Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XI

    

Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XI


Pgs. 338-386:


209 - Propriedade pública em vez de monopólio natural? Falha de mercado é substituída pela possibilidade de falha de governo (estatais podem descuidar dos custos e estagnarem tecnologicamente, além de seus contratos e prioridades correrem o risco de focar em medidas ineficientes economicamente e eficientes eleitoralmente). A vantagem certa é que maximizar a eficiência, buscando tão somente a redução de custo marginal, irá resultar em grandes excedentes do consumidor, já que a empresa não quer maximizar o lucro.


210 - Preço regulado corre alguns dos riscos das estatais também. Estagnação dos custos etc. Ademais, é muito difícil fixar preço de equilíbrio, o qual não irá gerar escassez nem carestia. A informação fornecida pelos produtores privados pode ser viciada. Tendem a exagerar custos e fornecer qualidade ruim para maximizar os lucros.


211 - Enfim, alguns defendem nada fazer com os monopólios naturais. A cura seria pior que a doença.


212 - Quanto à discriminação de preços, só não pode ocorrer maneira alguma na competição perfeita. Nas demais estruturas, se tiver como, pode ocorrer. Surgem das diferentes elasticidades-preço dos diferentes grupos demandantes.


213 - Companhia aérea maximizando o lucro? Um exemplo: cobrar mais caro por passagens sem pernoite no sábado (no fundo querem é se aproveitar das viagens dos homens de negócio sem infringir a lei que proíbe diferenciar, o que mesmo se liberado seria "fraudável" facilmente). Obs.: na figura abaixo ele quis dizer três preços em (b), (só pode):



214 - Uma curiosidade da discriminação de preços perfeita é que ela eliminaria toda ineficiência social ao mesmo tempo em que aumenta o excedente/lucro do monopolista. Quase sempre não será bom que seja combatida, portanto.


215 - Táticas para chegar perto disso: a) programas de compras antecipadas (1ª lote, blablabla) pra pegar os consumidores que gostam de pesquisar preços e pagar pouco; b) descontos segundo o volume (premia os que querem descontos pela magnitude); c) tarifas em duas partes (Anuidades que dão descontos no resto, é tipo um desconto por volume também, já que a pessoa vai ter que compensar o investimento inicial/fixo). Oligopólios e monopólios crescentes numa economia farão com que essas discriminações sejam cada vez mais frequentes. Querem atrair os demandantes com alta sensibilidade ao preço (bem elásticos) às custas de sugar o excedente do consumidor daqueles que se importam pouco em pagar mais. Descontos para grupos que são tão sensíveis a preço do bem/serviço que tendem a não comprar pelo "preço único" (tipo desconto para idoso em restaurantes).    


216 - Termina o capítulo e o livro faz o resumo como sempre. Relembrar que monopólio vende um produto "único". Insubstituível. Sem diferenciação. Bem diferenciado seria o inverso. Quem vende este é o oligopólio (que vende de tudo) ou o competidor monopolista (só diferenciado/substituível). (Acho os termos muito ruins). Ambas são mercados de "competição imperfeita". Monopólio não se encaixa pois praticamente não há competição.


217 - O capítulo 14 é sobre oligopólio. Combina alguma competição e algum poder de mercado. Krugman coloca que é talvez a estrutura mais importante na prática. Pelo menos desde que o capitalismo avançou. 



218 - Lembra que se uma cidade tem só duas mercearias isso também pode ser considerado um oligopólio - e não só pela possibilidade de conluio explícito lesando o "social". Possuem certo poder de mercado.


219 - Retornos crescentes à escala é um dos principais impulsionadores de oligopólios. Criaram até uma medida para diferenciar as quatro estruturas de mercado, o HHI. Soma do quadrado das parcelas de mercado de todas as empresas dele. Quando há poucas empresas com participação grande a soma total será necessariamente maior que em um mercado competitivo. O Departamento de Justiça dos EUA e a Federal Trade Commission usam o índice. Acima de 1800 já significa oligopólio. Uma complicação é quem incluir ou não no mercado. Queriam proibir uma fusão entre as maiores produtoras de "orgânicos", eis que essas alegaram judicialmente que supermercados também estão vendendo diretamente e não apareceram no índice. Logo, haveria competição mesmo após a fusão. 


220 - Curiosidades: sistemas operacionais possuem HHI de 9.182. Microsoft e Linux dominam. Aviões de grande porte? 5.098. Boeing e Airbus (européia). Mineração de diamantes é 2.338. DeBeers, Airosa e Rio Tinto. Automobilística? 1.432. Distribuidora de filmes? 1.096. O livro de 2015 tem a tabela (dados de 2006). Mercearias do varejo é 321, logo a Wal-mart tem força na competição mesmo, não na formação de preço. Salvo defeito no índice. 


221 - O mercado de petróleo é oligopolizado pelo controle de recurso essencial (às vezes com barreiras legais). Porém, um mercado como o de aviões de grande porte o é em razão dos retornos crescentes à escala mesmo. Custo de investimento inicial fixo é altíssimo. 


222 - A parte sobre teoria dos jogos, duopólios e tentações de "superlucro" para além de um cartel explícito ou implícito eu já fichei quase tudo em Mankiw. Não vou repetir muito. No pior cenário de "não-cooperação", duopolistas/monopolistas vão produzir até baixar o preço ao nível do custo marginal, que pode ser baixíssimo. Não haverá lucro econômico. O conluio resolve isso, mas torna atrativa a traição. É a repetição do dilema do prisioneiro. Só que no mercado. 


223 - Lembrar que a estratégia dominante no dilema dos prisioneiros é confessar. Sendo 100% incerto o que o outro fará, a soma do par de possibilidades menos prejudicial em anos é o do "confessar", salvo se pesassem fatores "extra-sentença" (dilemas morais ou outro tipo de dilema pragmático, tipo ser morta pela outra na cadeia). Quanto mais comunicação, maior seria a possibilidade de evitar esse "equilíbrio de Nash". Esse equilíbrio é, portanto, segundo Krugman, não-cooperativo. 


224 - Colusão "tácita" é quando não há acordo, mas, pela lógica de longo prazo e estratégia (propícia a ele) do "toma lá dá cá", as partes conseguem chegar a uma cooperação não acordada explicitamente. Isso fica muito difícil de funcionar se o recurso está com os dias contados. Ex: hipotética última reserva de petróleo do mundo. Ou então uma expectativa fundada de entrada de novos competidores muito em breve. Ademais, se for de difícil identificação o aumento da produção, o acordo tenderá a não vingar também. 


225 - Quem não é da OPEP (México e Noruega) agem como se fossem. 80% da produção mundial é da OPEP.


226 - História dos EUA: as primeiras leis antitruste foram já em 1890, mas não aplicavam. Rockefeller e outros setores faziam a festa. Krugman coloca que as leis estão cada vez mais "espertas", incentivando delações de "outras empresas" do cartel. Assim, consegue-se penas menores e ficha limpa enquanto as outras sofrem muito mais. 


227 - Numa indústria menos oligopolizada, as menores têm grande incentivo a trair (muitos "lucros extras" embolsados desproporcionalmente enquanto a "retaliação" das grandonas é menos lucrativa para elas). 


228 - Quando os produtos vendidos e preços são complexos, é muito difícil monitorar quem está seguindo alguma colusão. Não é todo mercado em que esta é possível, portanto. 


229 - ...Ademais, se os custos marginais dos envolvidos forem diferentes, podem entrar em desacordo quanto à quantidade que maximiza o lucro. 


230 - Uma das grandes vantagens do Wal-mart é usar o tamanho para conseguir preços mais baixos dos fornecedores. O peso da sua quantidade comprada. 


231 - Nos conluios tácitos pode haver uma "liderança de preço". Geralmente a maior das envolvidas lança o preço do produto e o resto segue. A GM fazia isso com os carros, diz Krugman. Ford e Chrysler seguiam. A "competição" se dava então nos fatores "extra-preço". Marketing para alegar superioridade de determinados aspectos da oferta. 


232 - Krugman coloca que na prática as oligopolistas são mais parecidas com as empresas da competição perfeita que com os monopólios. Vendem próximo ao custo marginal. Assim, por exemplo, controles de preço podem gerar escassez mesmo em mercados oligopolizados. A indústria de petróleo estadunidense sofreu com isso nos anos 70.


233 - Quando um conluio tácito cai, há uma guerra aos preços. Todos começam a querer se antecipar à chegada ao preço de equilíbrio competitivo. Ninguém confia mais em ninguém. 


234 - O capítulo 15 é sobre competição monopolística e diferenciação de produto. Nela há misto de poder de mercado e competição, até pelo motivo de que, no longo prazo, há livre/fácil entrada e saída de grande número de ofertantes (o que diferencia bastante de um oligopólio). Começa exemplificado com o mercado de fast foods (hamburgueres). Alegam serem "diferentes" ou feitos de "jeito diferente". De fato, é o mesmo produto, mas não é. É competição, mas também é poder de mercado (bem limitado). Se a diferença, mesmo que exclusivamente na cabeça do consumidor, vingar, teremos um produto "diferenciado". 


235 - São comuns os produtos "substitutos imperfeitos". O tal "tem poder de mercado, mas não abuse, tem limite". "Aproveitam"-se dos gostos diferentes de cada consumidor, mas com o cuidado de não exagerar. É a diferenciação por tipo/estilo, baseada em gosto. Muito comum nas roupas e nos alimentos. Há também a diferenciação por localização. O tal "ponto bem localizado", mais facilmente acessível. Postos de gasolina têm bem isso. Por fim, há a diferenciação por qualidade, como os produtos "gourmet". Chocolate tem muito isso. Há competição porque é um mercado limitado e se entra um novo vendedor viável os demais venderão menos. 


236 - Variedade de opções aumenta a possibilidade de o consumidor maximizar seu excedente/satisfação. GM superou a Ford em 1930 assim. Oferecendo modelos e cores diferentes. A Ford só queria saber do seu "Ford T" preto. 


237 - Diferenciação de produtos, portanto, em qualquer um dos três tipos, é para competição monopolística e oligopólios que não conseguem alcançar um conluio tácito. Coloca que aço e escada são exemplos de produtos cujas diferenciações que não se dão em virtude da competição, mas pelas "diferentes necessidades". São vários tipos naturais de cada. Já refrigerante seria só para distinguir do produto da outra empresa "competidora monopolística" mesmo. (Enfim, achei extremamente confusa e relativa essa diferenciação de Krugman - ou da teoria econômico como um todo, sei lá, Mankiw não falou muito disso - rs)


238 - Gráfico de curto prazo da coisa. Ela consegue subir o preço verticalmente da quantidade "x" que maximiza o lucro até o preço da curva de demanda (acima do ponto da receita marginal da quantidade "x"), mas se o custo total médio for alto demais (como no exemplo "b") terá prejuízo mesmo exercendo seu poder de mercado:



239 - ...No longo prazo, como lucros econômicos atraem novos entrantes, o exemplo "a" acima não pode ser considerado um equilíbrio (só de curto prazo), já que, na competição monopolística, não há barreiras a essa entrada. 


240 - ...Os produtores se tornam, então, nesse equilíbrio de longo prazo, monopolistas sem lucros econômicos do monopólio. Monopolistas no sentido de poderem "subir 90º o preço", digamos, do ponto da receita marginal que representa a quantidade que maximiza a lucro (onde o custo marginal corta a receito marginal) até chegar à curva de demanda. É como se uma fosse a outra. Teriam superlucro se todas as demais não entrassem e fizessem justamente isso até que o preço acabe tocando de forma tangente a curva de custo total médio no longo prazo. Abaixo está desenhado:



241 - Nota-se que, nesse tipo de mercado, o ponto ótimo (de equilíbrio de longo prazo) está longe do mínimo CTM. Ou seja, poderia produzir de forma mais eficiente até, mas isso não iria maximizar o lucro, já que as curvas de demanda são muito "baixas" para cada empresa desse tipo de mercado. Ademais, o preço é superior ao custo marginal de produção (a outra diferença para com o mercado perfeitamente competitivo). Toda essa ineficiência é o "preço do conforto", segundo Krugman, para quem talvez, no fim das contas, tudo isso valha a pena. Mais variedade para quem tem poder aquisitivo para tanto. O "PIB" seria maior sem competição monopolística talvez. Teríamos mais transações mutuamente benéficas já que empresas grandes poderiam minimizar o CTM e vender a custo marginal. Porém, tudo seria muito menos variado. Produtos menos diferenciados. É o chamado "excesso de capacidade". Até se as pequenininhas se unissem e formassem um monopólio provisório poderia ser melhor para o consumidor. Talvez preços mais baixos. O "problema" é alguém aparecer com algo "diferenciado" e acabar com o monopólio.



242 - Como decorrência disso tudo, cada consumidor novo ao preço já estabelecido no mercado de competição monopolística é uma alegria. O preço é maior que o custo marginal e não pode baixar, logo, o aumento inesperado da demanda é comemorado. Já a empresa na competição perfeita tende a vender com o mesmo lucro seja qual for a quantidade (isso no longo prazo, claro), estando, assim, menos empenhado (ou comemorando menos) a aumentar a demanda. A "monopolística" ainda permite curvas de demanda com inclinações diferentes a depender do sucesso da "propaganda" (um rouba do outro nessa competição), não sendo todas perfeitamente horizontais/elásticas. Eles querem vender mais e mais ao preço corrente. 


243 - Observação interessante: indústria de filmes ou farmacêutica podem parecer que não há lucro zero e sim altíssimo no longo prazo. Ledo engano. Os fracassos e custos irrecuperáveis ficam esquecidos. Muita aposta e fracasso. Na média, o lucro econômico tem que tender a zero (e o faz), senão migraria muito capital para tais setores. 


244 - Por fim, faz as mesmas considerações de Mankiw acerca da publicidade como sinalização de segurança. Se gastou nisso é porque a empresa confia que seu produto realmente entrega o que promete e é diferenciado. Transmitiria, assim, informação importante. Talvez, mas como dizer com certeza que estamos melhor com as manipulações dela? A "propaganda" não poderia ser "natural", compartilhada pelo boca-a-boca e reviews de youtube rs (não que estes sejam tão naturais assim rs)? O poder das marcas excede o da informação certamente. Especialistas não cansam de proclamar que os remédios genéricos são iguais, por exemplo, mas muitas pessoas continuarão comprando marca mais cara. 


245 - ...Pois bem, e mais argumento a favor das marcas e publicidades? Marcas seriam, porém, uma forma de controle de qualidade, já que possuem um nome a zelar que é mais valioso até do que o capital físico propriamente dito. Importante ter padrão em cada unidade. Passar confiança. Não ter rato na lata de Coca. Kruigman crê que há um misto de racionalidade e irracionalidade na questão das marcas e publicidade. 


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