Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte IX

    

Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte IX


Pgs. 275-322:


158 - O capítulo 11 é sobre Curva de oferta: insumos e custos. Produtos marginais geralmente são decrescentes. O aumento de insumos costuma aumentar o produto total, mas nunca necessariamente reverter a tendência decrescente do produto marginal. Ele começa de um nível mais alto com mais insumo fixo (tipo terra maior), mas continuará tendendo a cair a cada aumento do variável. 


159 - As curvas de custo fixo, custo marginal e tudo mais eu já "analisei" bem no fichamento do livro de Mankiw. O custo marginal de cada unidade variável vai aumentando também o custo total. Como o produto marginal tende a ser decrescente (rendimentos decrescentes do capital), o custo marginal tende a ser, ele mesmo, crescente. 


160 - Krugman cita um exemplo utilizando "número ótimo" de programadores. Descobriram que doze programadores trabalhando por doze meses produziam doze vezes mais bons programas que um programador trabalhador nos mesmos doze meses. A "cooperação" tornava piorava o custo-benefício de um projeto. Perde-se tempo com comunicação/reuniões/revisões. Podia até piorar em absoluto o resultado (demora).  Há retornos decrescentes severos nessa atividade. A curva de produto marginal é um voo de galinha no precipício. 


161 - O custo total médio (CTM) é obviamente o custo total dividido pela quantidade. Tende a ir caindo no início, mas a partir do ponto ótimo (CTM mínimo) passa a subir (o gráfico é o símbolo da Nike. Ou seja, tende a ser algum tipo de "u" o gráfico). Logo, é uma curva diferente das outras duas, que tendem sempre a subir. 


162 - ...O custo variável médio está sempre subindo enquanto o custo fixo médio está quase sempre caindo. Quando o variável passa a ser proporcionalmente muito significativo - após um ponto ótimo de redução do CTM -, o CTM passará a aumentar em vez de cair. Nesse ponto ótimo de CTM, o custo fixo médio e o custo variável médio são iguais! Abaixo as várias curvas de custos:



163 - Nesse ponto ótimo de custo mínimo, o custo total médio é igual ao custo marginal. É o único ponto no qual isso ocorrerá. Por isso tudo, fica óbvio que um aumento do custo marginal pode reduzir o CTM, se antes do ponto ótimo (de intersecção), claro, o que pode parece meio contra intuitivo.


164 - Uma curva de custos mais realista (porque acontece em maior número de atividades/exemplos reais) que a acima, porém, possui um custo marginal que inicialmente é decrescente para só depois se tornar crescente.



165 - ...Vê-se que, geralmente, o custo marginal é o primeiro a começar a ser decrescente. Depois, o custo variável médio e depois o CTM. Já o custo total obviamente sempre sobe.


166 - Montar uma tabela de custos envolve começar da quantidade "0", que já começa com algum custo fixo (aluguel/compra do espaço e/ou máquina/ferramenta/equipamento contratação de alguém já feita...).


167 - Cada nível de produto (quantidade) pede um determinado nível de custo fixo que vai minimizar o CTM. Um novo custo fixo pode ser passo atrás pra dar dois na frente. Se a ampliação vai realmente aumentar o número de vendas em um nível que compense isso...:



168 - A decisão sobre longo prazo envolverá uma família de possibilidades de curvas de custo total médio de curto prazo:



169 - ... Essa tal CTM de longo prazo: Percebe-se que a "curva longa" é, na verdade, uma coincidência de infinitos "pontos-ótimos" (CTM mínimos) de curvas curtas de cada quantidade. 


170 - ...Pode existir um retorno constante de escala (isso não está no gráfico acima), que é quando há uma linha no "fundo" da curva longa composta por vários pontos iguais de quantidades (seria uma linha entre 5 e 7 pares de botas, por exemplo, em vez de uma curva como aparece no gráfico). Seria um intervalo em que o retorno de escala é constante. Enfim, pode acontecer também. Call centers podem ser um exemplo de retorno constantes de escala. O custo total médio tende a ser parecido em cada nova ampliação (compra mais um computador e telefone e contrata um operador pra cada nova "unidade quantitativa" do serviço ofertado, digamos assim)


171 - Deseconomias de escala costumam surgir de comunicação e coordenação muito dispendiosa. A empresa/firma está maior que o "ponto ótimo" de CTM. Um exemplo de atividade tendente a isso é uma empresa de decoração de interiores em que os projetos se baseiam na experiência e conhecimento do dono. Cada pequeno crescimento da quantidade de serviço ofertada (projetos) pode exigir gasto grande com qualificação, treinamento, comunicação e etc. O custo total médio pode subir de forma inviável em ampliações de projetos aceitos. 


172 - Economias de escala costumam vir de atividades com grandes investimentos iniciais em capital fixo. São bem arriscadas. Mineradora etc. 


173 - O capítulo 12 é sobre a curva de oferta na competição perfeita. O mercado de trigo o é, mas o de cereal matinal não é. As quatro grandes dos EUA influenciam demais o preço/quantidade. Ademais, quando o produto não é padronizado - commodity, ou seja, os consumidores veem alguma diferença entre produto de cada empresa -, a competição não pode ser perfeita. O produto, no fundo, pode até ser o mesmo, mas se os consumidores veem diferença... não é perfeita. Isso me lembra o caso dos testes de sabor dos refrigerantes "coca". O inverso também. Se são produtos com técnicas diferentes e o consumidor acha que é tudo a mesma coisa... há competição perfeita. 


174 - Livre entrada e saída são a regra na competição perfeita. Exceção é algum tipo de limitação que mantenha um número alto de competidores. Limitação ambiental, por exemplo, no mercado de mexilhões nos EUA. 


175 - Remédios genéricos são produtos padronizados de algo antes "monopolizado" (patentes de 20 anos, por exemplo). Próprias versões de cada empresa. Vira competição perfeita quando cai a patente. (A não ser que o consumidor se recuse a tratar como igual, creio). 


176 - Lucro = igualar receita marginal a custo marginal. O "produto ótimo" da empresa tomadora de preço será, assim, a quantidade em que o custo marginal da última unidade produzida é igual ao preço de mercado. Ela não tem como influenciar o preço de mercado, logo é isso. Senão começa a ter algum prejuízo na margem, o que não faz sentido se o produtor for racional. 


177 - Uma consequência do mercado ser perfeitamente competitivo é que as empresas dele enfrentarão uma curva de demanda perfeitamente elástica. Como o "market share" de ninguém é sequer perto de relevante, ela pode produzir o que for a preço de mercado que vai vender. Não precisa se preocupar com quantidade. (A não ser que um dia cresça ao ponto de ser formadora de preço, o que pode ser difícil de imaginar em mercados com grande liberdade - natural e artificial - de entrada e saída).



178 - Tendo em vista o gráfico acima, o CTM tem que estar "passando" abaixo do ponto E para a empresa ser lucrativa. Senão, de nada adiantará igualar receita marginal (RM) e custo marginal (CM). Dará prejuízo mesmo na quantidade ótima, que maximiza a produção da pessoa dado o nível de tecnologia e/ou eficiência na alocação dela. O "lucro maximizado" é, pela deficiência da empresa, um mero prejuízo minimizado. Enfim, igualar CM e RM não garante lucro. Seria pior ainda sem ele, porém. O gráfico abaixo reflete essas situações (desenhei o "custo marginal" - de forma mal feita, como um símbolo da Nike falsificado - na imagem abaixo e vale lembrar que ele costumar subir antes e que cruza a CTM necessariamente na quantidade ótima):





179 - ...Enfim, comparando seu CTM ao preço de mercado o produtor saberá se dará lucro ou prejuízo. Via de regra, só constatando lucro é que fará sentido passar á parte II que é maximizá-lo pela análise marginal, achando a quantidade ótima de produção. Se tiver o prejuízo temporário como tática, também vale a pena fazer tal análise para minimizar o prejuízo. Não ter prejuízos que em nada acrescentam. CTM mínimo de uma empresa tomadora é, por isso, o preço que iguala receita e custo.


180 - Numa decisão sobre paralisar ou não uma empresa, o custo variável médio mínimo é essencial. Abaixo dele, surge o "preço de fechamento". Não vale a pena sequer aguentar prejuízos temporários estando aberto, tão fraca está a demanda. Já se a demanda cai de modo a se manter acima do custo variável médio mínimo e abaixo do custo total médio mínimo, haverá prejuízo, mas pelo menos pode ser menor se a empresa continuar aberta/atendendo. Trata-se de minimizar as perdas devido aos custos fixos! Cobre ao menos uma parte do custo fixo por unidade. Se a empresa não enxerga esse quadro (que é apenas menos pior) como permanente e/ou não tem alguma ideia/atividade imediatamente mais rentável se calculadas todas as perdas e ganhos, é bem melhor continuar a produção normalmente. Enfim, Krugman lembra que é como se fosse a lição de ignorar os custos irrecuperáveis. Os custos de mudança imediata de atividade (que seria a outra "opção" em alguns casos) podem ser bem severos e devem ser sopesados.



181 - Quando o preço é tão baixo pra atrair cliente que não cobre sequer os custos variáveis, fechar será certamente a melhor escolha. (Salvo alguma estratégia arriscadíssima - com grande chance de fracasso - de marketing, creio. "Por vocês, não fechamos na Covid, agora que tudo voltou ao normal que sejamos recompensados por isso, caro consumidor".)


182 - Emkt:



183 - No longo prazo, porém, esse preço não pode continuar lá em cima, pois representa uma taxa de lucro muito atrativa (percentual sobre o preço de equilíbrio) em relação aos demais setores da economia, o que tenderá a atrair novos ofertantes/produtores, já que os custos continuam praticamente os mesmos de antes no exemplo. Com esse aumento da quantidade demandada que leva a entrar novos ofertantes de olho no "lucro a mais" (lucro econômico, superior ao contábil), o preço tende a voltar a cair ao mesmo tempo em que a nova quantidade aumenta para dar conta da nova quantidade demandada. O novo equilíbrio será ao mesmo preço inicial da porra toda só que com quantidade bem maior, já que é fácil novas empresas entrarem no mercado e os custos não se alteraram. O gráfico abaixo também explica tudo isso de outro jeito. No fundo é a mesma coisa. 



184 - Algumas indústrias/atividades possuem curvas de oferta inelásticas (ou ao menos não perfeitamente elástica) mesmo se tomarmos o horizonte de longo prazo como referência! Ou seja, inclinação em algum nível para cima. É o caso, por exemplo, dos hotéis de praia. Os que chegam primeiro têm vantagem eterna. Bons terrenos em frente ao mar é algo com muito pequena capacidade de expansão. No curto prazo, é mais inelástica ainda. No longo, alguma mudança legislativa ou tecnológica pode até aliviar algo um pouco. Certo é que os últimos entrantes estão em desvantagem em relação aos primeiros, que terão lucro econômico com isso. Enfim, não serão os mesmos custos médios para primeiros e últimos entrantes. 


185 - Há atividades que sofrem forças em sentido inverso. Indústrias com retornos crescentes de escala, por exemplo, verão sua curva de oferta ser pra baixo! O preço (seguindo o CTM) de equilíbrio cai conforme avança a quantidade. É um ciclo virtuoso.  


186 - Seja o que for, a curva de oferta no longo prazo é sempre mais achatada que no curto prazo. Mias tempo para mais gente preparar e viabilizar entradas. 


187 - Por tudo exposto, percebe-se que, em mercados perfeitamente competitivos, os custos marginais serão iguais para todas as empresas, já que são todas tomadoras de preço.


188 - Observação importante: o lucro tratado aqui é sempre o lucro econômico. Ou seja, os custos incluem o custo-oportunidade de imobilização do capital em outra coisa (tipo investir em IMA-B5+ ou em VT). Por isso que o lucro zero não é ruim, pois estamos tratando do econômico. Contábil é positivo no lucro econômico zero.


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