte deles diz respeito às diferenças de gênero: parece que os homens tendem a ser favorecidos em suas partes na divisão, especialmente quando as divisões são feitas por mulheres.
763 - ...Há indícios de que algumas culturas valorizam mais a equidade do que outras, induzindo as pessoas a rejeitarem ofertas que sejam percebidas como iníquas.
764 - ...Também é possível variar as regras do jogo. Em uma variante, em cuja modelagem se usa o chamado “método para estratégias”, 104 pede-se aos respondentes que nomeiem a divisão mínima que aceitarão antes de saberem a quantia que lhes será ofertada. Os proponentes sabem que a decisão será feita com antecedência, mas, obviamente, não sabem qual é a divisão minimamente aceitável. Nessa variante experimental, as ofertas feitas pelos proponentes tendem a aumentar, isto é, as partes das divisões tendem a ser mais iguais.
765 - ...Consideremos, por exemplo, os jogos punitivos, que generalizam os jogos de ultimato usando uma terceira parte, que observa as escolhas feitas pelo proponente/divisor. A terceira parte pode escolher, com certo custo para si, subtrair parte do lucro do proponente. (...) Experimentadores descobriram que cerca de 60% dessas terceiras partes de fato punirão aqueles que fizerem divisões iníquas.
766 - Engraçada é a conclusão que deixaria boa parte dos "ultraindividualistas" ouriçada: ...De fato, há diferenças interculturais quanto às normas sociais de equidade. Em algumas sociedades, os indivíduos parecem atribuir à equidade um grande valor; em outras, não é tão valorizada. Contudo, o ímpeto por punir a iniquidade é amplamente compartilhado. Sugeriu-se que a predileção por resultados “equânimes” é parte da natureza humana, talvez porque os indivíduos que agiram com equidade em relação aos demais tenham tido maiores chances de sobreviver e se reproduzir.
767 - Nada de interessante nos exercícios. Mera repetição e tudo fácil.
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