Livro: Varian, Hal - Microeconomia (2015) - Parte VII

               

Livro: Varian, Hal - Microeconomia (2015) - Parte VII


Pgs. 257-286:


CAPÍTULO 9: "Comprando e vendendo"


194 - Pressuposto: só há dois bens, ω1 , ω2.  


195 - Conceitua demanda líquida como "simplesmente a quantidade comprada ou vendida do bem." (...) Se representarmos as demandas brutas dos bens por (x1 , x2), então (x1 – ω1, x2 – ω2 ) serão as demandas líquidas. (...) Se a demanda líquida do bem 1 for negativa, isso significa que o consumidor quer consumir menos do bem 1 do que tem; ou seja, quer ofertar o bem 1 no mercado. A demanda líquida negativa é apenas uma quantidade ofertada. Concluo que a demanda bruta é uma demanda que nem é demanda "pessoal" então. Tá sobrando. O cara não dá muito valor subjetivo a coisa, mas quer vender porque sabe que o valor objetivo, de mercado, ou qualquer nome que se queira chamar, está maior/melhor. Ou mesmo quer fazer market timing, sei lá. É possível também.


196 - Para a análise econômica, as demandas brutas são as mais importantes, uma vez que é nelas que o consumidor está interessado. Mas são as demandas líquidas que realmente são exibidas no mercado e, portanto, estão mais perto daquilo que os leigos entendem por demanda ou oferta.


197 - Reta orçamentária na demanda líquida: O valor da cesta de bens que ele leva para casa tem de ser igual ao valor da cesta que levou para o mercado. Ou seja, p1x1 + p2x2 = p1ω1 + p2ω2. O que significa... p1 (x1 – ω1 ) + p2 (x2 – ω2 ) = 0.


198 - Mais conceitos: ...Se (x1 – ω1 ) for positivo, diremos que o consumidor é um comprador líquido ou demandante líquido do bem 1; se for negativo, diremos que o consumidor é um vendedor líquido ou ofertante líquido. No modelo... "p1x1 + p2x2 = m" e "m = p1ω1 + p2ω2".


199 - Mais conceito: a "cesta de dotação" está sempre na reta orçamentária. Um (e não o) valor de (x1 , x2) que satisfaz a reta orçamentária é x1 = ω1 e x2 = ω2.



200 - Ao que entendi dos conceitos, o consumidor só vai comprando/trocando o que entender que maximiza a utilidade. Nisso pode ser comprador líquido ou vendedor líquido. Vou antecipar uma questão do final do capítulo, para que se entenda desde aqui o conceito: Não confundir. "P = Se as demandas líquidas de um consumidor forem (5, –3) e sua dotação (4, 4), quais serão suas demandas brutas?; R = Suas demandas brutas serão (9, 1)". 


201 - Enfim ele reconheceu meu ponto desde que estou começando a estudar isso: Se o consumidor puder vender uma cesta de bens num mercado livre a preços constantes, ele preferirá sempre a cesta de maior valor a uma cesta de menor valor, simplesmente porque a cesta de maior valor lhe dará mais renda e, portanto, maiores possibilidades de consumo.


202 - A dotação - espécie de patrimônio do sujeito... "coisas" que ele tem/pode vender - muda tudo. ...Assim, no caso em que o consumidor tenha uma dotação, as variações de preços implicarão automaticamente variações de renda.


203 - ...Se o preço do bem que o agente oferta cair e ele nada fizer, ficará numa situação pior que antes. 



204 - ...O que aconteceria se diminuísse o preço de um bem que o consumidor vende e ele decidisse passar a ser comprador desse bem? Nesse caso, o consumidor poderia melhorar ou piorar de situação – não há como prever.


205 - O que ocorre se um bem costumeiramente comprado baixa o preço? Como de costume, não sabemos se o consumidor comprará mais ou menos do bem 1 – isso depende de seus gostos. No entanto, de uma coisa podemos estar certos: o consumidor continuará como um comprador líquido do bem 1 – ele não passará a ser um vendedor. É mais uma das meras decorrências da preferência revelada. 



206 - A curva de preço-consumo passará sempre pela dotação porque, a algum preço, a dotação será uma cesta demandada; ou seja, a alguns preços, o consumidor escolherá, de maneira ótima, não fazer nenhuma troca.


207 - Oferta é uma demanda líquida negativa. Algebricamente, a demanda líquida do bem 1, d1 (p1 , p2), é a diferença entre a demanda bruta, x1 (p1 , p2 ), e a dotação do bem 1, quando essa diferença for positiva; isto é, quando o consumidor quiser mais desse bem do que possui:





208 - Tudo o que dissemos sobre as propriedades do comportamento da demanda aplica-se diretamente ao comportamento da oferta do consumidor – porque a oferta é apenas uma demanda negativa.


209 - Se a demanda bruta está maior que a sua líquida, isso tende a gerar uma oferta líquida na mesma magnitude.



210 - Tudo constante, preço de um bem da sua cesta cai e você fica com dinheiro de sobra: Chamaremos isso de efeito renda comum.


211 - ...O que seria o "efeito renda-dotação"?:..O segundo efeito, porém, é novo. Quando o preço de um bem varia, isso altera o valor da dotação do consumidor e, portanto, sua renda monetária. Por exemplo, se você for ofertante líquido de um bem, a queda no preço desse bem reduzirá sua renda monetária de forma direta, uma vez que você não poderá vender sua dotação pela mesma quantidade de dinheiro.


212 - ...Isso gera uma nova fórmula de Slutsky: Variação total da demanda = variação devida ao efeito substituição + variação da demanda devida ao efeito renda comum + variação da demanda devida ao efeito renda-dotação.


213 - ...Algebricamente (seja isso útil ou não pra mim, nem sei), fica assim:



214 - Preço de um bem de sua cesta aumenta e você é ofertante líquido? ...Se for ofertante líquida de um bem normal, então o sinal do efeito total será ambíguo: ele dependerá da magnitude do efeito renda combinado (positivo) em comparação à magnitude do efeito substituição (negativo).


215 - "Como anteriormente, todas essas variações podem ser representadas de maneira gráfica, embora o gráfico seja bastante complicado. Observe a Figura 9.7, que descreve a decomposição de Slutsky da variação de um preço. A variação total na demanda do bem 1 é indicada pelo movimento de A a C. Esse movimento é a soma dos três movimentos distintos: o efeito substituição, que consiste no movimento de A a B, e dois efeitos renda. O efeito renda comum, que corresponde ao movimento de B a D, é a variação da demanda com a renda monetária fixa – ou seja, o mesmo efeito renda que examinamos no Capítulo 8. Mas, como o valor da dotação altera quando os preços variam, temos agora outro efeito renda: a variação da renda monetária devida à variação do valor da dotação. Essa variação da renda monetária traz a reta orçamentária de volta para dentro, fazendo-a passar pela cesta-dotação. A variação da demanda de D até C mede esse efeito renda-dotação."



216 - O cara vende maçã do quintal e o preço de mercado da maçã aumenta. Ele vai consumir mais maçã? A resposta parece "não", mas pode ser que sim! devido ao efeito renda/riqueza normal. Tudo depende. Em mais detalhes: O efeito substituição funciona na direção certa – o aumento do preço reduz a demanda de maçãs. ...se as maçãs forem bens normais para esse consumidor, o efeito renda opera na direção errada. Como o consumidor é ofertante líquido de maçãs, o aumento do preço dessas frutas aumentará tanto a sua renda monetária que desejará consumir mais maçãs por causa do efeito renda. Se o último efeito for suficientemente forte para sobrepujar o efeito substituição (que manda comer menos maçã), poderemos com facilidade obter o resultado “perverso”.


217 - Exemplo de cálculo:



218 - ...preço. Assim, o efeito renda-dotação, a variação na demanda em consequência da alteração no valor da dotação, é –2.


219 - Pressupostos da nova equação que quer trazer: M = renda monetária que não vem do trabalho (tipo rendimentos de capital); L = quantidade de trabalho ofertado; w = salário e pC = preço do consumo. pC = M + wL ou pC – wL = M.


220 - ...Inclui mais incógnitas sem eu entender o que quer com elas. R (relaxar... recreação, sei lá) para lazer. E um traço em cima de C para "dotação de consumo":



221 - ...Ela diz que o valor da soma do consumo com o lazer do consumidor tem de ser igual ao valor de suas dotações de consumo e de tempo, sabendo-se que o valor de sua dotação de tempo depende de sua taxa de salário, isso porque a taxa de salário não constitui apenas o preço do trabalho, mas também o preço do lazer. (...) Os economistas dizem às vezes que a taxa de salário é o custo de oportunidade do lazer. (Então todas essas complicações e fórmulas é pra essa conclusão óbvia a quem já pensou cinco minutos sobre o assunto? Por isso que me irrito com esse livro. Guarda a matemática para reflexões de verdade)


222  - É engraçado ver essas fórmulas sobre dotação. No Brasil, muita gente tem nenhuma. O "lado direito" da equação é só venda de tempo mesmo. "O lado direito dessa restrição orçamentária é às vezes chamado renda plena ou renda implícita do consumidor. Ela mede o valor do que o consumidor possui – sua dotação de bens de consumo, caso tenha alguma, e a própria dotação de tempo. Isso deve ser distinguido da renda medida do consumidor, que é apenas a renda que o consumidor recebe ao vender parte de seu tempo."


223 - A escolha ótima ocorre onde a taxa marginal de substituição – a troca entre consumo e lazer – é igual a ω/p, o salário real, conforme ilustra a Figura 9.8:



224 - "O lazer é, provavelmente, um bem normal para a maioria das pessoas; quando a renda monetária sobe, as pessoas escolhem consumir mais lazer".


225 - Salários aumentam, o que ocorre? Lazer custa mais. Custo de oportunidade de não trabalhar sobe. Então a oferta de trabalho aumenta? Não necessariamente, porque o efeito renda/riqueza vai agir. A pessoa está ganhando mais por hora que já trabalha também. Também é possível explicar tudo isso, que é muito simples, de maneira complicada e chata: "A alteração na demanda em consequência de uma variação na renda monetária constitui um efeito renda adicional – o efeito renda-dotação. Isso ocorre em adição ao efeito renda comum.":



226 - ...Nessa expressão, o efeito substituição é certamente negativo, como sempre, e ΔR/Δm é positivo, dado que estamos supondo que o lazer é um bem normal. Mas (R – R) também é positivo, de modo que o sinal de toda a expressão é ambíguo.


227 - Coloca que, na prática, a decisão das pessoas vai depender muito do contexto. O quanto estão trabalhando. "Quando Rtraço-em-cima = R, o consumidor só consome lazer, de modo que um aumento salarial resultará num puro efeito substituição e, por conseguinte, num aumento da oferta de trabalho. Mas, à medida que a oferta de trabalho aumenta, cada acréscimo no salário fornecerá ao consumidor renda adicional por todas as horas que ele estiver trabalhando, de modo que, a partir de certo ponto, ele poderá decidir usar essa renda adicional para “comprar” mais lazer – isto é, reduzir a oferta de trabalho." Conclusão, também meio intuitiva: "Quando a taxa de salário é pequena, o efeito substituição é maior do que o efeito renda e um aumento no salário diminuirá a demanda de lazer, o que, por conseguinte, aumentará a oferta de trabalho. Contudo, para taxas de salário maiores, o efeito renda poderá ultrapassar o efeito substituição e o aumento de salário reduzirá a oferta de trabalho". No gráfico, com alguma boa vontade, dá pra visualizar tudo isso (ignore a dotação se quiser):



228 - Sobre "horas extras", não é à toa que a prática ganhou tanta força:



229 - ...A reta vem numa direção e "vira" pra buscar curva de indiferença mais alta. Sempre dá pra buscar, nesse sentido, algum nível de mais trabalho. Nas palavras de Varian: A razão é que a resposta a um salário de horas extras é, basicamente, um puro efeito substituição – a mudança na escolha ótima resulta do giro da reta orçamentária em volta do ponto escolhido. Aumento geral por todas as horas trabalhadas gera o "riqueza" junto ao "substituição".


EXERCÍCIOS E APÊNDICE


230 - Nada muito interessante aqui que já não decorra de tudo explicado acima. O apêndice é matemático. Não vi sentido prático pra mim. Segue o mantra.


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