Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte X
Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte X
Pgs. 323-337:
189 - O capítulo 13 é sobre outras estruturas de mercado, começando por Monopólios. Começa com a grande revelação, para mim, de que diamantes não são tão raros quanto várias outras pedras preciosas segundo os geólogos. Como os "De Beers" têm ou tinham praticamente o monopólio da coisa, controlando quase toda a oferta, tornam o bem artificialmente mais escasso que o normal a fim de fazer parecer a joia mais rara e cobiçada. Reforçando isso com marketing. Enfim, valorizam artificialmente a parada.
190 - Importante: para ser considerado um monopólio, não basta ser um só produtor. Também é requisito que o produto vendido não seja "diferenciado", ou seja, tem que ser um bem insubstituível na opinião dos consumidores do bem. Coca é meio que substituível (tem Pepsi e tal), então é competição oligopolista. Por isso que foi importante tornar o diamante algo "único". Não basta ser diferente (coca). Tem que ser diferenciado (diamante). E competição monopolística? Vendem diferenciados. Ex: mercado de livros de economia e seus milhares de autores/ofertantes. Se Mankiw e Krugman passarem a ter 90% das vendas isso será um oligopólio? Pela definição acho que sim. Se o mercado de cereais matinais (produtos diferenciados) tivesse bem mais que quatro empresas nos EUA, parece-me que seria "competição monopolista" em vez de oligopólio. Enfim, oligopólio vende produtos que podem ser idênticos ou diferenciados. Tanto faz. Não importa para a definição de oligopólio. Qual o número exato que forma um oligopólio? Parece que é algo meio relativo. Vale o bom senso.
191 - Coloca que, hoje em dia, compras tendentes a formar um monopólio, como Rhodes fez na África do Sul em 1880-90, seriam combatidas pelas leis e tribunais antitruste. Lá, ele conseguiu por uma das maneiras de se formar monopólio: o controle de um recurso ou insumo escasso.
192 - ...Outras maneiras são mais "naturais". Como bens que, por sua própria natureza, só são melhor explorados assim. Possuem retornos crescentes de escala altíssimo. Custos fixos muito altos. As menores, tentando entrar depois, quase nunca têm chance. Essa questão da escala não só cria como preserva o monopólio. Láááá no início houve competição no mercado de fornecimento de gás natural encanado nos EUA, mas depois que uma empresa ganhou em cada cidade... Monopólio. Enfim, são os chamados "monopólios naturais".
193 - Superioridade tecnológica é algo que também origina monopólios, mas que pode cair no longo prazo. É um monopólio mais capenga. Exemplifica com os chips "Intel" que passaram a sofrer a competição dos AMD após reinarem por muito tempo.
194 - Externalidade de rede. Outra origem. Pelo que entendi é tipo "rede social" ou sites que envolvem interação individual crescente, tais como o Mercado Livre. O valor está justamente no fato de "todo mundo" usar - ao contrário dos similares. Setor de tecnologia e de comunicações é muito propício a isso. Windows é o grande exemplo. Largou na frente e atraiu desenvolvedores de programas e suportes técnicos. Há até sistemas operacionais melhores, mas... Enfim, tudo isso parece um pouco com a coisa do monopólio natural, mas não é só. Novos tipos de cartão de crédito também é exemplo. Quanto mais clientes, maior a possibilidade de um comerciante aceitar um cartão. Mesmo um novo tipo de "motor" passa pela mesma coisa. Se muita gente usa, mecânicos, por exemplo, começaram a se especializar em seu conserto e isso aumentará o suporte técnico do bem sem a empresa da nova tecnologia ter que gastar em treinamento ou algo do tipo.
195 - Barreiras criadas pelo governo: patentes e direitos autorais são os maiores exemplos. A quebra de patente em medicamentos para populações pobres é um exemplo de polêmica a respeito. Têm surgido soluções "meio-termo" de acordo com as companhias no sentido de vender em país pobre "x" com desconto significativo (mais mantendo a patente).
196 - Poder de mercado é a capacidade de formar preço. A empresa eleva o preço do bem simplesmente reduzindo sua oferta. Os oligopolistas, unidos, também podem conseguir isso enquanto durar a coesão.
197 - Risco para a "DeBeers"? A oferta extra tem se expandido e o diamante sintético, mais barato, é cada vez mais viável. Ocorre, porém, que a demanda tem crescido bastante também, graças à emergência da Índia e China. Resultado: preço continua subindo. (Já estamos em 2021, agora já não sei mais).
198 - A curva de demanda de um monopólio é a do mercado que ele domina. Geralmente bem diferente da curva plenamente horizontal (elástica) do competidor individual da "perfeita". A consequência da sua curva de demanda ser a própria curva do mercado é que a receita marginal será sempre decrescente. Começa lá do ponto mais alto da curva e vai caindo. Antes de chegar ao final dela já encontrará algum ponto em que sequer é gerada receita marginal da unidade adicional vendida. Ou seja, o preço já terá caído tanto que a multiplicação pelas unidades totais vendidas já gera receita total menor! Se ele pudesse vender por preços diferentes o mesmo produtos (ou seja, sugar excedentes do consumidor), até poderia continuar produzindo unidades adicionais e aumentando a receita até o custo marginal deixar, mas isso muito dificilmente é possível. Arbitragem dificulta e etc. Ninguém quer ser comprador besta. Seria lindo pra ela poder fazer a tal da discriminação de preços.
(Outro detalhe de tudo isso é que o lucro pode ser maximizado antes mesmo dessa queda de receita.)
199 - O ponto ótimo de receita é o que iguala o "efeito preço" e o "efeito quantidade". O resultado das perdas e ganhos de cada é zero na quantidade dez acima. Efeito preço não existe para o produtor individual da competição perfeita. Para os oligopólios, existe menos intenso, mas existe. Pois também possuem algum "poder de mercado".
200 - Implicações de tudo exposto: vale lembrar uma regra sobre monopólios do meu fichamento de Mankiw: "Como o preço da empresa é igual à sua receita média, a curva de demanda é também sua curva de receita média." Será bem acima da receita marginal no mesmo ponto (quantidade produzida).
201 - Voltando à pincelada que já dei acima, o lucro maximizado pode ser e será diferente do que maximiza receita, ou seja, o lucro será maior com receita menor. Se o custo marginal corta a receita marginal em $200 (e maximizar o lucro do produto é descobrir a quantidade que iguala custo e receita marginal), a produção que maximiza o lucro será de oito diamantes, como mostra o gráfico abaixo:
202 - Portanto, o monopólio, ao contrário da galera da "perfeita", possui algum nível de lucro econômico. Produz menos que a quantidade demandada, cobra um preço maior e consegue tal lucro "extra". Para além do contábil. Na "perfeita", só vale lucro econômico no curto prazo, tendente a cair. No monopólio vale até longo prazo.
203 - Não há uma curva de oferta para o monopolista, já que ele mesmo escolhe o preço e a quantidade praticamente. Ele forma o preço.
204 - O gráfico maximizador do lucro com uma curva de custo marginal um pouco mais realista (eis que inclinada, ainda que não um símbolo da Nike, como muitos casos) seria assim (tomei a liberdade de reproduzir a figura de Mankiw que é mais bonita):
205 - Krugman traz um exemplo de como a desregulamentação do setor de energia nos anos 90 de nada adiantou para que a competição baixasse os custos. Os custos fixos iniciais continuavam muito altos, quase proibitivos para novos entrantes. Monopolistas usaram seu poder de mercado inclusive para limitar oferta. Descobriu-se em gravações que monopolistas estavam restringindo até a oferta (gerando apagões intencionais) para maximizar o lucro. O preço subiu! (Ao contrário do que prometeram).
206 - A ineficiência de um monopólio vem de "pegar" excedentes do consumidor maiores do que o excedente do produtor que abocanha. Transações mutuamente benéficas deixam de acontecer. Peso morto do monopólio. Já analisado em detalhe no fichamento em Mankiw. Também lá fiz minha crítica ao conceito (e até Mankiw fornece elementos para a mesma, ao contrário de Krugman, que é mais crítico do "peso morto"). Nos mercados perfeitamente competitivos sequer haverá excedente do produtor. É todo do consumidor.
207 - Em 1911, tribunais atacaram o monopólio de Rockefeller, que se formou em 1870. Refino do petróleo controlado pela Standard Oil teve de ser desmembrado. Foi a origem da Exxon e Mobil de certa forma, que curiosamente acabaram se fundindo recentemente.
208 - No caso dos monopólios naturais, atacá-los pode ser algo extremamente ineficiente para a economia, como visto no fichamento em Mankiw. O custo possivelmente aumentaria para o consumidor.
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