Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXI

          

Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXI


Pgs. 630-652:


442 - O capítulo 26 é sobre renda e despesa. Lembra que a depender do efeito multiplicador de um investimento, um acréscimo de $ 100 bi pode levar a um aumento de $ 250 bi (supôs propensão marginal a consumir de 0,6. Um é o reverso do outro). Aumentos inesperados no consumo (por algum efeito-renda advindo de valorizações acionárias, por exemplo) podem levar ao mesmo efeito multiplicador. Tudo isso funciona ao contrário nas crises/recessões/depressões. 


443 - Renda disponível corrente é a que sobra após os impostos. A correlação positiva desta com os gastos médios é enorme obviamente, principalmente "mais embaixo" (alta MPC - propensão marginal a consumir). 


444 - O gasto familiar médio é simplesmente então MPC  + renda disponível corrente (y)? Não, pois a família pode tomar empréstimos ou utilizar alguma poupança prévia ou patrimônio. Senão seria apenas isso mesmo. 


445 - MPC muda a inclinação da curva. Se a estabilizarmos MPC média dos EUA e renda disponível média, temos o seguinte gráfico:



446 - Os dois fatores que podem deslocar essa "função consumo agregada" (não percebi se tem diferença pra chamada "curva de demanda agregada") são mudanças na renda disponível esperada (digamos que a pessoa ache impostos vão aumentar ou diminuir E/OU que vai perder o emprego ou ganhar um melhor) ou mudanças na riqueza agregada (digamos que a pessoa tenha uma valorização inesperada de 100% ano nas ações). 


447 - Friedman percebeu que as pessoas gastam hoje mais baseadas no que esperam da sua renda futura recorrente do que na atual. (Claro que deve ter exceções e tal). Enfim, renda esperada seria mais forte que renda corrente para determinar o consumo presente. 


448 - O fator "mudanças na riqueza" é mais fácil de explicar. Se duas pessoas ganham dez mil e uma delas tem estabilidade e/ou aplicações de um milhão e a outra nada disso (ou até tem dívidas, o que é bem comum)... Os gastos de ambas serão bem diferentes. Dependerá também de em que estágio do "ciclo da vida" está a pessoa. 


449 - Foi a desconsideração desses dois fatores o que fez com que os primeiros utilizadores da econometria errassem as previsões de crescimento do consumo no pós-guerra. Houve grande otimismo e riqueza real crescente. (Creio que a redistribuição de renda gerada pela II Guerra deve ter tido grande papel também, alterando o MPC e sabe Deus que mais, mas Krugman ou discorda ou não menciona).


450 - MPC seria sempre 1 se fosse impossível poupar e emprestar. 


451 - Gastos de investimento se contraíram entre 10 e 27% nas crises e recessões dos EUA desde 1973. A queda no consumo, muito menor, costuma vir logo depois (quando vem). 


452 - Investimentos são projetos que dependem da taxa de juros, a qual, se muito alta, eliminará os de taxa de retorno esperada menores que ela. Haverá menores gastos de investimento planejado. 


453 - Investimento também depende da capacidade ociosa. Se a empresa pode aumentar suas vendas, numa recuperação, sem investir em novo capital, a taxa vai demorar a responder a uma arrancada. Se esperam que o PIB vá crescer de forma rápida, consistente e forte, aí investem. Se acham que o crescimento de estoque pode ser um sinal de período de economia desaquecida ou até recessiva, diminuem ou cortam investimentos planejados. 


454 - Investimento responde ainda os estoques. Se reduz estoque, a empresa faz investimento negativo. É tipo um administrador que vai repondo a prateleira do supermercado. Se teme depreciação (produto estragar) por falta de consumo, não vai "investir em estoque". Pelo contrário, pode até deixar reduzir os mesmos ("investimento" negativo). Krugman chama de "investimento em estoque não planejados" as vendas baixas inesperadas. O "excesso" (do ano, sei lá) vira investimento em vendas futuras, digamos. Por tudo exposto, uma alta não prevista no consumo irá reduzir o investimento não-planejado, por exemplo. Estoques cairão. Para reequilibrar, querendo, só depois. 


455 - Krugman diz que não há dúvidas de que o "boom" imobiliário pré-crise do subprime teve a ver principalmente com baixas taxas de juros. Após a explosão da bolha, o número de novas construções residenciais por ano continuava bem abaixo (metade) mesmo dos anos 90, estabilizada em 1/3 do que foi no auge da coisa (2006). Os dados são de 2011. Por sinal, as taxas de juros continuavam caindo, mas esse mercado, ao menos até 2011, não se recuperou, mostra. 


456 - Krugman traz o conceito de "gasto agregado planejado", que seria o consumo das famílias (não trabalham com estoques) mais o investimento planejado das empresas. Coloca que a questão dos "investimentos não planejados" (= mais estoques, se positivo, o que tenderá, por sinal, a desacelerar ou baixar o PIB real), fará com que, no curto prazo, PIB real (produto agregado) e gasto agregado não coincidam. Coloca, porém, que, no longo prazo, haverá um "equilíbrio renda-despesa" (é a tendência) que faz com que essas variações se tornem irrelevantes (na real). Com o tempo, empresas percebem erros na superestimação ou subestimação das vendas e tendem a suavizar ou eliminar as variações drásticas nos estoques. Gasto agregado tende sempre a acompanhar o produto agregado, portanto. Enfim, isso tudo, esse ponto em que as coisas ficam "equilibrada" (renda e despesa, produto e gasto agregado) é a famosa "cruz keynesiana" que Paul Samuelson desenvolveu. 


457 - Aumentos no produto serão maiores, devido ao efeito multiplicador, que o aumento no gasto agregado. Estoques diminuem e a produção é aumentada e o efeito multiplicador vai agindo, via consumo, de modo a equilibrar as coisas novamente. Toda a coisa é mais complexa na prática pois há impostos, transferências e economia aberta. 


458 - Krugman menciona como o salto no consumo no último trimestre da crise de 2001 surpreendeu as empresas que, vendo a baixa nos estoques, voltaram a investir e produzir, iniciando a recuperação do PIB real. (Os gráficos apoiaram a interpretação).  


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