Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte III

   

Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte III


Pgs. 87-121:


41 - O capítulo 4 é sobre excedente. O mercado de livros-usados tem muito a ver com isso. Os degraus de uma curva de preferência de uns cinco consumidores são suavizados por milhares de outros do tipo. Em vez de escada teremos uma legítima curva, digamos, com milhares de preferências. A cada preço, há um excedente do consumidor individual (pessoa que "valoriza" 100, mas compra por 50). A soma desses excedentes é o excedente do consumidor total. Será a área acima da linha (preço) que corta a curva e abaixo dos limites desta. 



42 - ...Uma diminuição do preço do bem não só incluiria o excedente adicional de "Darren" ali, mas o excedente aumentado dos outros três. Se o preço cai para $20, por exemplo, o excedente total aumenta para excedente anterior + $35 (x + 35), não apenas o "x + 5" que seria a mera inclusão do excedente de "Darren". Outro exemplo abaixo:



43 - Krugman dá um exemplo de implantação do conceito. As novas regras para destinatários de doações de rins nos EUA. Levarão em conta a maximização do benefício em tempo extra de vida. Não vai mais simplesmente para quem mais espera. Querem maximizar o "excedente total". Se uma pessoa de 30 anos vive mais cinco anos (após o normal) com um rim e uma de 80 vive só 2 anos extras a mais, esta tenderá a ser preterida na equação. Com as mudanças, espera-se que o tempo de vida extra - excedente total - gerada pelo novo sistema aumente uns 25%.


44 - Também chama o excedente de "direito de comprar um bem ao preço corrente" (mesmo valorizando mais). Coloca que, em sistemas de racionamento geral, como em guerras, esse direito meio que se perde. Os "cupons" fazem com que o bem seja vendido ao preço baixo. Cupons passam a representar, portanto, direito a excedentes do consumidor. O normal, no mercado livre, seria o preço subir diante da escassez. Não quiseram isso na guerra. Até ladrões e falsificadores passaram a visar os cupons. 


45 - Também há excedente de oferta, claro. Vendedor poderia vender por menos, mas vende mais caro. Talvez por ter produtividade acima da média (custo de produção menor) por algum motivo (tecnologia... acesso a capital mais barato...). No caso de mercado de livros-usados, o custo do vendedor é o "custo-oportunidade". Não poderá usar o livro outro dia se precisar. Porém, claro que pode haver grandes excedentes de produtores especialmente em tais casos. Sujeito estaria disposto a vender livro por $5, mas vende por $30 pois é o preço de mercado... Ele não dava valor quase nenhum a seu custo-oportunidade, bem diferente do custo-oportunidade média da venda do bem (dos vendedores e/ou produtores do bem). Numa "curva de oferta" de cinco vendedores, a "escada" obviamente é reversa. Sentido contrário da demanda (afinal, no fundo, são as mesma curvas já estudadas, mas sem suavização causada pelos grandes números). 


46 - ...Enfim, é tudo igual ao explicado na demanda (só que ao contrário). Nem vou anotar sobre "área" e todo resto. 





47 - A elevação de preço das commodities agrícolas implica a do preço da terra. Nas palavras de Krugman, "Uma pessoa que compra uma fazenda em Iowa compra o excedente do produtor que a fazenda gera." (e tem gente que pensa que a terra é um ente quase místico possuindo valor intrínseco, algo que nem existe). Excedente do produtor = "diferença entre o preço e o custo".


48 - Os excedentes são o benefício social total no fim das contas:




49 - Mercado em equilíbrio nem sempre é justo (cada consumidor não tem o mesmo poder de mercado, money, por exemplo. Não é uma democracia), mas tende a ser eficiente:



50 - ...Outras duas ressalvas lembradas é que, de fato, pessoas ou grupos isolados podem se beneficiar de desequilíbrios (naquela questão dos rins, por exemplo, se não houver a política de benefício líquido, indivíduos velhos que esperam há muito tempo serão beneficiados mesmo em face da diminuição global de benefícios líquidos) e que mercados equilibrados podem falhar no seu dever de maximização total, como no equilíbrio em monopólios ou com externalidades. Assimetria das informações e bens por natureza impróprios à gestão privada são outros problemas.


51 - O capítulo 5 é "O mercado bate de volta" e critica como controles de mercado criam escassez desnecessária. Posiciona-se, por exemplo, contra o controle de aluguéis (geraria escassez):



52 - Coloca que tudo isso levará a falta de cuidados com manutenção e conservação de imóveis, por não serem mais rentáveis como investimento, e perda de tempo e recurso social com procura inútil por aluguéis artificialmente escassos, já que demanda e oferta estarão em desequilíbrio. Muito mais gente querendo alugar ao preço tabelado para baixo. Gera "peso morto": negócios mutuamente benéficos que deixam de ser feitos. (Lembro, porém, que como o mercado não é uma democracia, com votos de igual poder e tal, uma ineficiência pode beneficiar uma maior quantidade de pessoas apesar de reduzir, ao menos sem levar em conta possíveis externalidades positivas disso, o benefício líquido total).


53 - ...O excedente do consumidor até tendo a aumentar a depender do controle, eis que o peso morto subtrai pouco dele, mas o do produtor/proprietário se reduz em proporção maior que o benefício total gerado. É bem isso a coisa do peso morto. Há, porém, de fato, ineficiências. Alguém pode querer um "segundo aluguel" na cidade "controlada" só porque é barato enquanto a possível escassez faz com que uma família grande, por exemplo, que trabalha na cidade e poderia pagar um preço um pouco acima não consiga o aluguel. Krugman relata também possíveis problemas de violação do teto (e gastos com controle disso, seja com sublocações ilegais por parte de locatários fake, seja com negócios informais com "ágio" ilegal... E uma consequência disso é que quem quiser seguir as leis competirá pela escassez em desvantagem). Ademais, no longo prazo, começa a haver risco de não serem construídas novas moradias, já que um dos seus usos - o aluguel - deixa de ser rentável.


54 - O resumo é que mexer nos preços terá consequências desagradáveis necessariamente, geralmente relacionadas a uma diminuição da quantidade ou qualidade da oferta ao menos no longo prazo, e que podem não compensar, o que parece acontecer com frequência, eventuais benefícios. Todos os produtores/proprietários são prejudicados (diminui o excedente) e alguns consumidores também são, pois não fazem o negócio que poderiam fazer (escassez do peso morto). Outro número de consumidores é, porém, beneficiado. 


55 - Em seguida, trata dos pisos para preços, que pode gerar excedentes indesejados ou recursos desperdiçados (em casos extremos, governo compra e destrói). Beneficiam alguns produtores/proprietários. A tendência também é de baixar a quantidade de negócios (a não ser que governos entrem comprando ao preço alto, demanda artificial).



56 - ...O triângulo "A-E-'9.0tracejado'" acima é o peso morto.


57 - Krugman também critica que o salário mínimo desperdice recursos de gente que quer trabalhar por menos e acaba tendo é que pegar filas em vez disso e gastar recursos procurando por uma escassez desnecessária. 


58 - Pisos geram qualidade excessiva por ineficiência. Quando lei proibiu companhia aérea de competir por passagem, teve quem oferecesse "sanduíche escandinavo" de brinde. Luxos para se destacar. No fim, o que o consumidor preferia mesmo era passagem mais barata, não essa qualidade excessiva. A desregulamentação do setor veio em 70. A qualidade de tudo - serviço de bordo - caiu e muito mais pessoas passaram imediatamente a poder voar, pois os preços também caíram. 


59 - Outros efeitos colaterais são semelhantes aos já estudados nos controles de forma teto. Incentivos a corrupção, que passa a ter um prêmio se não descoberta. 


60 - Avalia-se que o salário mínimo não muda muita coisa nos EUA porque o piso não é muito alto. Em 1964 ele era 54% do salário médio de um operário na linha de produção. Em 2010, tinha caído para 44% disso, mesmo com aumentos reais diversos. 


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