Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXII

          

Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXII


Pgs. 647-684:


459 - O capítulo 27 é sobre demanda agregada e oferta agregada. Inicia com Krugman afirmando que o maior problema de um BC pode ser resolver uma "estagflação". As recessões dos anos 70 não foram tão simples quanto a de 2001 (expansão monetária simples resolveu). Havia desemprego e recessão, mas também pressão inflacionária (o Brasil de hoje tem um dilema parecido). As recessões 73-75 e 79-82 eram isso. E em 2008 houve pressão parecida no início da recuperação. Enfim, são os chamados "choque de oferta". O autor alerta que a Crise de 29 e a recessão de 2001 foram "choques de demanda". 


460 - Alta do nível de preços exige que as pessoas, para manter o padrão de consumo, ou vendam propriedades e títulos (o que implica diminuição dos fundos de empréstimos de uma economia) e/ou passem a demandar mais dinheiro. Seja qual for a escolha, há pressão para elevação da taxa de juros. Inflação "pede" juros altos, digamos assim. No mínimo os nominais. Consumo e investimentos serão, assim, pressionados para baixo. Será esperada uma diminuição de ambos. 


461 - O equilíbrio/modelo de renda-despesa está "embutido" no modelo de demanda agregada-oferta agregada. É o "modelo AD-AS".


462 - O efeito riqueza pode acontecer tanto por uma queda no nível real de preços quanto por uma valorização patrimonial entendida como real. Deslocará para a direita a demanda agregada, assim como mudanças nas expectativas (Confiança) ou políticas fiscal e monetária expansionistas. 


463 - ...Por último, existência de capital físico excedente, ao se perceber isso, gerará retração na demanda agregada também. Ou seja, estoque de capital físico. Se for o contrário, as compras começam imediatamente e há expansão da D.A. (AD).


464 - As compras do governo federal aumentaram 400% durante a II Guerra, por exemplo. Fiscal expansionista. Arrancou o país da depressão. Transferências e menos impostos também podem fazer isso, mexendo na demanda agregada ao alterar a renda disponível



465 - Krugman coloca que a rigidez dos salários, exceto no longo prazo, ocorre tanto nos "boom" quanto nas crises. E que, salvo se há grande risco de perder o trabalhador na competição entre empresas, tentam não aumentar o salário mesmo quando poderiam, para evitar que isso vire rotina e algo estimulado e para criar "gordura" destinadas às vacas magras (os mais prudentes podem fazer isso). Já nas crises, reduzir o salário como a contração da demanda agregada exige (pois o lucro por unidade declina ou até some ou vira negativo), pode significar revolta e queda da produtividade entre os trabalhadores, ainda mais se isso representar perda real de poder de compra. Assim, além da questão contratual, torna-se mais um motivo de "rigidez". Por fim, ressalta, porém, que alguns salários são flexíveis. Esses são os primeiros a ser comidos. Na média, haverá alguma rigidez. O salário médio nominal inevitavelmente cai em crises, acompanhando o nível geral de preços (possível deflação) ou não. Caiu bastante (nominal) na crise de 29, por exemplo.


466 - Quando a demanda sobe para empresas com algum poder de mercado, elas podem aumentar a quantidade e o preço ao mesmo tempo. No mercado perfeitamente competitivo, o preço não flutua conforme a demanda, mas a quantidade. Flutua com mudanças na produção/custos.


467 - Algo menos falado, afirma, é que alguns preços são também mais ou menos rígidos. Depende da elasticidade-preço do bem. 


468 - Deslocamentos da curva de oferta? As principais fontes são: a) preço dos insumos/commodities (São os choques de oferta, pois o nível geral de preços mede apenas bens finais, ao consumidor, logo estes preços de matérias-primas acabam não entrando diretamente no índice); b) mudanças nos salários nominais (coloca que em 73 havia até "adicional de custo de vida" nos contratos, para proteger trabalhadores de altas repentinas, como ocorreu com os combustíveis, então, naquela época, eram dois fatores ao mesmo tempo deslocando a curva de oferta agregada para a esquerda); c) mudanças na produtividade do trabalhador. 


469 - Coloca que o produto potencial é o crescimento em perspectiva de longo prazo. As flutuações do produto agregado em torno deste tendem sempre a serem corrigidos/atraídos. Empregos ficam abundantes e trabalhadores exigem novo nível salarial. Ou, ao contrário, há desemprego e os patrões conseguem diminuir o poder de compra real. Salários caem e a produção aumenta (tudo o mais mantido constante).


470 - Na crise de 1929, a produção maior a nível de preços mais baixo em 1942 (em comparação a 1929) reflete o deslocamento para a direita da curva de oferta agregada. O novo nível de equilíbrio foi a um preço mais baixo graças ao avanço da produtividade do trabalhador nesses treze anos. 



471 - Choques de demanda são grandes deslocamentos na demanda agregada. Na crise de 29 e na de 2008, houve um choque de demanda negativo. Riqueza e confiança colapsaram. O fim, em 1942, foi devido a choque de demanda positivo. 




472 - Coloca que os EUA passaram por um choque de oferta positivo entre 1995 e 2000, graças aos ganhos de produtividade trazidos pelas inovações em TI.


473 - Percebe-se que choques de oferta fazem com que nível de preços e produto agregado (PIB Real) se movam em direções opostas. Nos choques de demanda é o contrário. Ambos os indicadores andam no mesmo sentido.



474 - No curto prazo, há desequilíbrios provisórios, mas, no longo, passados os problemas de rigidez, surge um novo equilíbrio, possivelmente diferente do anterior. Pode ser com nível de preços mais baixo, inclusive de salários, e quantidade igual a antes da queda, por exemplo. O "PIB potencial" (LRAS) puxa a "quantidade"(oferta agregada no curto prazo) sempre pra, no mínimo, a mesma coisa de antes (salvo destruição dos componentes do PIB potencial). No curto prazo, há equilíbrios fora do PIB potencial, que é quando temos um "hiato da produção". O nível de preços pode ser menor com quantidade menor também, como logo após à Grande Depressão - E² no gráfico abaixo. Desemprego subirá. Salário nominal médio cairá, produção voltará a aumentar e "iremos" a E³.



475 - O aumento na demanda agregada que não desloca o PIB potencial (artificial, portanto) irá gerar desemprego artificialmente baixo e um "hiato inflacionário". Salários nominais aumentam, oferta de curto prazo recua pra maximizar o lucro (ou minimizar a perda deste). Emprego fica mais escasso e cai. Salários e produção voltam ao "normal" (um novo normal, a nível de preço mais elevado). 



476 - Krugman coloca que parte da crise de 08 pode ter vindo, também, de um choque de oferta negativo pela alta do petróleo em 2007. No mínimo agravou. Recessões por choque de oferta, afirma, são mais complexas de combater. Cita as "Opep I" e "Opep II" como grande exemplo. Exigem uma política macroeconômica mais delicada, sem escapatória fácil. Sintonia mais fina. 


477 - Ainda sobre o longo prazo, Krugman lembrar que essa autocorreção pode demorar anos ou mesmo década. Assim sendo, sugere políticas keynesianas (do contrário, no longo prazo estaremos todos mortos :). Coloca que a crise de 91 levou cinco anos para que se fechasse o hiato e a de 2001 só quatro anos. Tudo bem melhor que a crise de 1929, por exemplo, e seus treze anos de hiato praticamente. (Na crise de 2008 parece que foi mais rápido ainda, segundo vi aqui). Coloca que aparentemente os banqueiros centrais têm conseguido suavizar os ciclos com suas políticas de estabilização (interferências e intervenções). A não ser que seja sorte, cogita, pois nunca se sabe. Não existe informação perfeita em economia. 


478 - Por fim, coloca que em 2008 alguns no FED queriam que a taxa de juros se mantivesse, já que temiam alta do nível de preços com a baixa dela. Foram voto vencido ao que entendi. O deslocamento da curva de demanda para direita acabou não provocando inflação no longo prazo. 


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